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quarta-feira, 23 de junho de 2010

O LOCAL DA BATALHA DE S. MAMEDE

O LOCAL DA BATALHA DE S. MAMEDE


A batalha de S. Mamede, travada no dia 24 de Junho de 1128, tem sido considerada o marco essencial da Fundação de Portugal, na medida em que com ela se iniciou a definição do território que hoje é Portugal. O local da batalha é-nos dado pela Crónica dos Godos:
“Commisit  prelium  in  campo  Sancti  Mametis  quod  est
prope castellum de Vimaranes et contriti sunt” (inimici)
O texto revela-nos que não se tratou de um mero torneio, uma vez que a referida Crónica, muito próxima dos acontecimentos, fala em batalha (“prelium”) e que os inimigos foram esmagados (contriti).
A Crónica dos Godos diz-nos também que “D. Afonso Henriques travou com eles, indignos e estrangeiros da nação, combate no Campo de S. Mamede, próximo do castelo de Guimarães (prope castellum), venceu-os e prendeu-os na sua fuga”.
Ao contrário do que refere uma placa colocada no lugar de Ataca, o primeiro recontro não ocorreu neste local, mas sim na veiga de Creixomil, na entrada de Guimarães para quem procede dos lados do Porto, conclusão que se retira dos seguintes factos:
1 – As tropas de Fernão Peres e os cavaleiros fiéis a D. Teresa, vindos das regiões de Coimbra e Viseu, atravessaram o Douro e dirigiram-se a Guimarães onde se encontrava D. Afonso Henriques. Daí que a entrada dessas tropas em  Guimarães se fizesse pela denominada estrada real, que corre paralelamente ao rio Selho até à chamada Ponte da Pisca.
2 – Na entrada da Veiga de Creixomil, para quem procede dos lados do Porto, encontra-se o lugar de “Reboto”, topónimo que significa “perda de energia, perder o gume (de instrumento cortante), derrota.” Ou, em termos de lenda popular local, a água do Rio Selho (chamado também Reboto nesse local) turbada com o sangue proveniente dos soldados caídos na batalha.
3- Próximo do lugar de Reboto existe o lugar do Outeiro, situado numa pequena colina que poderia ter servido,  presumivelmente, de posto de vigia, com largo alcance visual sobre toda aquela  zona.
4 – Duarte Galvão (1446?-1517) situa o recontro no lugar de Santidanhas (ou Santilhanas na crónica impressa) que Fernão Lopes chama “Sam Redanhos”, colocando-o a  meia légua de distância de Guimarães. Essa distância contada desde o Castelo até a esse lugar é,  sensivelmente, a distância dessa meia légua a que se reportam os referidos cronistas.
5 – O historiador José Hermano Saraiva defende que “Sam Redanhas” é um castelhanismo que significa “acto de bravura/feito corajoso e que estará ligado ao inicio da Batalha de S. Mamede, ao primeiro recontro, precisamente nesse local.
6 -O nome “Sam Redanhas” mais que um topónimo é uma qualificação do facto, ocorrido em toda a zona onde se travou esse primeiro recontro.
7º- A zona onde se encontra o lugar de Ataca é extremamente acidentado para servir de 1º recontro a uma batalha medieval, sabendo-se para mais que a sua escolha dependia exclusivamente da vontade dos atacantes e não das tropas de D. Afonso Henriques.
Esse primeiro recontro inicialmente não teria corrido bem ao jovem Afonso Henriques, razão pela qual teve que recuar para junto do Castelo (prope castellum), tendo então aí derrotado definitivamente as tropas “inimigas”. Depois aconteceu a sua fuga, conforme nos diz a Crónica dos Godos, muito próxima dos factos: “D. Afonso Henriques venceu-os e prendeu-os na sua fuga”.
Então, a captura ocorreu no lugar de Ataca, quando as tropas derrotadas iniciaram a fuga em direcção à Póvoa de Lanhoso, onde deveria estar D. Teresa. O termo “Ataca”,  no contexto militar, significa “captura”. Recorde-se a palavra “atacador” (dos sapatos) que tem precisamento o sentido de “envolvência”, de “atar”, de “fechar”.
Deste modo, o prélio de 24 de Junho de 1128, travado no triângulo formado pela veiga de Creixomil, campo de S. Mamede e Ataca, em que se defrontaram as hostes de D. Teresa com as do infante Afonso Henriques, seu filho, pôs praticamente termo ao dissídio entre as duas facções rivais com a vitória do infante e a sua investidura no governo da terra Portucalense.

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