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domingo, 20 de junho de 2010

Leonel de Moura Brizola, morreu a21 de Junho de 2004




Leonel de Moura Brizola nasceu em 22 de janeiro de 1922 no povoado de Cruzinha, que pertenceu a Passo Fundo (RS) até 1931, quando passou à jurisdição de Carazinho (RS). Seu pai, o lavrador José de Oliveira Brizola, morreu na Revolução Federalista de 1923, lutando nas tropas de Joaquim Francisco de Assis Brasil, que combatiam os republicanos de Borges de Medeiros.

Alfabetizado por sua mãe, Onívia de Moura Brizola, começou na escola primária em 1931, em Passo Fundo. Em 1936, matriculou-se no Instituto Agrícola de Viamão, perto de Porto Alegre, formando-se técnico rural em 1939. Nessa época, trabalhou como graxeiro numa refinaria em Gravataí (RS).

Em 1940, mudou-se para Porto Alegre e obteve emprego no serviço de parques e jardins da prefeitura. Para continuar seus estudos, matriculou-se no Colégio Júlio de Castilhos para fazer o curso supletivo. Em 1945, começou a cursar engenharia civil na Universidade do Rio Grande do Sul, formando-se em 1949.

PTB

Simpatizante do presidente Getúlio Vargas, Brizola ingressou no PTB em agosto de 1945, integrando o primeiro núcleo gaúcho do novo partido. Em 19 de janeiro de 1947, ele foi eleito deputado estadual, participando da elaboração da Constituição gaúcha. O PTB, que tinha a maioria na Assembléia, aprovou (com o apoio de Brizola) a instituição do regime parlamentarista no Estado --governado por Válter Jobim, do PSD--, mas o STF decidiu que essa decisão era inconstitucional.

Em 1º de março de 1950, Brizola casou-se com Neuza Goulart, irmã do então deputado estadual João Goulart. O padrinho do casamento foi o próprio Getúlio Vargas --que, em 3 de outubro, foi eleito presidente da República. No mesmo pleito, Brizola foi reeleito deputado estadual. Em março de 1951, Brizola tornou-se líder do PTB na Assembléia Legislativa e pouco depois se candidatou a prefeito de Porto Alegre. Perdeu o pleito, em 1º de novembro, por pouco mais de 1% dos votos.

Em 1952, ele foi nomeado secretário de Obras do governador Ernesto Dornelles (PTB). Dois anos depois, foi eleito deputado federal pelo PTB em outubro de 1954. Tomou posse na Câmara em 1955, mas ficou pouco tempo na Casa: em outubro de 1955, foi eleito prefeito de Porto Alegre. Sua gestão foi marcada pela construção de escolas primárias e melhoria dos transportes coletivos na cidade.

Em outubro de 1958, foi eleito governador gaúcho, com mais de 55% dos votos. Empossado em janeiro de 1959, criou a Caixa Econômica Estadual e adquiriu o controle acionário do Banco do Rio Grande do Sul. Criou a Aços Finos Piratini e a Companhia Riograndense de Telecomunicações e pressionou o governo federal a instalar uma refinaria no Estado. Encampou a Companhia Telefônica Rio-Grandense, uma subsidiária da ITT. No setor de educação, construiu 5.902 escolas primárias, 278 escolas técnicas e 131 ginásios e escolas normais.

Em 1960, apoiou as candidaturas do general Henrique Lott (PSD) à Presidência e de João Goulart (PTB) para vice. Lott perdeu, mas Goulart foi eleito vice de Jânio Quadros.

Ideologia

A história do Rio Grande do Sul e do menino pobre se misturam no perfil intelectual de Leonel Brizola.

Além da herança trabalhista de Getúlio Vargas, Brizola cultuava a tradição republicana e laica de Júlio de Castilhos (1860-1903), ex-presidente (o equivalente a governador) do Rio Grande do Sul.

''No exílio, ele andava sempre com um manifesto de Júlio de Castilhos no bolso', diz João Carlos Guaragna, antigo colaborador.

Em 1986, ao receber do economista Roberto Mangabeira Unger alguns livros sobre ciência política, Brizola foi à estante e voltou com um volume que resumia o ideário de Castilhos.

"Vamos fazer uma coisa: eu leio os seus (livros) e você lê o meu", disse para Unger, professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Os clássicos do pensamento socialista nunca desfrutaram do mesmo prestígio. Brizola comparava o marxista a alguém que trabalha com um microscópio, que "enxerga a molécula de uma folha mas não distingue a floresta".

Pensamento

Embora de origem católica, Brizola deixa transparecer outra marca do passado: a influência do pastor metodista Isidoro Pereira.

Ainda adolescente, Brizola morou na casa de Isidoro durante dois anos. Chegou a fazer pregações na igreja do pastor.

"As falas do Brizola são recheadas de imagens rurais, de inspiração bíblica. Ele fala através de parábolas", comentou certa vez o então vereador Saturnino Braga, ex-prefeito do Rio e atual senador do PT.

Ante eventuais contestações ao domínio que exerce no PDT, Brizola costumava utilizar uma de suas imagens favoritas. Dizia que os dissidentes estão "costeando o alambrado" referência aos bois que estão prestes a ultrapassar as divisas de uma fazenda.

Em dez anos, pularam a cerca da fazenda de Brizola, entre outros, todos os quatro últimos prefeitos do Rio: Saturnino e Jamil Haddad (ambos foram para o PSB), Marcello Alencar (hoje no PSDB) e César Maia, eleito pelo PMDB e atualmente no PFL.

Se Isidoro significou para Brizola o acesso a um conhecimento mais cultivado, as primeiras letras, diz ele, com orgulho, aprendeu com a própria mãe.

Oniva era a viúva do maragato José Brizola, morto em 1923 na luta contra os chimangos de Borges de Medeiros, então no poder no Rio Grande havia 20 anos.

Em 1936, Brizola ganha uma passagem da prefeitura de Carazinho e vai estudar em Porto Alegre, onde trabalha como engraxate, trocador de farmácia e ascensorista.

Ingressa no curso de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul em 1943, mesmo ano em que se filia ao PTB.

Deputado estadual já em 1947, Brizola conclui o curso só em 1949. Jamais exerceu a profissão. Optou pela política.


da Folha de S.Paulo

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