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terça-feira, 1 de junho de 2010

A 2 de Junho de 1970, morreu Bruce Mclaren

Bruce Leslie McLaren nasceu fadado para ser piloto de automóveis. O seu pai, Les, era dono de uma estação de serviço e oficina de mecâni-ca de automóveis, nos arredores da cidadezinha de Remuera, onde o pequeno Bruce gastava todas as horas livres da sua infância. Além disso, Les foi o principal responsável pela sua entrada no mundo das corridas e o seu primeiro e maior impulsionador e fã. Porém, não foi uma entrada fácil: aos nove anos, contraiu a doença de Perthes, que o levou ao hospital, onde permaneceu em tracção durante vários meses.Em consequência, a sua perna esquerda ficou mais curta que a direita – mas nem isso o impediu de se tornar um dos me-lhores pilotos de automóveis do Mun-do. E, também, o fundador da McLaren e construtor de reno-me, com experiência não apenas na F1, mas também na Fórmula Indy e nas séries norte-america-nas de “sport” e protótipos, como a Can-Am. Uma paixão que lhe foi fatal, aos 32 anos apenas e com ainda tanto para dar.
Talento precoce
Bruce McLaren tinha recuperado havia pouco da doença, quando o pai lhe fez uma surpresa: ofe-receu-lhe um velho Austin 7 Ulster, to-talmente recuperado e preparado para as corridas. O jovem imberbe tinha ape-nas 14 anos, quando participou na sua primeira prova, uma rampa. Dois anos mais tarde, oficializou essa paixão, em mais uma rampa, onde mostrou qualidades insuspeitas. Traçou-se então o seu futuro.
Até 1958, ano em que viajou para Inglaterra, com uma espécie de bolsa de estudo, Bruce McLaren ganhou tudo o que havia para ganhar no seu pequeno país. De-pressa passou do velho Austin 7 para um Ford 10 Special e, logo de seguida, pa-ra um mais competente Austin-Healey. A sua estreia em monolugares, com um Cooper-Climax de F2, foi notável: em 1957 e 1958, lutou pelo título no campeonato local.
Depois, foi a emanci-pação: a sua presta-ção no Grande Pré-mio da Nova Zelân-dia de 1958 não pas-sou despercebida a um tal Jack Brabham, piloto que viria a ser Campeão do Mundo de F1 nos dois anos seguintes e que, de imediato, chamou a atenção da Cooper, equipa onde corria na Europa, para o indiscutível talento daquele jovem franzino e de ar simpático. Aliás, foi a sua performance nessa prova que o levou até ao outro lado do Mundo: os organizadores da prova seleccionaram-no como vence-dor da sua iniciativa “Drivers for Europe” e que consistia em patrocinar um jovem de talento, lançando-o nas corridas internacionais, onde elas aconteciam de facto: no Reino Unido.
Piloto e construtorBruce McLaren chegou assim à Europa e, quase de seguida, inscreveu-se no Grande Prémio da Alemanha de F1, que se rea-lizava então no velho Nurbur-gring e permitia que os F2 corressem ao mesmo tempo que os F1. McLaren alinhou com um F2 – e fê-lo de tal forma bem que terminou em 5º da geral, vencendo a categoria de F2! Foi o abrir das portas da Cooper, formação onde se manteve a correr durante os sete anos seguintes, mesmo depois de ter fundado a sua própria equipa, em 1963: a Bruce McLaren Motor Racing, Ltd.
A sua primeira tem-porada completa na F1 foi a de 1959 – nesse ano, tornou-se o piloto mais jovem de sempre (sem contarmos com Troy Ruttman, que tinha ganho as Indy 500 com uma idade ainda mais “tenra”), a vencer uma corrida de F1 pontuável para o Campeonato do Mundo: o Grande Prémio dos Estados Unidos, com 22 anos e 80 dias. Provando que essa não tinha sido uma vitória de sorte, McLaren ganhou logo de seguida a primeira prova da temporada de 1960, o Grande Prémio da Argentina, lutando pelo título até ao final com… Jack Brabham, o seu protector!
