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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Thomas Mann, morreu a 12 de Agosto de 1955



Thomas Mann (Lübeck6 de Junho de 1875 — Zurique12 de Agosto de 1955) foi um romancista alemão.
É considerado por alguns como um dos maiores romancistas do século XX, tendo recebido o Nobel de Literatura de 1929. Foi o irmão mais novo do romancistaHeinrich Mann e o pai de KlausErikaGolo (aliás Angelus Gottfried Thomas), MonikaElisabeth e Michael Thomas Mann.
Filho do comerciante Johann Heinrich Mann e da brasileira Júlia da Silva Bruhns,[1] nasceu no estado de Schleswig-Holstein, norte da Alemanha, onde mais de 90% da população é protestante. A família de Thomas Mann detinha ali um negócio há várias gerações.
Em 1892 (quando tinha dezessete anos) morre o seu pai, com o que os negócios da família são abandonados. No ano seguinte, ele escreve alguns textos em prosa e artigos para a revista "Der Frühlingssturm" (a tempestade de Primavera) que ele co-edita. Na mesma época, apaixona-se por Wilri Timppe, filho de um de seus professores. Anos mais tarde, inspirar-se-ia em Timppe para criar Pribslav Hippe, personagem de "A Montanha Mágica".
Em 1894 (com dezenove anos), junta-se à mãe em Munique, cidade católica do sul da Alemanha. Júlia tinha mudado para Munique com o resto da família um ano antes e se instalado no bairro boêmio de Schwabing. Rapidamente, a Senhora Mann tornou-se uma agitadora cultural e oferecia saraus literários e festas em sua casa.
Em Munique, Mann fez um estágio não remunerado numa sociedade de seguros, mas acabou por abandonar esta atividade em 1895, tornando-se escritor livre.
Entre 1896 e 1898, Thomas Mann tem uma longa visita a Palestrina (Itália), de visita ao seu irmão mais velho Heinrich Mann, também ele um romancista e que se tornou famoso mais cedo do que Thomas. Thomas acompanha o irmão nos seus passeios a Roma e por outros lugares da Itália. Thomas Mann começou a trabalhar no manuscrito de "Buddenbrooks" em Itália. De volta a Munique, tornou-se um dos editores do jornal satírico/humorístico "Simplicissimus".
Por essa época, apaixonou-se por Paul Ehrenberg, um amor conturbado e não correspondido, mas que definiria mais tarde como a "experiência central de seu coração". Resolve servir o exército, mas se arrepende. A família intervém e corrompe um médico para conseguir afastá-lo por falsos problemas de saúde.
Em 1901 é editado "Buddenbrooks". Thomas Mann torna-se famoso. Curiosamente, o editor (Fischer Verlag) tentou convencer Thomas Mann a encurtar o livro. Thomas Mann não assentiu e o livro foi publicado na íntegra. Em jeito de retrospectiva, Thomas Mann disse que julgava que o livro iria passar despercebido e seria possivelmente o fim da sua carreira literária. A realidade foi bem diferente, como ele conclui com ironia.
Segundo Mayer (1970, p. 30), é a partir de Os Buddenbrooks (1901) que se torna um dos escritores mais notáveis do século XX no plano internacional.
11 de Fevereiro de 1905, casou-se com Katia Pringsheim, pertencente a uma proeminente e secular família judia de intelectuais. Katia era neta da activista pelos direitos da mulher Hedwig Dohm. Nos anos seguintes nascem seus filhos Erika, Klaus, Golo (na verdade Angelus Gottfried Thomas), Monika, Elisabeth e Michael.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Thomas Mann entra em conflito com o irmão Heinrich Mann. Não se irão encontrar por alguns anos. Thomas acolheu com agrado a entrada da Alemanha na guerra. Tomava-se por patriota. Defendeu a política do Kaiser Guilherme II, em oposição directa a Heinrich Mann, que se via do lado da França e da "Civilization" (termo de Thomas). Thomas Mann chegou mesmo a penhorar a casa que possuía em Bad Tölz em 1917 a favor do esforço de guerra. A mãe, Júlia da Silva Bruhns, escreveu aos irmãos tentando amenizar o conflito. A perspectiva de Thomas Mann ao longo deste período encontra-se sumariada no ensaio «Considerações de um Apolítico» (1918) e no romance «A Montanha Mágica», escrito entre 1912 e 1924.
Em 1911, concebe a novela Morte em Veneza, durante uma estada no Lido de Veneza. A obra é publicada no ano seguinte, 1912, e, embora menos diretamente autobiográfica que Os Buddenbrooks, “trata-se da obra mais confessional de Thomas Mann”, afirma Trigo (2000).
Em 1929, Thomas Mann torna-se ainda mais famoso, recebendo o Nobel de Literatura. O júri justifica-se aludindo a Buddenbrooks. Nenhuma menção a "A montanha mágica", romance em que o escritor revela simpatias democráticas.
