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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fred Astaire morreu de pneumonia em junho de 1987


Fred Astaire, o maior dançarino que o cinema já viu, nasceu há 110 anos Foto: Getty Images
Reza a lenda que no seu primeiro teste para o cinema ele foi avaliado da seguinte maneira: Não sabe interpretar, é ligeiramente calvo e sabe dançar. Muitos anos mais tarde, a única pessoa que podia rivalizar com seu talento, Gene Kelly, declarou: "A dança em filmes começou com Fred Astaire".
Frederic Austerlitz Jr. nasceu em Omaha em 10 de maio de 1899, filho de um cervejeiro austríaco radicado nos Estados Unidos e de uma americana de ascendência alemã. Começou sua carreira artística aos cinco anos de idade nos palcos de vaudeville ao lado de sua irmã mais velha, Adelle.
Estudioso de dança e sempre buscando novos passos e ritmos, aos 17 anos conheceu o compositor George Gershwin e a amizade dos dois teria um impacto profundo na carreira de ambos. Durante os anos 1920 e começo dos anos 1930, Astaire e Adele se apresentaram na Broadway e em palcos londrinos justamente em musicais compostos por Gershwin, entre eles Lady Be Good (1924), Funny Face (1927), eA Roda da Fortuna (1931). Quando Aldele se casou em 1932, a dupla se separou de vez.
Foi na RKO que aconteceu o teste que virou lenda na história do cinema e que o levou a ser emprestado à MGM para sua estréia nas telonas ao lado de Joan Crawford em Amor de Dançarina de 1933. De volta ao estúdio que tinha seu passe, o dançarino apareceu pela primeira vez ao lado de sua dupla mais famosa, Ginger Rogers, em Flying Down to Rio. Apesar de não irem muito com a cara um do outro (ele estava acostumado a dançar com a irmã e relutava em ter uma nova parceira. Ela se irritava com seu perfeccionismo), os dois fizeram 10 filmes juntos, tornando-se sinônimo de boa bilheteria para o estúdio. A grande artista Katherine Hepburn explicou o sucesso da dupla: "Ele tem classe. Ela tem sensualidade".
Mesmo no começo de carreira, Astaire tinha liberdade total para desenvolver suas coreografias e, num feito quase inédito na época, recebia uma porcentagem da bilheteria. Inovou a maneira de se filmar cenas musicais exigindo que a câmera ficasse parada ("ou os dançarinos giram ou a câmera", dizia ele) e também fazendo a música e a dança casar com o enredo do filme.
Em 1939, Astaire deixou a RKO e passou a agir como freelancer dançando com Eleanor Powell em Broadway Melody, de 1940, com Bing Crosby em Holiday Inn, de 1942 e Romance Inacabado, de 1946, onde cantou a música que mais ficaria atrelada à sua figura, Puttin' on the Ritz. Nessa fase, apareceu também ao lado de Rita Hayworth, Lucille Ball e na única parceira com Gene Kelly no filme Ziegfeld Follies, em 1946. Neste mesmo ano, anunciou sua aposentadoria e foi cuidar de suas duas grandes paixões: fundou o Fred Astaire Dance Studio (que vendeu em 1966) e passava o tempo em corrida de cavalos.
Entretanto em 1948, foi chamado para substituir Gene Kelly, que estava machucado, em Desfile de Páscoa, contracenando com Judy Garland e Ann Miller. Nos anos 50, apareceu em inúmeros filmes musicais, com destaque para Núpcias Reais, de 1951 (onde literalmente sobe as paredes em uma cena), A Roda da Fortuna, de 1953, e Meias de Seda, 1957, ambos com Cyd Charisse, e ainda Cinderela em Paris, com Audrey Hepburn.
Finalmente, em 1959, Astaire se aposentou dos filmes musicais e fez sua primeira aparição em uma atuação dramática no filme A Hora Final, sobre os efeitos de uma hecatombe nuclear. Acabou indo dançar na televisão e seu programa An Evening with Fred Astaire, que ganhou nove prêmios Emmy somente na temporada de estréia. Continuou a atuar mesmo na terceira idade e fez pontas em Inferno na Torre, de 1974 (recebendo uma indicação ao Oscar por seu papel), Era uma vez em Hollywood, um documentário sobre os anos clássicos da dança no cinema, e no cult trash Os Incríveis Dobbermans, de 1976. Sua última aparição foi em Histórias de Fantasmas ao lado de dois outros grandes monstros do cinema antigo, Melvyn Douglas e Douglas Fairbanks Jr.
Fred Astaire morreu de pneumonia em junho de 1987. Pontuou suas rotinas de dança com graça, elegância, leveza e originalidade. Perfeccionista ao extremo, exigia muitos ensaios e inúmeras refilmagens de cena, tanto que no filme Imagine, de John Lennon, fez uma aparição-surpresa que consistia simplesmente em conduzir Yoko Ono para dentro de um prédio, mas Astaire quis fazê-la duas vezes para ficar bom. Deixou como legado sua dança e o indefectível fraque, sempre acompanhado de uma cartola. Um estilo que dificilmente aparecerá de novo.
Especial para Terra

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