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segunda-feira, 1 de março de 2010

Faz hoje 209 anos que se travou a guerra das Laranjas entre Portugal e Espanha

A GUERRA DAS LARANJAS
A Guerra das Laranjas tem má fama em Portugal, devido à perda definitiva da Praça de Olivença, com a assinatura do tratado de Badajoz. A Campanha é praticamente desconhecida pela historiografia portuguesa. Sobre ela só se debruçaram alguns autores militares, com aquele espírito de partido que é tão característico da nossa historiografia militar de Oitocentos e princípios de Novecentos. E é uma campanha bem interessante, pelas novidades do ponto de vista da organização do exército, proporcionadas pela longa preparação para a campanha - esperava-se uma invasão franco-espanhola desde 1797 - que tinha permitido introduzir melhorias na orgânica e nas manobras de campanha, e onde são utilizadas pela primeira vez as tropas ligeiras.

O Exército português cumpriu as suas obrigações em 4 das 5 frentes em que se viu envolvido - Trás-os-Montes, Beira, Algarve e Brasil -, mas o incumprimento das ordens do Duque de Lafões levou a que, no Alentejo, o exército sofresse dois pequenos reveses, que empolados, levaram a que o Marechal general fosse demitido. E o que existia no Alentejo quando a Paz foi assinada era um Exército que tinha retirado, como previsto, para a linha do Tejo, protegido pela Divisão da Beira, e mantendo duas fortalezas - Elvas e Campo Maior - que impediam uma ofensiva generalizada do Exército espanhol no Alto Alentejo, em perseguição do Exército português.

Em Trás-os-Montes, em contradição com o espírito das ordens do Duque de Lafões, Gomes Freire de Andrade, tinha invadido a Galiza, sem grande sucesso, diga-se em abono da verdade. Na Beira, o Marquês de Alorna tinha cumprido com as suas obrigações tentando cobrir a fronteira da Beira Baixa, por onde poderia entrar o corpo francês comandado pelo general Leclerc, cunhado do Primeiro Cônsul Napoleão Bonaparte, mantendo as comunicações com o Exército concentrado no Alto Alentejo. Mais a Sul, no Algarve o Capitão-general do Reino, o Monteiro-mór do Reino, Francisco da Cunha Menezes, ganhava o título de Conde ao impedir a invasão da província, defendendo a Praça de Castro Marim dos ataques espanhóis. No Brasil, a zona das missões do Paraguai, que tantos problemas tinha criado entre Portugal e Espanha, ganha em 1750, perdida em 1777, era definitivamente incorporada nos limites brasileiros. Como dirá D. Rodrigo de Sousa Coutinho, em 1803, Portugal foi o País do continente que menos perdeu com as guerras da revolução, tendo mesmo tido um saldo positivo, se visto numa perspectiva global, e que era a da élite governativa portuguesa de princípios do século XIX.

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