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sexta-feira, 5 de março de 2010

MANUAL DE CONDUTA DO PROFESSOR. PERANTE OS CEF

Este pequeno Manual tem em vista ajudar os professores a lidar com a faixa de alunos mais incompreendidos
e maltratados do sistema de Ensino em Portugal, também conhecidos pelos “filhos da
Ministra”.
O autor não se constitui como o arauto da verdade absoluta e por isso aceita as críticas e sugestões
a introduzir numa nova edição, se a houver. O documento é portanto, dinâmico e de reflexão, e pretende
corrigir eventuais desvios de comportamento dos professores, perante determinadas situações
reais, comprometedores para o futuro de uma parte dos discentes, e de suas famílias, que tanto
sacrifício fazem para frequentar um CEF.
Seleccionei as 16 questões, mais frequentes, e sobre elas lavrei os conselhos que me pareceram mais
ajustados.


Manual de conduta do professor, perante os CEF
Subsídios para um relacionamento saudável com os alunos
Quando o(a) aluno(a) chega atrasado(a).
Quando o(a) aluno(a) chega atrasado(a) mande entrar, e indague dos motivos do atraso. Procure sobretudo saber se a família
ficou bem em casa, e verifique se arqueja, mesmo que levemente, devido à pressa com que se dirigiu para a aula. Pergunte se
não quererá um copo de água, e descansar um bocadinho no recreio, ou mesmo ali debruçado sobre a mesa. Se já marcou a respectiva
falta, releve-a, para que o aluno(a) numa próxima oportunidade, não se sinta pressionado(a).
Quando o(a) aluno(a) pede para ir lá fora, ainda mal acabou de entrar na sala de aula
Se o(a) aluno(a) lhe pedir para ir lá fora, mesmo que tenha acabado de entrar, seja compreensivo(a), ele(a) pode muito bem
estar com necessidade de fazer alguma necessidade que não fez durante o intervalo, devido ao facto de ter tido a necessidade de
cumprir outra qualquer necessidade mais urgente. É sabido que o curto lapso de tempo, que é o interregno entre aulas, mal dá
para namorar um pouco ou mastigar um pastel de nata. Na dúvida deve sempre deixar o(a) aluno(a) sair, porque é regra de
ouro que na incerteza, prevalece sempre a vontade dos alunos.
Quando o(a) aluno(a) não está a prestar atenção ao que o docente está a dizer.
Quando o(a) aluno(a) está “ausente” questione-o(a), no sentido de saber, se essa “ausência” tem alguma coisa a ver com preocupações
da sua vida familiar, amorosa, social, ou outra. Pergunte-lhe em que estava a pensar e ajude-o(a) na medida do possível.
Ofereça-lhe boleia para casa, no fim das aulas, e no percurso pergunte-lhe se é problema de dinheiro. Se for, empreste-lhe
a quantia que achar razoável para que ele(a) resolva os seus problemas mais prementes.
Quando o aluno está permanentemente virado para trás
Nestes casos convém verificar se o(a) aluno(a) está na última fila ou nas outras mais à frente. Se estiver na última fila pode
tratar-se de síndrome de perseguição, uma vez que atrás dele, presumivelmente, não está ninguém, embora ele imagine que
está, e daí virar-se. Registe o facto, e na 1ª oportunidade transmita o sucedido ao DT a fim de que ele proceda em conformidade,
quiçá comunicando o caso à Equipa de Educação para a Saúde. Se ele(a) estiver numa das filas à frente da fila de trás, não
é preocupante, espere que ele(a) termine a transmissão de algo inadiável, que estará a fazer para o colega à sua retaguarda,
advirta-o(a) para o perigo de se voltar bruscamente, por causa dos torcicolos. Se por acaso se verificar mesmo o torcicolo, não
caia na tentação de lhe torcer o pescoço no sentido contrário porque, apesar da sua boa vontade, podem acusá-lo(a) de agressão
a jovem indefeso(a).
