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sábado, 10 de abril de 2010

A 11 de Abril de 1814,deu-se a abdicação de Napoleão Bonaparte

Todos sabem o que foi a retirada da Rússia, as mortes por frio, fome. Finalmente, Napoleão volta às terras francesas. Em Paris, ninguém está avisado. Acredita-se que ele está ainda a mais de 100 léguas. A 18 de Dezembro, quando o relógio soa o último quarto antes da meia-noite, ele e seus auxiliares directos chegam às Tulherias. A princípio os vigias pensam tratar-se de estafarias. Até que alguém reconhece: “É o imperador!” Depressa acendem-se os lustres, um fogo de lenha crepita na lareira, os escribas apresentam-se com suas penas. Entretanto, mesmo no coração de Paris, Napoleão sente-se como num palácio deserto, como o Kremlin. Josefina não está à sua espera. E a Europa recusa-se à sujeição. O rei da Prússia proclama uma guerra santa contra Bonaparte. Este vai em pessoa enfrentar a nova coaligação, obtém vitórias inesperadas. Mesmo estas, porém, têm um gosto amargo. Seus melhores amigos vão morrendo, um a um – fatais presságios para a batalha que se travará em Leipzig, a Batalha das Nações, que, para toda a Europa, terá significado de uma batalha de libertação. Em vão Bonaparte fecha-se com seus mapas e antevê saídas geniais: o coração já não participa. Os soldados já não compreendem – e reservam-se para defender, amanhã, não mais um imperador, mas uma França em perigo. Napoleão é obrigado a recuar, de batalha em batalha. Com seus soldados imberbes, procura atrair os inimigos para dentro do território, para então melhor combatê-los. Assim, volta a Paris. Aí, a grande surpresa: estendem-lhe um papel para assinar. A abdicação, Elba é o passo seguinte. Elba significa para Napoleão uma espécie de repouso forçado, num clima que é seu clima natal, tão perto de sua ilha que lhe reconhece o odor quando o vento é favorável. Essa temporada em Elba tem, entretanto, aspectos de humor negro. O imperador, subitamente transformado em guarda-campestre, baixa decretos contra as cabras que atravessam sua cerca. Aqui poderia terminar sua história não fosse por uma coisa: Napoleão é capaz de aceitar uma derrota, mas não a desonra, não ser chamado “usurpador” pelos próprios concidadãos. Ele precisa voltar para mostrar a seus detractores que o povo, em especial a classe média, continua a seu lado. A volta seria como um plebiscito, definitivo, esmagador. É o vôo da águia, o último acto que a França esperava com impaciência. Nem bem um acto, antes um epílogo. Pois tudo de fato termina quando o imperador volta às Tulheiras pela porta principal e Luís XVIII foge pela porta de serviço. Quando Napoleão entreabre a legendária casaca cinzenta para mostrar o coração aos soldados: - Se entre vós existe alguém que queira matar seu imperador, ei-lo aqui. Novamente dono da França, Napoleão é, não obstante, o espectro de si mesmo: Maria Luísa traíra-o despudoramente. Josefina morrera. E muito em breve haverá Waterloo. Derrotado pelos ingleses, Napoleão volta a Paris, de cabeça baixa. Espera que um novo governo provisório lhe dê um passaporte para emigrar. Percorre mais uma vez a cidade cujas ruas exibem o nome de suas vitórias e cujos bulevares tem o nome de seus generais. No fim da Avenida Champs-Elysées, uma grande construção ergue seus andaimes: o Arco do Triunfo. Napoleão sonhou passar por ele.  Dia 14 de outubro de 1815, a bordo do Northumberland, Napoelão Bonaparte vê surgir as ondas de uma ilhota enfadonha, chamada Santa Helena. Aqui ele ficará esperando inutilmente - enquanto vai sendo sistematicamente envenenado com arsénio, um visto para os Estados Unidos e relendo uma biografia de George Washington. À noite, o vento traz para dentro de casa um perfume de rosas, a lembrança de Josefina. Em Santa Helena Napoleão reencontra seu dolce amore, para além de todas as brigas, para além do absurdo divórcio que lhe custou tão caro, para além dessa morte tão leve que se diria “ela ainda há de aparecer”. Ali, com os braços repletos de rosas. Ela foi sua única estrela. Será também, sua última palavra...


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