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quarta-feira, 10 de março de 2010

Faz no dia 11 de Março 35 anos que se deu a tentativa de um golpe de Estado em Portugal


O 11 de Março
A grande burguesia, apesar da derrota sofrida no 28 de Setembro, não havia desistido de manter o seu poder económico e político. Falhada a tentativa política de uma saída presidencialista, em desespero pelo avanço da revolução, a grande burguesia dá o seu apoio a uma saída militar e prepara um golpe apoiado na alta oficialidade mais reaccionária, apoiante do general Spínola, os quais ainda controlam diversas unidades militares, por todo o país.
Com base numa suposta “matança” que os oficias de esquerda estariam a preparar contra oficiais spinolistas (e que se provou nunca ter existido), os sectores spinolistas organizaram o golpe e iniciam, a 11 de Março de 1975, um ataque aéreo ao RALIS, unidade simbólica da chamada “esquerda militar”.
Mas o golpe fracassaria porque, aos primeiros sinais de estar em curso uma operação militar, logo milhares de populares, estudantes e operários da cintura industrial de Lisboa se dirigiram para junto de todos os quartéis impedindo que as unidades militares pró-golpe saíssem e levando a que os soldados destas unidades se posicionassem contra os seus comandos (caso emblemático foi o caso da unidade dos Comandos da Amadora).
Derrotado o golpe, nesse mesmo dia, Spínola e seus principais comandos roubam helicópteros militares e fogem para Espanha, onde estabeleceram centros de apoio à contra-revolução e organizaram grupos bombistas que vieram a intervir por diversas vezes contra militantes e organizações de esquerda dentro do território português.
As nacionalizações
A derrota do golpe deu novo impulso à revolução, sendo exigida a punição de todos os golpistas e das forças politicas e económicas que os apoiavam. A grande burguesia inicia a sua fuga do país e alguns dos seus representantes envolvidos no golpe de 11 de Março foram detidos.
Perante o eminente descalabro económico, e respondendo à poderosa manifestação dos trabalhadores bancários que entretanto ocuparam os principais bancos, o recém-criado Conselho da Revolução (substituto da extinta Junta de Salvação Nacional cuja maioria spinolista estava implicada no 11 de Março) composto pela oficialidade mais influenciada pela esquerda dá o seu aval à nacionalização da banca (a 14 de Março de 1975). Com esta nacionalização dos bancos, e por estes serem os proprietários de grupos económicos, existe uma nacionalização, por arrastamento, dos muitos sectores económicos.
A par destas nacionalizações, nos meses a seguir regista-se uma mobilização generalizada de sectores populares com ocupações de casas e organização de moradores, dos camponeses com um avanço nas ocupações de herdades e constituição de UCPs (Unidades Colectivas de Produção) tornando metade dos campos do país em zona de Reforma Agrária, dos trabalhadores com a formação de Comissões de Trabalhadores em milhares de empresas, e deu-se um importante dado novo na revolução portuguesa: nos quartéis instituiu-se um funcionamento democrático com as Assembleias de Unidades que debatiam e decidiam o que fazer, abalando a cadeia de comando hierárquico do exército burguês.

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