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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A 14 de Agosto de 1936´deu-se a Batalha de Badaoz e de seguida o chamado Massacre de Badajoz

A 14 de Agosto, pela manhã, a artilharia franquista inicia o bombardeamento sobre Badajoz, que sendo uma cidade fronteiriça estava protegida por muralhas. O bombardeamento decorre durante a manhã e serve para demolir as muralhas junto às portas da cidade, nomeadamente junto à Porta da Trindade. A nascente (estrada para Mérida) estão forças regulares legionárias, enquanto que a sul estão as forças franquistas de origem muçulmana, organizadas em «tambores», uma espécie de pequeno batalhão de forças marroquinas.
As forças sitiadas, compostas por 2.500 milicianos e 500 militares fiéis ao governo apenas dispõem de metralhadoras e não têm artilharia e o seu moral não é o melhor. Sabem estar cercados e no dia anterior foram bombardeados por Junkers Ju-52, os mesmos que ajudaram a transportar as tropas desde Marrocos para Sevilha.


No entanto, como é normal num bombardeamento, as forças de infantaria podem abrigar-se com alguma facilidade, pelo que quando terminou o ataque dos canhões, as forças franquistas atacaram a cidade, defendida por posições de metralhadora, mas tiveram dificuldade em ultrapassar as posições defendidas. As muralhas destroçadas eram mais adequadas para a resistência que quando estavam de pé.
Segundo os relatos, o ataque a sul, efectuado pelas forças muçulmanas, que se deslocam paralelamente ao rio, para tomar a «Porta de carros» encontrou menos resistência porque não se esperava um ataque daquele lado. A nascente, as forças regulares da legião, que até ali praticamente não tinham defrontado grande resistência, deparam-se com alguns mortos e feridos, resultado da sua táctica de ataque frontal contra as ligeiras defesas de Badajoz.
Ao longo da tarde, ocorreram alguns ataques frontais por parte das forças legionárias, os quais foram derrotados pelas posições de metralhadoras.
Porém, o facto de o ataque franquista se desenrolar em duas frentes, levou a que inevitavelmente as posições dos milicianos, sem treino militar e com armas insuficientes fossem sendo tomadas. Às quatro da tarde, combatia-se nas ruas da cidade e as entradas tinham sido tomadas pelos franquistas. A última resistência das forças leais ao governo ocorreu na Catedral de Badajoz, onde s últimos republicanos lutaram até que se esgotaram as munições. Todos os resistentes que se renderam foram imediatamente fuzilados dentro da própria igreja pelos soldados muçulmanos.
Ao fim do dia ainda se houviam tiros, mas a batalha por Badajoz tinha terminado, e a cidade encontrava-se claramente controlada pelas forças rebeldes.
Se a batalha pela tomada de Mérida e Badajoz, não envolveu grandes esforços militares ou pelo menos nenhum tipo de operação táctica de relevância, já o comportamento das forças franquistas após terem tomado a cidade, assumiu proporções de escândalo, e continua hoje a figurar na história, como um dos maiores crimes de toda a Guerra Civil de Espanha.

Ainda durante o final do dia 14, e enquanto tomavam as ruas da cidade conquistada, as forças franquistas, começaram um espiral de violência e uma orgia de terror, impossível de comparar com o que quer que tivesse acontecido anteriormente na história da Europa, desde as invasões mongóis.

Francisco Franco, deu sinais claros às suas tropas, para que aproveitassem a tomada de Badajoz, como forma de enviar um sinal claro ao resto de Espanha para que se rendesse.
Seguindo um principio utilizado pelas tropas árabes quando da conquista muçulmana da península, Franco deu a entender que a cidade que não se rendesse seria arrasada e a sua população exterminada.

Já durante a caminhada desde Sevilha para norte, o procedimento normal das colunas de Franco (que ficariam conhecidas como as colunas da morte) era o de pedir aos «alcaides» que separassem 10% da população de cada aldeia. Esses homens e em alguns casos mulheres e crianças, eram imediatamente chacinados, normalmente com uma bala na cabeça à beira da estrada e os seus corpos deixados por enterrar, a apodrecer ao sol de Agosto, como forma de desestimular qualquer resistência na retaguarda (Os alemães utilizaram o mesmo processo na União Soviética).
O regime do terror, previsto e engendrado na Alemanha nazi, e que mais tarde seria utilizado na Polónia e na URSS, começou por ser testado em Espanha. Franco, cumpriu rigorosamente a encomenda dos seus apoiantes, que lhe enviaram aviões e mais tarde tanques, em troca de transformar as zonas conquistadas num laboratório de experiências sobre o terror como arma de guerra.

A chacina no entanto, foi contraproducente e provocou mais problemas que vantagens.
Em termos internacionais, o massacre atingiu dimensões de tal forma formidáveis, que mesmo em Portugal o jornal Diario de Lisboa, publica noticias sobre o morticinio.
Mas a admissão mais clara do massacre não foi produzida por nenhum dos jornalistas, que logo de seguida foram acusados pelos franquistas de ter inventado a história.
A mais clara admissão veio da palavra do próprio Yague, comandante das forças ao admitir claramente que sim, tinham morto aquelas pessoas e que íam matar mais.
Referiu-se ao massacre da seguinte forma:
«... O que deveriamos fazer?
Deixar 4.000 vermelhos nas nossas costas para depois nos atacarem?
Matámos esses e mataremos mais»

Quando perguntado sobre a violência das suas tropas o próprio Francisco Franco admitiu que aceitava os massacres. Quando lhe perguntaram o que estaria disposto a fazer para ganhar a guerra, Franco respondeu que estaria disposto a fazer tudo o que fosse necessário. Perante esta resposta foi-lhe perguntado se o faria mesmo que isso implicasse matar metade da população do país.
Franco respondeu «Repito, estou disposto a fazer o que for necessário».
É o próprio ditador que dá luz branca para os massacres, é o próprio ditador que os organiza, é o próprio ditador que os justifica. Até ao fim da guerra, Franco preferirá sempre matar que salvar. Não fazer prisioneiros será o seu lema. Ganhar nem que seja necessário matar metade da população espanhola, a sua obsessão.

Depois do fim da guerra e mesmo muitos anos depois da morte de Franco, ainda subsiste a ideia de que a selvajaria que foi a guerra civil de Espanha ocorreu dos dois lados da mesma maneira. Essa monstruosa mentira, criada durante a ditadura e mantida durante a democracia para evitar problemas, só agora começa a ser demonstrada.

Os extremistas espanhóis, para defender a memória de Franco continuam ainda hoje a tentar evitar que se investigue o numero de mortos e os milhares de valas comuns onde foram deitados os restos mortais das centenas de milhares de pessoas, que foram chacinadas pelo equivalente espanhol às SS, a «Falange».
Os mortos ainda têm capacidade para falar, e à medida que se abrem e contam os cadaveres, a verdade sobre a crueldade sem limites que os nazistas utilizaram na guerra civil de Espanha, e que ensaiaram em Agosto de 1936 em Badajoz, começa a ser revelada.

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