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sexta-feira, 9 de abril de 2010

A queda do modelo soviético

Em 1981, o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, descreveu a União Soviética como o Império do Mal. Acreditava que o sistema comunista soviético era maléfico. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial que a União Soviética e os Estados Unidos, com sistemas políticos e económicos muito diferentes, têm estado em desacordo. Os Estados Unidos têm os seus aliados na Europa Ocidental, na América do Sul e em outros pontos do globo, enquanto a União Soviética tem satélites na Europa Oriental e em outras regiões, e várias vezes esta rivalidade entre os dois países quase provocou uma guerra. Em 1948, ambos os países se envolveram numa disputa séria por causa do acesso a Berlim. Em 1960, os soviéticos abateram um avião espião americano sobre a União Soviética; dois anos depois, os Estados Unidos exigiram que a União Soviética retirasse os seus mísseis das bases que tinha em Cuba, e, já em 1983, os soviéticos abateram um avião comercial da Coreia do Sul, tomando-o por um avião espião. Em Março de 1985, Mikhail Gorbachov foi eleito secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e, um mês depois, surpreendeu toda a gente anunciando que desejava ter relações pacíficas com os Estados Unidos e levar a cabo reformas na sua pátria.
Em 1985, Gorbachov encontrou o país à beira duma crise e com uma economia que se foi debilitando ao longo dos anos. A União Soviética era uma superpotência mundial, a par dos Estados Unidos, e, para manter essa posição, despendeu enormes somas com as Forças Armadas, além do auxílio económico que prestou aos seus aliados comunistas em várias partes do mundo. E a sua economia ressentiu-se.
A má organização e as más colheitas levaram-na a ter de importar cereais em grandes quantidades. Os bens de consumo, como os aparelhos de rádio e de televisão, os automóveis e os frigoríficos, ou escasseavam no mercado ou eram de fraca qualidade. Os membros do Partido Comunista, que governava o país, viviam melhor do que o resto da população, que tinha de pagar "luvas" a toda a espécie de funcionários se queria ser servido. A corrupção instalara-se no sistema. Os soviéticos eram capazes de colocar sputniks no espaço, mas não de fazer os comboios e os autocarros respeitarem os horários. Todo o sistema tinha de ser reorganizado: nascera a perestroika (reestruturação).
Em 23 de Abril de 1985, Gorbachov anunciou uma série de medidas para salvar o sistema comunista. A perestroika era um objectivo a longo prazo. A curto prazo, as coisas não melhorariam: o racionamento da carne iria continuar; as carências de alimentos tornariam as bichas ainda maiores; uma situação ecológica catastrófica; as más condições de alojamento persistiriam, assim como a escassez de bens de consumo.
Para começar, Gorbachov tentou algumas medidas de curto prazo, que falharam. Em 7 de Maio de 1985, lançou uma campanha anti alcoólica para combater os acidentes e os prejuízos económicos que a ingestão de bebidas alcoólicas nos locais de trabalho vinha provocando há anos. A venda da bebida nacional - a vodka - foi restringida e proibido o seu consumo durante o trabalho. Estas medidas, porém, não resultaram: as pessoas passaram a comprar grandes quantidades de açúcar para destilarem a sua própria vodka. Assim, embora o consumo de álcool tivesse baixado consideravelmente, em fins de 1987 voltava a atingir setenta por cento do nível anterior a 1985. Gorbachov compreendeu que não poderia modificar o sistema soviético com decretos e campanhas: só conseguiria levar avante a perestroika com métodos novos. Uma das palavras-chave usadas por Gorbachov foi democratização, abrindo o sistema para ir ao encontro das verdadeiras necessidades do povo. Foi então que se inventou o termo glasnost, que significa transparência ou abertura e passou a designar a liberdade de informação e de expressão.

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