A terceira vez que McLaren triunfou num Grande Prémio de F1 foi no Mónaco, em 1962 – e, nesse ano, acabou num magnífico terceiro lugar do Mundial. No ano seguinte, fundou a sua própria equipa, que no entanto apenas chegou à F1 em 1966, com ele e outro neo-zelandês, Chris Amon, como pilotos. Até então, McLaren tinha continuado a correr com a Cooper, ganhando uma magnífica coroa de glória com a vitória no “seu” Grande Prémio da Nova Zelândia, em 1964.
Na McLaren, Bruce contratou para o lugar de Amon, que acabara de assinar pela Ferrari, outro compatriota: nada mais nada menos que Denny Hulme, que em 1967 tinha ganho o título mundial, com a Brabham. 
Estava-se em 1968 e, nesse ano, a McLaren conquistou a sua primeira vitória na F1, no Grande Prémio da Bélgica, com Bruce Leslie ao volante! Outro momento ines-quecível – num ano também ele inesque-cível, até porque Hul-me ganhou outras duas provas de F1 (a equipa McLaren termi-nou em segundo o Mundial com o carro cor de laranja – onde, depois da temporada de 1969, que a equipa acabou em quarto lu-gar, mesmo sem ne-nhuma vitória, Bruce gravou o “Kiwi corredor”, em homenagem à sua terra.
Morte súbitaO ano de 1970, que prometia ser de glória, acabou por ser de tragédia. Bruce McLaren tinha descoberto o mundo das corridas ameri-canas, que escolheu por serem mais competitivas, mais permissivas em relação às regras e terem motores realmente potentes, bem como os inevitáveis e apelativos chorudos prémios monetários. Por isso, em 1967, depois de ter ganho no ano anterior as 24 Horas de Le Mans, com um Ford GT40 e fazendo equipa com o seu amigo Amon, Bruce cruzou mais um oceano, desta feita o Atlântico e, com as suas próprias criações, depressa se tornou num símbolo das corridas dos “States”. Aqui, era bem aceite e mimado pelos fãs. Desenhador e engenheiro tão talentoso quanto bom piloto, McLaren foi criando carros vencedores atrás de carros vencedores. Em cinco anos, ganhou tudo o que havia para ganhar – suces-so previsto desde o início, quando subiu sempre ao pódio nas primeiras seis corri-das de Can-Am que disputou! Neste cam-peonato, ele, Denny Hulme e, mais tarde, Dan Gurney, ocupa-vam sempre os três lugares do pódio, não deixando espaço para mais ninguém; felizmente, nessa altura ainda não havia a mania de se alterarem as regras a meio do jogo, como depois aconteceu e, ainda hoje, sucede, sempre que um mesmo carro ou piloto se afirmam como dominadores nas provas em terras do Tio Sam!Portanto, no início de Junho de 1970, em plena senda vitorio-sa, Bruce McLaren deslocou-se até à pista de Goodwood, para testar mais um novo monolugar da Can-Am, o revolucio-nário M8D, com o enorme motor Chevy, que seria o dominador da série americana na temporada seguinte. Numa das voltas, quando seguia em plena recta a mais de 250 km/h, saltou o “capot” traseiro do carro. Sem apoio aerodinâmico, o M8D levantou voo e, em pleno ar, começou a derivar para a direita, saindo, sempre em voo, dos limites da pista. Sem o poder controlar, Bruce viu aproximar-se um posto de comissá-rios, onde o carro embateu sem a velocidade ter diminuído. O choque foi terrível, desintegrando-se a frágil construção, bem como o M8D; o piloto morreu de imediato. Ainda não tinha cumprido 33 anos de idade. Foi aqui que começou o início da lenda – e do sucesso, que ainda hoje continua.
Bruce McLaren ven-ceu quatro Grandes Prémios de F1 e as 24 Horas de Le Mans. Mas não con-seguiu ser Campeão do Mundo de Pilotos. Porém, deixou um legado notável: a “sua” equipa. Depois de ter ganho cinco títulos e 56 corridas (algumas delas com Bruce ao volante) na América do Norte; depois das vitórias em Le Mans, Sebring e nas 500 Milhas de Indianapolis; depois de 12 títulos de Construtores e oito de Pilotos e de 165 triunfos, na F1, hoje a McLaren está no comando do Mundial e prepara-se para ser um osso duro de roer para as equipas favoritas na corrida aos títulos mundiais de 2010: a Red Bull e a Ferrari.
Texto: Hélio Rodrigues

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