Quando o(a) aluno(a) pede para ir “mijar”
Quando o(a) aluno(a) lhe pede para ir “mijar”, pergunte-lhe delicadamente se o que ele(a) quer mesmo não é, “ir urinar”. Se
reagir com espanto, inquirindo-lhe: “ir fázer o qué?!”, explique-lhe pacientemente que urinar é sinónimo de fazer xi-xi e que um
menino(a) educado(a) não diz “mijar”. Quando muito poderá dizer “realizar uma micção”, ou ainda, na pior das hipóteses, usar
um diminutivo popular, dizendo que vai fazer uma “mijinha”.
Se ele(a) não perceber, ilustre a situação no quadro, ou então exemplifique você mesmo, com todos os pormenores, ao vivo e a
cores.
Este pequeno Manual tem em vista ajudar os professores a lidar com a faixa de alunos mais incompreendidos
e maltratados do sistema de Ensino em Portugal, também conhecidos pelos “filhos da
Ministra”.
O autor não se constitui como o arauto da verdade absoluta e por isso aceita as críticas e sugestões
a introduzir numa nova edição, se a houver. O documento é portanto, dinâmico e de reflexão, e pretende
corrigir eventuais desvios de comportamento dos professores, perante determinadas situações
reais, comprometedores para o futuro de uma parte dos discentes, e de suas famílias, que tanto
sacrifício fazem para frequentar um CEF.
Seleccionei as 16 questões, mais frequentes, e sobre elas lavrei os conselhos que me pareceram mais
ajustados.
Quando o(a) aluno(a) pede para ir comer
Se o(a) aluno(a) lhe pedir para ir comer, procure informar-se se é a 1ª refeição que ele(a) vai tomar nesse dia, e sendo, aconselhe-
o(a) sobre o que deve comer para não lhe cair “fundo” no estômago. Diga-lhe também que não coma à pressa porque comer à
pressa faz mal. Que não se preocupe com o tempo, porque a aula pode esperar, o essencial é a saúde. Aconselhe-o(a) a mastigar
os alimentos, pelo menos 35 vezes, a fim de que o bolo alimentar fique devidamente preparado para ser recebido pelo seu delicado
estômago.
Quando o(a) aluno(a) boceja.
Segundo o povo, bocejar pode ter dois significados, ou se está com sono ou com fome. Procure saber qual das situações tem a ver
com o bocejo, ou, o que pode ser mais grave, se se trata do cúmulo das duas. Se for fome, procure saber a que se deve, porque
pode ser um problema de falta de dinheiro e isso é uma situação grave e preocupante. Neste caso não hesite em disponibilizar
uma pequena verba ou empreste o seu cartão da escola para que o aluno se possa alimentar. Participe depois o sucedido à
Direcção da escola e entregue o talão da despesa, pode ser que haja verba para lhe restituírem o dinheiro emprestado.
Se for sono aconselhe-o(a) a “encostar-se” um pouco na mesa e fale mais baixo, tendo em atenção os conselhos do ponto seguinte..
Quando o(a) aluno(a) dorme na aula
Quando o(a) aluno(a) dorme na aula, não o(a) acorde. Modere o tom de voz, procurando um registo mais grave e reduzindo um
pouco o volume. No entanto, antes do toque de saída procure saber se ele(a) dormiu o suficiente na noite anterior, se teve insónias
devido à escola, se tem algum problema familiar ou coisa do género. Assegure-se de que, em última análise, não existirá
algum problema de saúde associado. Na dúvida comunique o caso à Equipa de Educação para a Saúde.
Quando o(a) aluno(a) fala em Crioulo
Quando o(a) aluno(a) fala em crioulo, de duas uma, ou ele(a) sabe que você sabe crioulo e quer que você saiba o que ele quer
dizer, ou ele sabe que você não sabe crioulo e não quer que você saiba o que ele está a dizer. De uma forma ou outra ele(a) pretende
provocar. Não se deixe intimidar, diga que sim e faça de conta que não percebeu nada, mesmo que tenha percebido.
Na 1ª oportunidade passe no Centro de Formação e veja se já abriu a acção de formação, há muito prevista no plano, para
aprender o dito crioulo. O saber não ocupa lugar e em breve, vai fazer-lhe falta, já que o crioulo, diz-se, vai passar a ser a 1ª
língua oficial da escola.
