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sexta-feira, 18 de junho de 2010

A 19 de Junho de 1097, os cruzados tomaram Niceia

Primeira Cruzada (1096-1099)

Em 1095, o Concílio de Clermont decreta a concessão de perdão de todos os pecados - indulgência plenária - a todos os que fossem ao Oriente defender os peregrinos, cujas viagens envolviam cada vez maiores riscos. Com uma recepção entusiástica na Europa, aos gritos de "Deus o quer", as populações enchem-se de fervor e aderem àquela medida papal, nomeadamente a França. Em França, são inúmeros os que, oriundos de vários "grupos sociais", envergam desde logo um traje com uma enorme cruz (daí cruzados) e que se colocam ao serviço da Igreja para rumarem ao Oriente. Muitos venderam ou hipotecaram mesmo os seus bens para adquirirem armas para o efeito e obterem dinheiro para a viagem.
Entre os mais humildes, formou-se mesmo uma "cruzada do povo", congregada em torno de Pedro, o Eremita, exortador da mesma. Atravessaram a Hungria e a Bulgária, causando desordens e desacatos, sendo em parte aniquilados pelos búlgaros e depois dizimados pelos turcos em 1096. Outros grupos, como os alemães, que aproveitaram para massacrar judeus, foram proibidos de cruzar nas fronteiras bizantinas.
Em termos de exércitos organizados, existiam quatro grupos. Um sob o comando de Hugo de Vermandois, irmão do rei francês, Filipe I, que partiu em 1096. Parte deste grupo naufragou no Adriático, enquanto os restantes, comandados por Godofredo de Bolhão, duque da Baixa Lorena, e por seus irmãos Eustáquio e Balduíno, atingiram Constantinopla em Dezembro. O segundo grupo era comandado por Boemundo de Tarento, normando do Sul de Itália, velho inimigo de Bizâncio. Chega a Constantinopla em Abril de 1097. O mais numeroso dos exércitos era o de Raimundo de Saint-Gilles, conde de Toulouse, acompanhado de Ademar de Monteil, legado do Papa e bispo de Puy. Chegaram a Constantinopla em Abril do mesmo ano, vindos pela Dalmácia (actual costa croata). O quarto e último contingente, sob as ordens de Roberto da Flandres, a par de Roberto da Normandia, irmão de Guilherme II de Inglaterra, bem como Estêvão de Blois, chegou também à capital bizantina. Ao todo, reúnem-se perto de 30 mil cruzados em Constantinopla, dos quais cerca de 25 mil combatentes a pé. Concordam todos em tomar a Palestina aos Turcos e depois devolver os seus territórios ao imperador bizantino, autor desta exigência.
Assim, em 19 de Junho de 1097 os cruzados tomam Niceia, chegando aos arredores de Antioquia em 20 de Outubro, não sem recontros duros com os turcos pelo caminho. Esta cidade, todavia, dotada de altas muralhas e muito bem defendida, somente cairá a 3 de Junho de 1098, após o extermínio da sua população islâmica. Mais tarde, depois de nova vitória contra os turcos, os cristãos ver-se-ão a braços com uma peste mortífera, que contudo não os impedirá de marchar sobre Jerusalém, agora em poder dos califas fatímidas do Cairo. Com poucas armas e provisões, os cerca de 1200 cavaleiros e 12 mil soldados cruzados começam os ataques à cidade em 15 de Julho de 1099, sob o comando de Godofredo de Bolhão, que chegou mesmo a abrir uma das portas da muralha. Neste mesmo ano, conseguem tomar Jerusalém, empreendendo posteriormente a chacina de grande parte da sua população judaica e muçulmana, entre homens, mulheres e crianças.
A maior parte dos cruzados regressaram à Europa, contrariamente a Godofredo, que ficou em Jerusalém, onde foi aclamado pelos cristãos como governador e defensor do Santo Sepulcro, contrariamente às promessas feitas ao imperador bizantino. Ainda na sequência desta primeira Cruzada, criar-se-á, em meados do século XII, o reino cristão de Jerusalém, o primeiro dos instalados na Terra Santa, fundando-se igualmente os condados de Edessa e Trípolis e o principado de Antioquia. Instalam-se também nesta altura as Ordens Religiosas Militares para defesa dos lugares conquistados pelos cristãos: Hospitalários (1113) e Templários (1118). Os estados latinos da Terra Santa ganham também notoriedade económica, o que desvirtua o projecto das Cruzadas e faz despontar rivalidades violentas, vulnerabilizando a região face ao ressurgimento de estados muçulmanos vizinhos, como o de Mossul, que se estava a instalar na Síria.

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