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segunda-feira, 14 de junho de 2010

A 14 de Junho de 2007, morreu Kurt Waldheim

A 14 de Junho de 2007, morreu Kurt Waldheim, antigo secretário-geral das Nações Unidas e Presidente da Áustria. Whaldeim tinha 88 anos.

 
Secretário-geral da ONU durante uma década, foi eleito Presidente da Austria em 1986, apesar do seu passado como oficial das SA alemãs. Participa na ocupação da Jugoslávia durante a II Guerra Mundial e chega a confessar ter cometido algumas atrocidades no territorio, mas recusou sempre demitir-se.
Diplomata e jurista, Kurt Walhdeim deixou a presidência austríaca em 1992.
O antigo Presidente da Áustria morreu de doença prolongada, anunciou um porta-voz da família.


SESSENTA ANOS DE CORRUPÇÃO NA ONU - Um livro demolidor de Eric Frattini

Por TERESA SÁ COUTO ( http://comlivros-teresa.blogspot.com )

«Digo-vos, infelizes, lixados pela vida, vencidos desolados, sempre empapados em suor, advirto-vos: quando os grandes deste mundo começam a amar-vos é porque vão converter-vos em carne para canhão». O aviso é de Louis-Ferdinand Céline, restaurado pelo polémico, inquiridor, denunciador e demolidor Eric Frattini. Autor de «A Santa Aliança – Cinco Séculos de Espionagem do Vaticano», o jornalista, investigador e escritor nascido em Lima, em 1963, assina mais este título abrasivo: «ONU – História da Corrupção», onde descreve e documenta, sem constrangimentos, 60 anos de fraude, «corrupção, favores, assédio e abusos sexuais, pederastia, nepotismo, clientelismo, esbanjamento, burlas, torturas, subornos, má gestão e uma catastrófica administração» da Organização das Nações Unidas, tida como um «monstro que continua a engordar» exaurindo os ideais que lhe serviram e legitimaram a criação.
Em nota introdutória, datada de 2005, o autor diz que o livro não é um texto histórico sobre as Nações Unidas, mas um capítulo dentro da longa história daquela organização, feito com informação verídica, muita com recurso a documentos "classificados", fornecidos «por funcionários da ONU muito interessados em que se tornassem públicos». A exposição de Eric Frattini é acompanhada de fotografias, reprodução de documentos oficiais, uma extensa bibliografia, e listagem de Organismos e Meios de Comunicação consultados. O resultado é um ensaio que vai desde a raiz da ONU até aos ramos da actualidade.
Ao longo de doze capítulos, feitos degraus de descida aos subterrâneos iníquos do poder, o autor acompanha os mandatos dos sete Secretários-Gerais da organização para relatar como Trygve Lie, primeiro secretário-geral da ONU, cooperou abertamente com o Comité de Actividades Antiamericanas de McCarthy na sua "caça às bruxas" dentro da ONU; como Dag Hammarskjöld permitiu a entrada de agentes da CIA na sede da ONU e como ajudou essa entidade a manipular a política do Congo; como U Thant protegeu seis diplomatas árabes suspeitos de assassinar uma norte-americana numa orgia de sangue e sexo em troca de uma importante doação; como Kurt Waldheim ocultou o seu passado nazi e os seus anos de serviço no exército de Hitler; como Javier Pérez de Cuéllar protegeu e promoveu as influências pessoais e o esbanjamento entre altos funcionários da ONU; como Butros Butros-Gali protegeu altos funcionários da ONU – seus amigos pessoais – de graves acusações de assédio sexual sobre funcionárias da organização; ou como Kofi Annan fechou os olhos em relação aos maiores casos de genocídio no Ruanda e em Srebrenica e, por "omissão", face ao maior caso de corrupção de toda a história da ONU no programa "Petróleo por Alimentos", em que esteve envolvido o seu próprio filho, Kojo Annan».
CAPACETES AZUIS: ABUSOS E IMPUNIDADES
Partindo da asserção de um ex-funcionário da Onu – «Se um capacete azul chega à tua cidade ou aldeia e se oferece para te proteger, foge. Agarra numa arma. A tua vida vale muito menos do que a dele» –, Eric Frattini relembra múltiplos escândalos enredando os “capacetes azuis”. Diz-se que, se em 1988 estas forças da paz das Nações Unidas receberam o Prémio Nobel da Paz, a sua actuação posterior deixou para trás a imagem romântica dos soldados que alimentavam e protegiam as mulheres, os velhos e as crianças.
Referem-se abusos e exploração sexual de mulheres e raparigas no Camboja (1992-1993) ou na Libéria (1993-1997); torturas a prisioneiros na Somália (1992-1995) – «o jornal flamengo Het Laastse Nieuws publicou mesmo fotografias que mostravam um soldado da ONU a urinar sobre o cadáver de um somali»; violações de crianças no Congo (presença desde 1999) e em Moçambique (1992-1994); casos de pederastia na Serra Leoa (presença desde 1998) e no Kosovo (desde 1999); escândalos na Bósnia-Herzegovina (1995-2005) com a prática do mercado negro – tido como «fonte de rendimentos ilícitos para os soldados da ONU» com o qual «estavam a ficar bem ricos e a tornar ricas as máfias locais» –, também da prostituição juntando-se-lhe um rol de insanidades: «pelo menos trinta e dois “capacetes azuis” do Canadá feriram, torturaram e violaram doentes e enfermeiras de um hospital psiquiátrico na Bósnia»; abordam-se «casos de escravatura de mulheres somalis ou bósnias e abandono de civis desarmados às mãos dos seus agressores no Ruanda e Sbrenica», numa lista demasido vasta de condutas atrozes para que possamos ficar indiferentes.
Perante a bizarria e o anómalo, o texto refere que foi pedido por mais de 100 Estados-membros dos 191 que compõem a assembleia-geral da ONU que se rejeitasse a Resolução 1487 do Conselho de Segurança que impedia o Tribunal Internacional de julgar os “capacetes azuis”. Todavia, pode ler-se, «apesar das suas bem intencionadas palavras em que Annan afirmava que a resolução contrariava o espírito da Carta das Nações Unidas, o Conselho de Segurança renovou a 1422 e adoptou a Resolução 1487, como ampliação da anterior e com ela a “autorização de pirataria” para os milhares de “capacetes azuis” espalhados por todo o Mundo».
Um provérbio chinês aconselha: «Antes de iniciar a tarefa de mudar o Mundo, dá três voltas pela tua própria casa». Sendo o Mundo a casa larga de todos, é o dever de cada um participar na arrumação. Não o fazer é deixar a tarefa concentrada só nalguns e legitimar-lhe o poder sobre esse bem que deve ser comum. Este livro mostra-nos o preço e o perigo do comodismo de uma metade da humanidade perante a outra metade.

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