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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Marcello José das Neves Alves Caetano, nasceu a 17 de Agosto de 1906




Marcello José das Neves Alves Caetano nasceu em 1906. Respeitado professor de direito, jornalista e historiador, iniciou-se na política seguindo a ideologia do Estado Novo, tendo mesmo ocupado cargos de alta responsabilidade, a nível partidário (enquanto Presidente da Comissão Executiva da União Nacional) e a nível governamental (Ministro das Colónias e Ministro da Presidência).
Em 1968, por motivo de doença de Salazar, o Almirante Américo Thomaz escolheu-o para subir à chefia do governo.
Marcello Caetano introduziu algumas alterações a fim de efectuar uma "renovação na continuidade": extinguiu a PIDE e criou a Direcção Geral de Segurança (DGS), apesar de as pessoas e dos métodos não terem mudado; alterou o nome da União Nacional para Acção Nacional Popular (ANP); "aligeirou" a acção da censura, permitindo também o regresso de alguns exilados políticos. Foi a chamada "Primavera Marcelista", onde Caetano tentou acalmar as diversas facções da sociedade portuguesa: ao mais conservadores prometeu continuidade e aos mais liberais deu esperança de renovação.
Após o 25 de Abril de 1974 e com o fim do Estado Novo, Marcello Caetano seguiu para o exílio no Brasil, onde viria a falecer em 1980.

A primeira coisa que importa dizer sobre Marcelo Caetano quando passam mais de cem anos do seu nascimento é que já poucos sabem quem foi. Na memória dos portugueses, Salazar fica chefe solitário de 40 anos de triste existência de Portugal no séc. XX, deixando um legado que o seu breve sucessor não conseguiu resolver. Talvez seja por isso que a comparação entre os dois se imponha.

O jovem Marcelo Caetano vinha de uma direita mais radical do que Salazar e passou parte dos anos 30 a dizer-lhe que as instituições deveriam ser mais robustas, com mais ideologia, mais corporativismo, mais jovens inspirados no fascismo, pe-rante a prudência pragmática deste último. Cooptado pelo ditador, passou a ser um fiel discípulo, mais aberto à experiência e à modernidade autoritária do que Sa-lazar, e dizendo-lhe de vez em quando o que pensava.
Mas o Marcelo que interessa à História contemporânea é o da década de 60, quando, afastado do poder, se torna reserva pe-rante as crises finais do salazarismo. Quan-do Salazar enfrenta o golpe do gen. Botelho Moniz e o seu nome aparece. Quando a Guerra Colonial emerge e algum reformismo alterna com o integrismo o seu nome aparece. Quando nessa década de grande crescimento económico e mudança social se pensa na alternativa europeia o seu nome aparece.
Acresce que a coincidência de estar de regresso à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa nesta década conturbada lhe permite não só reforçar o grupo dos discípulos académicos como ir informalmente construindo o pequeno núcleo dos "marcelistas", como que preparando a roda da sucessão. Marcelo emerge então junto de alguns círculos da classe média, mesmo da oposição, como uma alternativa liberalizadora e modernizadora ao ditador envelhe-cido.
Caetano não traiu as esperanças e houve de facto alguma "liberalização". O erro foi pensar que nos regimes ditatoriais "liberalização" queria dizer democratização. Sem Guerra Colonial, talvez a esperança de uma democratização elitista se concretizasse. Mas os valores e as ideias moldam mais os homens do que o pragmatismo da democracia. Caetano, no fundo, também não imaginava Portugal sem império e sabia que em democracia ele desapareceria em meses. Pior legado Salazar não lhe poderia ter deixado.

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