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sexta-feira, 16 de abril de 2010

A 17 de Abril de 1961, a imprensa mundial falava assim do Desembarque na Baía dos Porcos


Revolução Cubana: A invasão da baía dos Porcos

Baía dos Porcos

FIDEL CASTRO ANUNCIA O EXTERMÍNIO DAS FORÇAS REBELDES E PREVÊ AMPLA REPERCUSSÃO DO FEITO NA AMÉRICA LATINA 
Os anticastristas contradizem o governo cubano afirmando que a luta continuará na Serra de Escambray – O comunicado – Alusão à “Doutrina Fidelista” e ataques aos Estados Unidos – O Conselho Revolucionário Cubano admite que houve “perdas trágicas” – Será reiniciada a acção dos guerrilheiros – Emissões sucessivas da “Rádio de Escambray” – Jubilo à União Soviética.

Paris – 20 (AFP) – Os invasores de Cuba foram totalmente exterminados, segundo um comunicado oficial assinado por Fidel Castro e publicado às 2h30 da madrugada de hoje, informa um despacho em Havana, da agência “Prensa Latina”, cuja transmissão foi captada em Paris.

Paris – 20 (AFP) – O governo de Fidel Castro anunciou oficialmente que exterminou as forças rebeldes que invadiram o território cubano. A notícia foi captada em Paris, na emissão da agência cubana “Prensa Livre”.

Um comunicado oficial assinado por Fidel Castro foi publicado às 2h30 da madrugada de hoje, anunciou a referida agência.

O comunicado informou que “durante a tarde de ontem, os últimos restos do exército de invasão foram cercados na praia de Giron e alijados para o mar”.

“Uma parte dos mercenários, diz o comunicado, tentou reembarcar com destino ao estrangeiro, mas a força aérea rebelde (castrista) afundou todas as suas barcaças”.

“Alguns dos invasores, acrescenta, internaram-se numa região pantanosa, onde não tem nenhuma possibilidade de escapar”.

“Os invasores abandonaram grande quantidade de armamento e veículos, inclusive vários tanques “Sherman”, todos de fabricação norte-americana”, conclui o comunicado difundido pela agência “Prensa Latina”.
Alijados para o mar
Miami (Flórida), 20 – (AFP) – A rádio cubana anunciou a “vitória total das forças castristas sobre as tropas que invadiram Cuba há 72 horas”, numa emissão que foi captada pela manhã em Miami.

Segundo um comunicado assinado por Fidel Castro, que foi lido pela rádio Cubana, as forças governamentais capturaram várias toneladas de armamentos de fabricação norte-americana, inclusive tanques “Sherman”.

O comunicado precisou que as últimas posições dos anti-castristas foram destruídas ontem, às 23h30, GMT. Em seguida os invasores foram alijados para o mar e tentaram fugir, mas suas barcaças foram destruídas pela aviação castristas.
O comunicado
Paris – 20 (AFP) – “Os invasores foram totalmente exterminados”. Este comunicado oficial de Fidel Castro foi publicado nas primeiras horas da manhã.

“As últimas forças rebeldes – segundo o comunicado – foram confinadas, ontem, na praia de Giron e rechaçadas para o mar. Alguns dos homens fugiram para uma zona pantanosa da qual não poderão escapar. Os invasores abandonaram grande quantidade de armamento, numerosos tanques “Sherman” e outros veículos de fabricação norte-americana”. O comunicado acrescenta que “as tropas mercenárias de invasores passaram menos de 72 horas em território cubano e que suas últimas posições foram destruídas hoje, quinta-feira, às 3 horas (hora francesa), (23 horas, da quarta-feira, em São Paulo).

Esta derrota das forças anti-castristas que desembarcaram segunda-feira terá uma repercussão no mundo todo e, particularmente, na América Latina.

Com efeito, todos os países latino-americanos acompanharam com um interesse apaixonado a evolução deste assunto, que consideram no fundo, como uma prova decisiva.

A doutrina fidelista, que sai reforçada desta prova, representa, aos olhos de bom número de latino-americanos, uma experiência a sacudir a tutela norte-americana, embora tenha sido cometida com excessos.

Por outro lado, manifestações pro-castristas se desenrolaram na maioria dos países da América Latina. Às vezes, elementos pró-castristas enfrentaram outros anti-castristas, o que degenerou em contendas, como na Gautemala, onde houve três mortos e treze feridos. Com freqüência as forças policiais precisaram proteger a Embaixada dos Estados Unidos, para onde se dirigiam os manifestantes.

Em Quito, uma bomba de pequena potencia explodiu atrás da Embaixada dos Estados Unidos, provocando alguns danos materiais.

Em Santiago do Chile, vários milhares de simpatizantes castristas sitiaram a Embaixada norte-americana e a polícia teve de utilizar gases lacrimogêneos e jactos de água para dispersá-los.

Em Bogotá, organizaram-se, simultaneamente, duas manifestações: uma pró-castro e outra anticomunista. As forças policiais, apoiadas por tanques e carros blindados evitaram o choque dos grupos rivais.

No México, numerosas manifestações de estudantes a favor de Fidel Castro desenrolaram-se sem incidentes.

No Brasil, várias personalidades, entre eles o sociólogo Josué de Castro, foram recebidas pelo embaixador dos Estados Unidos, ao qual entregaram uma mensagem ao presidente Kennedy, expressando sua solidariedade para com o líder cubano e pedindo que os Estados Unidos deixassem de apoiar os contra-revolucionários.

