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quinta-feira, 15 de julho de 2010

A 16 de Julho de 1916, nasceu Mário Dionísio

Mário Dionísio


Nome: Mário Dionísio de Assis MonteiroNascimento: 16-7-1916, LisboaMorte: 17-11-1993, Lisboa

Poeta, crítico, pintor, romancista, licenciou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, onde viria a desenvolver actividade docente. Mário Dionísio desempenhou um papel importante na teorização do Neo-Realismo, movimento literário que, pelas décadas de 40-50, à luz do materialismo histórico, valorizou a dimensão ideológica e social do texto literário, enquanto instrumento de intervenção e de consciencialização. Precisando, em prefácios, artigos e ensaios, as definições, história e alcance do movimento neo-realista, defende uma acepção ampla e intrinsecamente estética do conceito de realismo nos anos 40. Analisando, por exemplo, em 
Conflito e Unidade da Arte Contemporânea , os grupos antagónicos em que se digladiava a arte contemporânea, o da arte abstracta e o da arte realista, vê que se apresentava aí um falso antagonismo, mais ideológico e sentimental do que artístico: na verdade não existiriam duas artes, mas apenas uma arte que, "vítima do nosso próprio conflito, se desmembra em aspectos parcelares, se degrada, se corrói quase até à destruição, se separa em duas partes incompletas, artificiais, insustentáveis, caricaturais, estéreis e perniciosas, quando chegam ao extremo da sua evolução" (Conflito e Unidade da Arte Contemporânea , Lisboa, 1958, pp. 30-33). Considera, assim, a criação estética realista como um "compromisso constante com a realidade sem esquecer o mundo íntimo", não sendo, como arguíam os seus opositores, alheia ao conhecimento do Homem na sua individualidade, às suas pulsões inconscientes, às conquistas formais do irrealismo, mas submetendo-a a uma atitude de solidariedade, de abnegação, de alta humanidade (REIS, Carlos - Textos Teóricos do Neo-Realismo Português , Lisboa, 1981, pp. 62-66). É desta convicção de que na obra de arte "forma conteúdo se não podem separar sem ficarem ambos a escorrer sangue" que chega a criticar a obra romanesca de Alves Redol, cuja falta de modernidade do estilo impede que os assuntos dos romances do autor de Gaibéusalcançassem o estatuto de obras de arte (ib ., p. 179). No âmbito da tentativa de uma reforma cultural encetada pelos intelectuais neo-realistas, através de palestras e acções culturais realizadas em vários pontos do país, participou num esforço conjunto de aproximar a arte e o público, de que resultou, por exemplo, a obra A Paleta e o Mundo , constituída por uma série de lições sobre a arte moderna. Poeta e ficcionista empenhado, fiel ao "novo humanismo", atento à verdade do indivíduo, às suas dolorosas contradições, acolheu, na sua obra, o espírito de modernidade e as revoluções linguísticas e narrativas da arte contemporânea.
Bibliografia: Meridianos de Arte e Literatura (colab.), Porto, 1950; Encontros em Paris, s/l, 1951; O Drama de Vincent Van Gogh,Coimbra, 1953; Conflito e Unidade da Arte Contemporânea, Lisboa, 1958; Ficha 14, 1944; A Paleta e o Mundo, Lisboa, 1956-62;Introdução à Pintura, Lisboa, 1963; Portinari 1903-1962, Lisboa, 1963; pref. a OLIVEIRA, Carlos de - Casa na Duna, 3.a ed., Lisboa, 1964; pref. a FONSECA, Manuel da - Poemas Completos, Porto, 1969; pref. a REDOL, Alves - Barranco de Cegos, Lisboa, 1970; pref. a FERREIRA, José Gomes - O Mundo dos Outros, Lisboa, 1978; pref. a id. - Poeta Militante, Lisboa, 1983; pref. a PIRES, José Cardoso - O Anjo Ancorado, 7.a ed., Lisboa, 1984; Obras Completas, 10 vols., Lisboa, 1966-1982; Oiro!: Caricatura duma Civilização, Novela, Lisboa, 1934; O Dia Cinzento, Coimbra, 1944; O Dia Cinzento e Outros Contos, Lisboa, 1967; Não Há Morte nem Princípio, Lisboa, 1969; Monólogo a Duas vozes, Lisboa, 1986; A Morte é para os Outros, Lisboa, 1988; Autobiografia, Lisboa, 1987; Via Luminosa e Outros Poemas, Lisboa, 1934; As Solicitações e Emboscadas, Coimbra, 1945; O Riso Dissonante, Lisboa, 1950; Memória Dum Pintor Desconhecido, Lisboa, 1965; Poesia Incompleta, Lisboa, 1966; Le Feu Qui Dort, 1967; Terceira Idade, Lisboa, 1982

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