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terça-feira, 1 de junho de 2010

A 2 de Junho de 1997, foi executado Timothy McVeigh

Timothy McVeigh: Perfil de um bombista revoltado com o Governo americano
Por Susana Almeida Ribeiro

McVeigh combateu na Guerra do Golfo. Regressou aos EUA com medalhas de mérito. No regresso resolveu vingar-se do mesmo Governo que o condecorou por ter morto iraquianos. Foi sentenciado à pena de morte. "Estranho paradoxo", diz o condenado.
 
Timothy McVeigh nasceu no dia 23 de Abril de 1968 em Pendleton, no estado de Nova Iorque. Foi o segundo filho do casal McVeigh e único homem. O pai trabalhava numa fábrica da General Motors e a mãe numa agência de viagens. O casal acabou por se separar definitivamente, após dois afastamentos, em 1984.
Os colegas de escola de McVeigh lembram-no como um rapaz pacato, tímido e sem namoradas. Não pertencia a nenhum "grupo" definido de jovens e a certa altura começou a ser encarado como alguém que vivia à margem. Terminou o liceu em Junho de 1986 e no Outono seguinte entrou num curso de Economia e Finanças que acabou por não completar. Durante esse tempo, McVeigh viveu em casa do pai e trabalhou, durante alguns meses, num Burger King.

Filosofia "sobrevivencialista"

Em 1987 McVeigh conseguiu uma licença de porte de arma e arranjou trabalho como segurança. Um colega de trabalho lembra-se que McVeigh possuía, já então, numerosas armas de fogo e acreditava numa filosofia de vida "sobrevivencialista" - tinha a tendência para acumular bens de primeira necessidade e armas, preparando-se para aquilo que acreditava ser a queda iminente da sociedade. O "sobrevivencialismo" é uma das muitas correntes antigoverno. São pessoas que se definem como defensores da segunda emenda da Constituição, que diz que "uma milícia bem apetrechada é necessária para a segurança do Estado, pelo que o direito do povo a possuir armas de fogo não deve ser infligido".
Em 1988, McVeigh e um amigo compram alguns terrenos e transformam-nos em campos de tiro.

Passagem pelo Exército

McVeigh encorporou o Exército norte-americano em Maio de 1988 e foi aí que conheceu Terry Nichols - cúmplice no atentado de Oklahoma. Nichols estava convencido, tal como McVeigh, de que o Governo só existia para lhe fazer mal.
Com o tempo, McVeigh acabou por se tornar líder do seu pelotão. Os colegas do Exército lembram McVeigh como um soldado com grande interesse por armas, possuíndo, ele próprio, uma colecção invejável de revólveres. Enquanto os outros soldados costumavam, nas folgas, descer à cidade em busca de divertimento, McVeigh isolava-se na base e ficava a limpar armas. Durante o tempo que passou no Exército costumava aconselhar a leitura da obra "The Turner Diaries", a bíblia dos "sobrevivencialistas" que é também um manifesto racista e anti-semita. No livro, escrito por William Pierce, antigo chefe do Partido Nazi dos EUA, o herói declara guerra ao Governo e destrói a sede do FBI (polícia federal).
Em 1990, quando McVeigh se preparava para participar em treinos específicos que lhe abririam as portas das Forças Especiais, a sua divisão foi enviada para a Guerra do Golfo. No regresso, condecorado, tentou de novo a sorte junto das Forças Especiais mas falhou numa das provas de esforço.
No Outono de 1991, devido a reduções nos efectivos do Exército, McVeigh gozou de uma retirada antecipada.
Em Janeiro de 1992, com 24 anos, viu-se de novo em casa do pai e a trabalhar enquanto segurança.

De errante a bombista

Um ano mais tarde, McVeigh começou a viajar pelo país. Instalava-se em hotéis baratos e, por vezes, ficava com dois ex-colegas do Exército, viajando para todas as feiras de armas do país, onde fazia pouco negócio e muita actividade de "profeta". Distribuía panfletos antigoverno e conversava com o público, tentando recrutar membros para a sua causa.
Durante esse tempo, viajou até Waco, Texas, precisamente na altura em que a seita Davidiana era cercada pelos serviços do FBI, durante os meses de Março e Abril de 1993. Nessa altura chegou mesmo a ser filmado junto às imediações da quinta. Não admitia o direito do Governo em proibir David Koresh, o líder, e os seus seguidores de possuírem armas ou de viverem como lhes apetecesse.
Depois do "bunker" se ter incendiado e dos membros da seita terem morrido, McVeigh decidiu dar uma lição ao Governo. No dia 19 de Abril de 1995, no segundo aniversário do massacre de Waco, o edifício Murrah de Oklahoma explodiu. Timothy McVeigh, circulando em excesso de velocidade, foi parado pela polícia a algumas centenas de quilómetros do lugar do atentado. Ao ser preso, tinha vestida uma "t-shirt" com a frase emblemática de Thomas Jefferson, o terceiro Presidente norte-americano: "A árvore da liberdade deve ser regada de vez em quando com o sangue dos patriotas e dos tiranos." 

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