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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Batalha de Álcácer-Quibir realizou-se a 4 de Agosto de 1578


Pintura que descreve o momento em que a cavalaria portuguesa é cercada e envolvida pelas forças muçulmanas


O dia 4 de Agosto marca o maior desastre da história militar portuguesa, não só pelo número de militares envolvidos mas também pelas consequências trágicas que teve. A batalha de Alcácer Quibir (ou batalha dos três reis) marca o principio do fim da II dinastia portuguesa e do período do império português da Índia e é o prenuncio de um período de 60 anos em que o reino de Portugal foi governado por um monarca estrangeiro.

Tendo sido decidido atacar o norte de África para tentar aliviar a pressão que se fazia sentir sobre as fortalezas portuguesas, começou a formar-se um exército sem grande pressa o qual era constituída por um total de 17.000 homens, dos quais 5.000 eram mercenários estrangeiros. A armada parte de Lisboa a 25 de Junho de 1578, faz escala em Cadiz e aporta a Tanger, seguindo depois para Arzila.

Aqui é cometido o primeiro erro crasso, pois a tropa é mandada seguir a pé de Arzila para Larache[1], quando o percurso poderia ser feito por via marítima.

A partir de Larache, a força afasta-se da costa em direcção a Alcácer Quibir.
Há que notar que no século XVI, grande parte das vitórias portuguesas dá-se na zona costeira, onde é possível fazer valer a vantagem do poder de fogo dos navios de guerra portugueses. Longe dos navios e enfrentando no calor de uma zona quase desértica um exército superior em numero e combatendo no seu território, as cautelas deveria ser muito maiores que as que foram.

O rei recusou-se terminantemente a ouvir os conselhos dos capitães mais experientes, que achavam que o exército se devia manter próximo dos canhões dos navios, alguns dos comandantes perante o absurdo da decisão chegam a falar em prender o rei, para o impedir de cometer tal loucura.

As forças muçulmanas, entendiam muito bem que não poderiam enfrentar os portugueses próximo da costa, e não avançaram em direcção a norte, preferindo que fossem os portugueses a tomar a iniciativa.

Por decisão do rei, o exército parte finalmente em direcção a sul afastando-se da costa.

Quando a 4 de Agosto as forças portuguesas encontram o exército mouro, encontram-se em marcha à já sete dias e perante eles está um exército de forças muçulmanas que segundo algumas referências atinge 60.000 homens ultrapassando os portugueses numa proporção de quatro para um.

Na primeira fase dá-se um ataque de arcabuzeiros seguido de uma carga de cavalaria ligeira moura, forçando logo as primeiras linhas portuguesas a recuar de forma desordenada. O exército cansado e extenuado reagiu mal ao um recuo inesperado gerando-se uma enorme confusão quando a primeira linha recua e se funde com as tropas na retaguarda.

A resposta portuguesa foi rápida mas pouco eficiente. No que parece ter sido uma tentativa para desarticular o ímpeto do ataque muçulmano, uma força portuguesa, aparentemente de cavalaria penetra as linhas das forças muçulmanas, mas são subjugados pelos números, e completamente cercados.

Metade do efectivo das forças portuguesas morre na batalha e a outra metade é feita prisioneira.

Muito poucos voltam.

O rei, terá alegadamente morrido na batalha, e a sua morte ficou envolvida num mistério que perdura, mesmo séculos depois.

A morte do rei, sem herdeiros, levou a uma crise dinástica, em que o trono foi ocupado pelo cardeal D. Henrique. Durante o período de dois anos até à morte de D. Henrique, o monarca reinante da Casa de Áustria, o Habsburgo Filipe II, gastou enormes quantias de dinheiro subornando parte da nobreza portuguesa para apoiar as suas pretensões ao trono de Portugal tendo finalmente - em nome dos seus direitos como neto do rei D. Manuel I - sido declarado rei de Portugal pelo colégio de cinco governadores instituído pelo cardeal-rei após a sua morte em 1580.

Portugal, embora mantendo a sua independência formal dentro dos vários reinos da Casa de Áustria, entregava a sua politica externa nas mãos de um rei estrangeiro. A decadência que já se fazia sentir em meados do século XVI não foi interrompida, e em 1640 o reino voltaria a separar-se da dinastia austríaca.

[1] Em Larache será erguida uma fortaleza, cuja construção é iniciada em 1578, utilizando-se o trabalho dos prisioneiros portugueses

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