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domingo, 14 de março de 2010

Faz no dia 15 de Março 110 anos que nasceu Gilberto Freyre

Com o livro "Casa-Grande & Senzala", publicado em 1933, Gilberto Freyre revolucionou a historiografia. Ao invés do registo cronológico de guerras e reinados, ele passou a estudar o quotidiano por meio da história oral, documentos pessoais, manuscritos de arquivos públicos e privados, anúncios de jornais e outras fontes até então ignoradas. Usou também seus conhecimentos de antropologia e sociologia para interpretar fatos de forma inovadora. 

Freyre fez carreira académica, de artista plástico, jornalista no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Manteve, porém, uma grande ligação com Pernambuco, em especial Olinda e Recife. 

No início dos anos 1920, estudou Ciências Sociais e Artes nos Estados Unidos. O professor Joseph Armstrong tentou convencê-lo a naturalizar-se, a exemplo do ucraniano Józef Korzeniowski, que se tornara Joseph Conrad. Freyre resistiu ao convite por preferir o português. "Hei de criar um estilo", escreveu em seu diário. 

Retornou ao Recife em 1924, mas partiu para o exílio após a Revolução de 1930. Depois de leccionar nos Estados Unidos, na Universidade de Stanford, em 1931, viajou para Europa. Voltou ao Rio de Janeiro, em 1932, e se dedicou a escrever "Casa-Grande & Senzala: Formação da Família Brasileira sob o Regime de Economia Patriarcal", publicado em 1933. Recusou empregos, viveu em casas de amigos e pensões baratas, até que o sucesso do livro lhe devolveu a carreira de professor. Em 1941, casou-se com Maria Magdalena Guedes Pereira. 

Deputado federal constituinte, pela UDN (União Democrática Nacional) em 1946, sua vida política foi marcada pela acção contra o racismo. Em 1942, foi preso no Recife por ter denunciado nazistas e racistas no Brasil, inclusive um padre alemão. Reagiu à prisão, juntamente com seu pai, o educador e juiz de Direito, Alfredo Freyre. Ambos foram soltos no dia seguinte, por interferência do general Góes Monteiro. Em 1954, apresentou propostas para eliminar as tensões raciais na Assembleia Geral das Nações Unidas. 

Freyre recebeu diversas homenagens. Entre elas, em 1962, o desfile da escola de samba Mangueira, com enredo inspirado em "Casa-grande & Senzala". Foi doutor pelas Universidades de Paris (Sorbonne), Colúmbia (EUA), Coimbra (Portugal), Sussex (Inglaterra) e Münster (Alemanha). Em 1971, a Rainha Elizabeth lhe conferiu o título de Sir (Cavaleiro do Império Britânico).

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