Quando o(a) aluno(a) se levanta e, sem motivo aparente, vai até à janela.
O(a) aluno(a) vai fazer aquilo que em gíria se chama, “laurear a pevide”. E como esta juventude precisa de “laurear a pevide”
como a boca precisa de pão, não fique preocupado(a), ele(a) foi ver o que se passa no recreio e logo, logo regressa ao seu lugar
com muito menos vontade do que tinha, quando inopinadamente se ergueu e foi à janela. Com um bocadinho de sorte, pode ser
que daí a mais um pouco se deixe dormir, para só acordar próximo da hora de acabar a aula.
Quando o(a) aluno(a) fala alto com o colega do lado.
Faça um compasso de espera, sorria levemente com ar benevolente para que o(a) aluno(a) não se melindre. Deixe que ele(a)
acabe a conversa e pergunte delicadamente se pode continuar. Perante a resposta afirmativa agradeça o gesto e continue a sua
explicação sobre a matéria. Interrompa sempre que o acto se repita e reitere o mesmo procedimento. Não mostre enfado.
Quando o(a) aluno(a) o(a) manda para o “c___alho”
Se o(a) aluno(a) o(a) mandar para o c___alho, reaja com calma e pense que algum motivo ele há-de ter para se insurgir dessa
forma. Não esqueça um velho princípio comercial que diz que o cliente tem sempre razão, e sendo os alunos os nossos clientes,
não é preciso dizer mais nada. De qualquer forma explique-lhe que ele está a reagir de cabeça quente e que não são modos próprios
para se dirigir ao(à) professor(a). Diga-lhe com serenidade que deve usar o termo “pénis” em vez de “c___alho” , ou então
mande-o(a) (a ele(a)) mandá-lo(a) (a si) para a “vagina da senhora sua mãe”. Ditas as frases desta forma, tornam-se muito
mais simpáticas e nem têm carga ofensiva, porque se evitou o palavrão grosseiro, gratuito e fútil.
Aproveite até para fazer uma introdução à Educação Sexual e explique-lhe qual é a diferença entre pénis e vagina, o que os
dois fazem, quando o 1º penetra a 2ª, e ainda as consequências dessa acção. Se ele não perceber faça-lhe um desenho para ilustrar
o acto.
Quando o(a) aluno(a) encostar o seu (dele(a)) peito ao seu (seu) peito
O essencial é manter a calma, por natureza estes(as) alunos(as) são serenos(as) e brincalhões(onas). Sorria ainda que o sorriso
tenha tons de amarelo. Se for preciso peça desculpa e prometa que o motivo que levou a encostar os peitos, mesmo que o desconheça,
jamais se repetirá.
Quando o(a) aluno(a) grita no Hall de entrada do Pavilhão
É bom sinal, os(as) alunos(as) estão a extravasar toda a energia acumulada durante um dia, resultante da pressão de tanto
estudo. É um escape necessário, devemos por isso aconselhá-los a gritar ainda mais alto para abrir completamente os pulmões.
Quando o(a) aluno(a) grita com a(o) funcionária(o)
Alguma a(o) funcionária(o) lhe fez. Devemos certificar-nos dos motivos e participar da(o) empregada(o) à Direcção para que
esta proceda em conformidade. Uma boa proposta será deixar o Pavilhão sem funcionária(o), porque assim corta-se o mal pela
raiz.
Quando o(a) aluno(a) solta um gás
Quando o(a) aluno(a) solta um gás devemo-nos por a jeito e com as fossas nasais bem desobstruídas, a fim de que o mesmo cause
o efeito desejado por quem o solta, de contrário será uma desilusão e a última coisa que devemos fazer, com os alunos, é desiludi-
los. Quando o gás vem com pressão suficiente para provocar som audível, não devemos evitar que todos os outros alunos se
riam, devemos, pelo contrário, incentivar e rir muito também, promovendo assim uma verdadeira alegria no trabalho. Mas
atenção! O(a) professor (a) está terminantemente proibido(a) de gasear. A liberdade tem limites!
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