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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vasco da Gama partiu de Lisboa no dia 8 de Julho de 1497, com destino da India

Até à sua viagem à Índia, a vida de Vasco da Gama é muito pouco conhecida. Pensa-se que terá nascido em 1468 ou 1469, em Sines. Os seus pais eram Estêvão da Gama e Isabel Sodré. Era segundo filho e, por isso, não teria direito a título ou fortuna. Como alternativa, foi pensada uma carreira eclesiástica. Chegou a ser ordenado, juntamente com os seus três irmãos, mas não era isso que o futuro lhe reservava. 

Recebeu educação de nobre e serviu na corte de D. João II. Também serviu nas armadas e em 1492 foi enviado para Setúbal e o Algarve para dirigir a captura de navios franceses, como retaliação pelos ataques dos corsários gauleses contra a navegação portuguesa. “Vasco da Gama projectou a Europa no mundo” diz Marcelo Rebelo de Sousa, professor catedrático da Universidade de Lisboa. 

D. Manuel I subiu ao trono após a morte de D. João II. A Índia era a terra de todas as riquezas e de todos os fascínios. Era também donde vinham as especiarias. D. Manuel decidiu avançar com a descoberta do caminho marítimo para a Índia. Segundo os relatos históricos, D. Manuel terá convidado Paulo da Gama, irmão de Vasco, para ser o capitão-mor da expedição. Não se sentindo bem de saúde, Paulo terá declinado o convite, indicando ao rei o nome de Vasco da Gama. Apesar de tudo, Paulo não deixou de participar na viagem. Assumiu o comando de uma das naus. 

Vasco da Gama zarpou de Lisboa no dia 8 de Julho de 1497 e, porventura, nem ele sonhava que a empreitada seria um êxito tão clamoroso. A sua frota era composta pelas naus “S. Gabriel”, “S. Rafael” e “Bérrio”, bem como um navio de carga. Sob o seu comando tinha 170 homens, entre eles alguns dos melhores que Portugal dispunha. Apesar de Vasco da Gama não ser um marinheiro, para o historiador Luís Adão da Fonseca coube-lhe a “chefia do ponto de vista político e militar”. 

O cabo da Boa Esperança foi dobrado em Novembro desse ano. Até àquele momento, a viagem tinha decorrido sem incidentes de maior. Foi neste ponto que a tripulação quase se amotinou, exigindo o regresso a casa. Vasco da Gama consegue evitar o pior - tinha uma postura lúcida e firme, que resultava também da consciência do poder. 

No mês de Janeiro de 1498, a frota entrou pela primeira vez em águas controladas pelos muçulmanos. Estavam próximos de Moçambique. Numa atitude pragmática, Vasco da Gama decidiu contratar um piloto árabe para conduzi-lo até ao fim da viagem. Atingiu o seu objectivo em 20 de Maio de 1498. Lançou âncoras ao largo da cidade de Calecute. O diplomata entrou imediatamente em acção. Levado perante o samorim de Calecute, o líder da cidade, a recepção inicial a Vasco da Gama até foi boa, mas tudo mudou quando chegou a altura de entregar os presentes ao samorim. O governante indiano sentiu-se ofendido com a qualidade das oferendas, momento que os comerciantes árabes aproveitaram para intriga. 

Após ter sido preso e escapado à morte - a época era propícia à valentia das vítimas -, Vasco da Gama conseguiu finalmente convencer o samorim a permitir o comércio com Portugal. Em troca das especiarias, esperava receber ouro, prata e determinados tecidos. 

Após ter assegurado uma carga valiosa de especiarias e pedras preciosas, Vasco empreendeu a viagem de regresso em Agosto de 1498. Dos 170 homens que partiram sobraram 55. Paulo da Gama adoeceu durante a viagem. Uma vez chegados a Cabo Verde, Vasco da Gama entregou o comando a João Dias, um dos seus oficiais. Fretou um veleiro e rumou à ilha Terceira, Açores, com o irmão que piorava de dia para dia. Uma decisão notável. Vasco da Gama era um homem de grande dureza mas, na opinião de Isabel Alçada, foi “capaz de prescindir da glória em nome do amor fraternal”. 

Vasco da Gama chegou finalmente a Lisboa no Verão de 1499, dois anos depois do início da viagem. Esperava-o uma cerimónia apoteótica. D. Manuel aguardava-o no Restelo. Receptor da gratidão de uma nação inteira, ganhou uma longa lista de mercês e honrarias. O seu nome passou a ser antecedido de dom. E foi também nomeado almirante do mar das Índias. Apesar de tudo, Vasco da Gama nunca recebeu o título que reclamou até ao fim da vida: o senhorio da vila de Sines. 

Casou em 1500 com Catarina de Ataíde, com quem teve sete filhos. Fez uma segunda viagem à Índia em 1502. Desta vez, levou uma frota composta por 20 navios muito bem armados. Era uma forma de forçar a entrada de Portugal no mercado e vingar-se dos comerciantes muçulmanos que complicaram as negociações em 1498. Pelo caminho foram cometidas várias atrocidades, que provocaram a morte de inocentes. Aliás, a época era fértil em várias actividades ilícitas. Quando Vasco da Gama chegou a Calecute, o samorim estava disposto a assinar um tratado. Portugal iniciou a conquista da hegemonia no comércio na Índia. 

No início do reinado de D. João III, o império oriental atravessou um período de desgovernação. Vasco da Gama foi nomeado vice-rei da Índia e partiu em 1524 com a missão de, com a sua austera disciplina, pôr alguma ordem na casa. Não mais regressou a Portugal, morrendo na véspera de Natal de 1524. 

Segundo Joaquim Ferreira do Amaral, com Vasco da Gama nasceu “o sentido da globalidade”. Até esta viagem, a área de intervenção portuguesa limitava-se à linha de costa africana. “Vasco da Gama desencadeia um processo de rasgar horizontes”, diz, por sua vez, o historiador João Paulo Oliveira e Costa. Foi uma pedra fundamental para a criação do mundo como todos o conhecemos.

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