Em Washington, existe inquietação pelo curso da situação e o presidente Kennedy convocou uma reunião de gabinete, mas o porta-voz do Governo negou-se a dizer se a reunião está diretamente relacionada com a situação de Cuba.
Perdas trágicas
Nova York, 20 – (AFP) – “Houve perdas trágicas durante o dia de hoje”, admite um comunicado publicado esta noite pelo conselho revolucionário cubano. O mesmo documento especifica que os recentes desembarques, foram erroneamente qualificados de invasões, mas que, na realidade, eram desembarques de material e de reforços para os patriotas que combatem em Cuba.
Pessimismo
Miami, 20 (AFP) – Os comandos anti-castristas que lutam contra as tropas de Fidel Castro desde segunda-feira passada pela manhã parecem que na noite de ontem realizavam os últimos combates antes do fim de sua epopéia.

O pessimismo que reinava anteontem entre os exilados cubanos de Miami foi dissipado na manhã de ontem pelo anúncio do estabelecimento do contato entre os elementos desembarcados na baía de Cochinos e os anti-castristas da Serra de Escambray. Além disso, o contato pela rádio entre as unidades desembarcadas e as organizações de coordenação do continente americano foi restabelecido depois de 36 horas de silêncio na tarde de ontem. Porém, parece que de todas as formas o fim da luta não está longe, pois segundo o porta-vozes oficiais dos exilados cubanos em Miami, a situação piorou durante o dia de hoje para os invasores na província de Matanzas, onde desde o começo do desembarque se desenvolveram os combates mais violentos.

Os outros desembarques executados em diversos pontos da ilha foram evidentemente operações de despistamento e, inclusive, se os referidos porta-vozes anunciam que a situação não é boa em Oriente e Pinar Del Rio parece ser que somente o fazem para se consolar.

Por parte dos anticastristas, não se nega que os comandos desembarcados se encontram submetidos a uma pressão muito potente efetuadas por milícias e tropas governamentais com o apoio de tanques e aviões de fabricação soviética.
Navios na costa
Pensa-se geralmente que certos grupos desembarcados poderiam reembarcar nos navios que os trouxeram, alguns dos quais se encontram ainda diante da costa cubana. Também não é impossível que numerosos dos desembarcados se unam aos maquis que há vários meses combatem em Escambray, no Centro de Cuba, e em Sierra Maestra.

Entretanto não se sabe se a reserva de armas e munições que foram desembarcadas puderam chegar até os guerrilheiros ou se caíram nas mãos dos castristas. Em todo o caso os milicanos castristas permaneceram leais ao primeiro-ministro cubano e a população não apoiou o movimentos segundo parece.
Em Escambray
Miami (Flórida), 20 – (AFP) – O grosso das forças anti-castristas não interveio nas últimas operações militares em Cuba, afirma-se esta manhã nos meios dos exilados cubanos em Miami. “Não somos tão loucos para comprometer todas nossas forças nestes combates”, declarou à agência “France Presse” uma personalidade cubana.

Simultaneamente, a emissora anti-castrista “Rádio Escambray”, que prossegue incansavelmente suas emissões, depois de informar que a emissora se encontra na serra, em meio das forças contrárias a Fidel Castro, declarou que novos elementos se unem sem cessar aos guerrilheiros.

Os meios exilados cubanos são extremamente prudentes no que se refere ao local onde se encontra atualmente Miro Cardona e os restantes dos membros do Conselho Revolucionário Cubano, que, chegado o momento, deve transformar-se, em solo cubano, em governo democrático provisório.

Não se confirmou oficialmente a notícia publicada por uma cadeia de jornais norte-americanos de que o Conselho Revolucionário já se encontra em território cubano.
Júbilo na União Soviética
Moscou, 20 – (AFP) – “Os soviéticos manifestam suas alegrias e mandas felicitações a seus amigos” – anuncia a Rádio de Moscou, acrescentando de que todas as regiões da URSS chegam telegramas e chamadas telefônicas à rádio, solicitando de que enviem mensagens de saudação aos castristas cubanos”.

“O telefone não deixa de soar em nossa redação” – declarou a Rádio de Moscou que concluiu, resumindo assim as mensagens recebidas das fábricas dos “kolkoses” e dos estabelecimentos científicos: “Os soviéticos saúdam o povo de Cuba depois da notável vitória obtida contra as forças de reação, os soviéticos não duvidaram um só momento de que o imperialismo seria derrotado. É impossível vencer a revolução”.
Posição do Iraque
Londres, 20 (AFP) – “O Iraque apóia o povo cubano e denuncia a intervenção armada em Cuba”, declarou esta noite um porta-voz do governo iraquiano.
Posição da Grã-Bretanha
Londres, 20 (AFP) – A Grã-Bretanha é partidária da aprovação da ONU da moção argentina referente a Cuba, especialmente porque menciona a organização dos Estados Americanos, declarou hoje nos Comuns o ministro britânico do Interior.
Asilo do Cardeal
Buenos Aires, 20 (AFP) – Ao que parece, o cardeal Arteaga e dois bispos, cujos nomes não foram revelados, solicitaram asilo na Embaixada Argentina em Havana, soube-se extra-oficialmente em Buenos Aires. A mesma versão explica que a Igreja Católica cubana solicitou também a referida Embaixada o resguardo de documentos e valores da Igreja.

Apesar de que na Chancelaria argentina não se tenha dado qualquer informação a respeito, sabe-se que a referida comunicação lhe foi transmitida pelo embaixador argentino junto ao governo de Cuba, Júlio Amoedo.

Fonte Jornal A Tribuna - 21 de abril, 1961

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