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quarta-feira, 30 de junho de 2010

A 1 de Julho de 2004, morreu Marlon Brando


Marlon Brando

Marlon Brando nasceu no estado de Omaha, nos E.U.A., em 3 de Abril de 1924. A rebeldia e inconformismo dos quais foi expoente no ecrã manifestaram-se desde cedo também na vida real: Marlon não concluiu os seus estudos na Academia militar por ter sido expulso.
Para ganhar algum dinheiro, deitou (literalmente) mãos à obra e trabalhou como cavador de valas. O seu pai, desesperado com a aparente falta de ambição do filho, disse-lhe que financiaria qualquer outro projecto profissional que o filho escolhesse. Marlon escolheu a carreira de actor, talvez devido ao convívio próximo com os palcos proporcionado pela participação da sua mãe num grupo amador.

Marlon Brando mudou-se para Nova Iorque e dedicou-se a estudar representação segundo o método de Stanislavsky, orientado por Stella Adler. Mais tarde juntou-se ao célebre Actors' Studio tutelado por Lee Strasberg.

A estreia nos palcos aconteceu em 1943. O seu trabalho foi distinguido em 1946 quando, pela sua interpretação em 
Truckline Cafe, foi considerado o mais promissor dos jovens actores da Broadway.

Brando tornou-se um ídolo da Broadway quando, em 1947, arrebatou o público e a crítica com o seu bruto, intenso e muito sensual/sexual Stanley Kowalski em 
Um Eléctrico Chamada Desejo, de Tenessee Williams.
Os estúdios de Hollywood não quiseram deixar escapar este talento emergente e utilizaram os métodos "habituais" para o tentar seduzir, sem perceberem que estavam perante um novo tipo de estrela, a "estrela-anti-estrela": um actor aparentemente impermeável à crítica, à lisonja e ao facilitismo.

Segundo o célebre princípio do "quanto mais me bates, mais gosto de ti", os patrões de Hollywood intensificaram o cerco e, finalmente, em 1950, Marlon Brando estreia-se no cinema em 
The Men, uma produção independente (e que não obteve êxito) de Stanley Kramer, na qual desempenha o papel de um ex-soldado paraplégico. Fiel ao seu método, Brando passou um mês num hospital de veteranos de guerra para preparar o personagem.

Em 1951, sob a direcção do realizador Elia Kazan, Marlon Brando vestiu novemente a pele de Stanley Kowalski na adaptação cinematográfica de 
Um Eléctrico Chamada Desejo. O filme, que acabou por transformar-se num clássico do cinema, teve um enorme êxito, arrecadando o Óscar para Melhor Filme. Brando foi nomeado na categoria de Melhor Actor mas viu a dourada estatueta ir parar a outras mãos (a Academia nunca foi muito generosa com estreantes...).

Em 1952, Brando volta a trabalhar com Elia Kazan em 
Viva Zapata!. No ano seguinte desempenha o papel de Marco António no épico Júlio César e é mais uma vez nomeado para um Óscar.

Em 1954, o seu papel em 
The Wild One constrói a sua então imagem de marca: a do jovem rebelde irreverente. Ainda este ano, o seu desempenho inesquecível em Há Lodo no Cais, novamente realizado por Elia Kazan, traz-lhe o que até então lhe tinha sido negado: o Óscar de Melhor Actor.

Actor versátil, nos anos seguintes Brando salta do papel de Napoleão para o de sedutor mafioso ao lado de Frank Sinatra no musical (?!) 
Guys and Dolls. Em 1956 voltou a ser nomeado para um Óscar pelo seu trabalho em Sayonara.

Ao êxito conseguido em 
The Young Lions (1958) ao lado de Montgomery Clift, segue-se o fiasco de The Fugitive Kind (1960).
O comportamento irascível de Brando e a sua agressividade face à direcção dos grandes estúdios, aliados a alguns desaires de bilheteira, fizeram com que começasse a ser tido como 
persona non grata em Hollywood. O actor não ficou perturbado com esta aura e não alterou o seu (aparentemente incompreensível) comportamento, investindo em projectos arriscados e dando pouco de si em projectos acarinhados pelos estúdios.

A carreira (a mente e o corpo) de Brando encontrava-se em fase descendente até que, em 1972, surge com um desempenho brilhante em 
O Padrinho, de Francis Ford Coppola, onde interpreta o papel de um velho, experiente e (necessariamente) implacável chefe da Mafia. Tão brilhante que lhe valeu o seu segundo Óscar, que Brando recusou receber pessoalmente.

Em 1973, Brando protagoniza o controverso 
O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci, um filme que narra a atracção de cariz marcadamente sexual que junta um viúvo norte-americano a uma jovem e fogosa francesa. O filme foi considerado obsceno (XXX) por vários sectores da sociedade norte-americana.

Brando interrompe uma pausa de três anos para surgir ao lado de Jack Nicholson em 
The Missouri Breaks. Em 1978 encontramo-lo a auferir uma remuneração recorde para a época (3,7 milhões de dólares) no elenco do primeiro Superman protagonizado por Christopher Reeve.

No ano seguinte, Brando dá vida ao perturbante e enigmático coronel Walter E. Kurtz no épico 
Apocalypse Now (1979) de Francis Ford Coppola, nomeado para oito Óscares (acabou por ganhar dois).

Durante quase toda a década de oitenta Marlon Brando "desapareceu": exilou-se voluntariamente na sua ilha no Pacífico, engordou drasticamente e recusou todas as propostas de trabalho que lhe foram feitas.

Apenas as convicções políticas do actor o fizeram sair deste isolamento para participar em 
A Dry White Season, no qual desempenha o papel de um advogado (que lhe granjeou uma nomeação para o Óscar de Melhor Actor Secundário) que luta contra o Apartheid na África do Sul.
Em 1990, surpreendentemente, Brando aparece em 
The Freshman, num papel que acaba por ser uma sátira ao seu D. Corleone de O Padrinho. Este é um ano terrível para Marlon Brando: o seu filho Christian assassina o namorado da sua filha Cheyenne e, após confessar, é condenado a uma pesada pena. Cheyenne acaba por se suicidar. Brando gasta boa parte da sua fortuna na defesa do seu filho.

Enfrentando uma situação financeira difícil, Marlon Brando publica a sua autobiografia, 
Songs My Mother Taught Me. Nos anos seguintes participa em Don Juan DeMarco (com Jonnhy Depp), A Ilha do Dr. MoreauThe Brave e Free Money (com Donald Sutherland e Mira Sorvino, entre outros).

Brando afasta-se novamente da ribalta para reaparecer em 2001, quando começa a rodar a sequela de 
Scary Movie. O actor acaba por abandonar o projecto (é substituído por James Woods) devido a problemas de saúde. A sua última aparição no grande ecrã aconteceu em The Score, de Frank Oz, ao lado de Robert DeNiro, Edward Norton e Angela Bassett.

O actor faleceu em Los Angeles, no dia 2 de Julho de 2004, com oitenta anos.

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