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quarta-feira, 9 de junho de 2010

A 10 de Junho de 1819, morreu GUSTAVE COURBET

GUSTAVE COURBET (1819-77)

Nasceu na cidade de Ornans, na região do Jura, França. O pai era proprietário de terras e o avô tinha sido republicano.
Demonstrou total adesão ideológica e política ao movimento realista. Teve um papel importante na consolidação da doutrina formulada através da criação de obras vigorosas, pois só ele correspondeu inteiramente às formulações teóricas.
Grande amigo de Champfleury, viajaram juntos. As suas relações esfriaram a partir do momento em que o pintor abandona a simples representação do verdadeiro, passando a adoptar uma pintura com intenções políticas e sociais, assim como por uma certa militância anticlerical, influenciado por Proudhon.
Fez a sua Formação como autodidacta e foi muito influenciado pelos debates da Cervejaria Andler.  A sua aprendizagem começou em várias oficinas livres em Paris e foi completada por estudos que efectuou a partir da observação e emulação de obras no Museu do Louvre (pintores espanhóis, holandeses e Franceses do século XVII) e por estadias em Barbizon.
Os temas que mais desenvolveu foram paisagens, retratos e auto-retratos.
A sua linguagem era imediata, provocando no espectador reacções emotivas, denotando alguma influência romântica na forma como representa a paisagem. Mas demarcava-se decisivamente do romantismo quando rejeitava o irracional e o fantástico e valorizava o real, o concreto e o quotidiano. Tentava reproduzir FACTOS MATERIAIS, no que foi mal recebido pelo público.
Fez os primeiros envios de obras ao Salon entre 1841 e 46. Tratava-se, essencialmente, de retratos de amigos ou da família. Foram todos recusados, à excepção de dois auto-retratos com laivos românticos. Mais tarde passou  a pintar várias alegorias sobre o Homem e a política.
O primeiro grande êxito no Salon foi com “Enterro em Ornans”, 1849. Esta obra reflecte preferência por quadros com dimensões grandes. O tema era considerado nobre uma vez que trata da morte através da representação digna de um funeral. Mas o aspecto inovador esteve na forma como o abordou, uma vez que o fez pelo lado banal: a morte não é representada com enfática emoção, à maneira romântica, mas com a contenção própria de um facto quotidiano e banal, num interior calmo e íntimo.
Trata-se de uma composição equilibrada, com um ritmo solene, numa caracterização individual das personagens, através de retratos de cerca de 50 pessoas, em tamanho natural, sem intenções caricaturais, cada qual tratada com imparcialidade. Denota nítidas influências dos holandeses do séc. XVII: é um «quadro de história» contemporânea e, simultaneamente, um retrato colectivo dos habitantes de todas as condições sociais que compõem a sua cidade natal. Champfleury considerou-o um manifesto do Realismo e como o enterro do Romantismo, salientando o facto de ser isento de intenções políticas.
Para o Salon 1850, pintou “Camponeses de Flagey Regressando da Feira”, cena rústica vigorosa, sem segundas interpretações.
A obra “Britadores de Pedra”, na altura pouco notado, foi posteriormente considerado um manifesto socialista, quando a sua intenção original seria representar, afinal, apenas um trabalho miserável.
Em 1855, enviou 11 quadros ao Salon, que foram recusados, rejeitados pela burguesia dominante. Este episódio levou-o a promover uma exposição concorrente, onde apresenta 40 obras suas, no que constituiu a primeira retrospectiva em vida de um autor e sem interferências de instituições oficiais.
Passa a exibir a sua obra posterior em mostras alternativas. Apesar destes conflitos com autoridades e público, conheceu também algumas vitórias, mas mantendo a sua coerência artística e ideológica.
Em 1867, na segunda Exposição Universal, já não esteve sozinho, num pavilhão só seu. Acompanham-no Manet, entre outros.
Destaque para outras obras bastante afamadas hoje em dia:
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“Joeireiras de Trigo”, em que representa o esforço violento do trabalho braçal, sem concessões.
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"A Origem do Mundo", em que representa o sexo da mulher em primeiro plano, numa crueza chocante, mesmo para os nossos dias. Estranhamente, não é assim tão fácil conseguir imagens desta obra em sítios divulgadores da obra do autor.
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Nas numerosas versões de “O Atelier” (1854-55), chamada a «alegoria real», conforme o autor explicou a Champfleury, colocou a figura de um pintor junto a uma mulher nua (A Verdade/ A Natureza ?) a pintar uma paisagem e a ocupar uma posição intermédia entre 2 mundos: à direita o das Artes, à esquerda representantes dos diversos grupos sociais (ricos e pobres).
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"O Encontro, ou, Bonjour, Monsieur Courbet".
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"Mulher com o Papagaio", obra de um erotismo evidente.
Paisagista: a dada altura, cansado das inúmeras polémicas que as suas obras suscitaram, Courbet passou a procurar exprimir apenas a vida exuberante da natureza,alterando um pouco a sua estética, tanto na temática, representando a pequena burguesia urbana, como na representação dos valores atmosféricos e da luz, aproximando-se de um certo naturalismo, demonstrando uma excelente técnica de pintura. Existem inúmeras obras deste períodos: "Trouville”, “A Vaga” e “Falésias de Étretat depois do Temporal” (1869), em que representou paisagens à volta de Ornans, na Costa da Normandia, utilizando a espátula, o que resulta num aspecto algo tosco.
Pintou ainda:
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Raparigas das Margens do Sena” (1857), em que anunciou os temas impressionistas.
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O Sono", nu feminino pleno de sensualidade, tornou-se num dos símbolos do amor sáfico.
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Jo, a Irlandesa” (1865), retrato feminino de uma modelo irlandesa.
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Halali do Veado”(1855), em que evoca cenas de caça,
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"Retrato de Proudhon".
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Auto-retratos.
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Pinturas mortas.
A aproximação ao naturalismo acentua-se com o final da carreira, pintando essencialmente paisagens.
Fez viagens à Alemanha e à Bélgica, suscitando adesões ao Realismo.
Durante a Comuna, foi nomeado delegado às Belas-Artes e, após a derrota desta insurreição, é acusado de ter instigado à destruição da coluna de Vendoma. Preso e condenado a pagar a restauração da coluna, exilou-se na Suíça, onde morre em 1877.

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