Emigrou da Alemanha Nazista para Küsnacht, próximo a ZuriqueSuíça, em 1933, o ano da chegada ao poder de Hitler. Durante o regime nazista, o jornal Völkischer Beobachter (Observador Popular) publicava as chamadas listas de expatriados. Os nomes de Thomas Mann, sua mulher e seus filhos mais novos constavam da lista número 7. Dos mais velhos – Erika e Klaus – já havia sido retirada a cidadania alemã.
Após ter perdido a nacionalidade alemã a 2 de dezembro de 1936, Thomas Mann permaneceu na Suíça até 1938, mudando-se então para os Estados Unidos. Inicialmente, trabalha como convidado em Princeton, mas o ambiente acadêmico o entediava. Assim, decide mudar para Pacific PalisadesEUA, em 1941. Em 1944, obteve a cidadania americana. Tornou-se uma figura política reconhecida e consta que Rooseveltchegou a cotar seu nome para assumir o governo alemão na pós-Guerra.
Diante da perseguição aos intelectuais emigrados impetrada em meio ao MacCarthismo, Mann retornou à Europa em 1952. Viveu em Kilchberg, próximo a Zurique, na Suíça, até à sua morte, em 1955.
Sua descendência de uma família da alta burguesia sempre fora salientada por Mann. Ao falar dessa classe, o autor se refere à burguesia da Idade Média, à “antiga tradição de que se sente profundamente imbuído, tradição de trabalho leal e minucioso, visando a perfeição absoluta nos detalhes e no todo” (ROSENFELD, 1994, p. 21).
Thomas Mann ganhou repercussão internacional, aos 26 anos, com sua primeira obra, Os Buddenbrook (Buddenbrooks), um romance que conta a história de uma família protestante de comerciantes de cereais de Lübeck ao longo de três gerações. Fortemente inspirado na história de sua própria família, o romance foi lido com especial interesse pelos leitores de Lübeck que descobriram ali muitos traços de personalidades conhecidas. A publicação deste livro valeu a Thomas Mann uma reprimenda de um tio, que o acusou de ser um "pássaro que emporcalhou o próprio ninho".
Thomas Mann é também um romancista analítico, que descreve como poucos a tensão entre o carácter nórdico, protestante, frio e ascético (características típicas da sua Lübeck natal) e as personagens mais rústicas, simples, bonacheironas, das regiões católicas, de onde se destaca o senhor "Permaneder", o paradigma do bávaro de Munique, em "Os Buddenbrook". Esta tensão interior tornou-se patente durante a sua estada em Palestrina, Itália, quando visitava o irmão, e onde começou a escrever "Os Buddenbrook". Thomas Mann viveu entre estes dois mundos, tal como o irmão. Por um lado a origem familiar e o ambiente da ética protestante de Lübeck, por outro lado a voz interior e a influência de sua mãe brasileira, que o faziam interessar-se menos pelos negócios e mais pela literatura. A influência da mãe acabou por levar a melhor. Thomas Mann via nos Buddenbrook um exemplo de uma família em decadência,em que os descendentes não saberiam levar avante o negócio que herdaram. Não sabia, no entanto, que, ao publicar "Os Buddenbrook",estava, não só a enterrar definitivamente a linha "comerciante" da sua família mas, também, a afirmar-se como um escritor de renome. Ironicamente, os seus filhos iriam manter esta nova tradição (literária) da família, em especial Klaus e Erika.
No romance A Montanha Mágica ("Der Zauberberg"), publicado pela primeira vez em 1924, Thomas Mann faz um retrato de uma Europa em ebulição, no eclodir daPrimeira Guerra Mundial.
Escreveu romances, ensaios e contos. Psicólogo penetrante e estilista consumado,a sua extensa obra abrange desde contos até escritos políticos, passando por novelas e ensaios. Nobel de Literatura em 1929, Thomas Mann é autor de clássicos da literatura como Morte em Veneza & Tonio KrögerConfissões do impostor Felix KrullAs cabeças trocadas e José e seus irmãos.
Thomas Mann foi um herdeiro tardio da tradição idealista e romântica alemã e um dos principais autores modernos. Era um clássico em tempos de revolução e conseguia refletir de forma original e particular o espírito de seu tempo (ver TRIGO, 2000). Sua obra apresenta descrições minuciosas e um realismo psicológico e preciso, com análise exata de cada particularidade (ver FLEISCHER, 1964). A obra de Mann é uma expressão estética do esforço de contrapor seus dois valores essenciais: de um lado a sociedade, o senso comum, o valor da vida; do outro a alienação, o individualismo, o escapismo romântico, o jogo estético, que culminam na doença e na morte (ROSENFELD, 1994, pp. 22-23). Sente-se, no entanto, ligado ao segundo valor, sendo ele um artista “alienado, marginal e estetizante” (ROSENFELD, 1994, p. 28).
Quando Thomas Mann tinha quinze anos, o irmão Heinrich tomou conhecimento da sua orientação sexual. Surpreendido, achando esta história algo de divertido mas sem fazer grande ruído sobre o assunto, Heinrich sugere a Thomas Mann que tente tratar o "problema" com uma "cura de sono".
Os diários de Thomas Mann, que foram mantidos em sigilo até 1975, revelam um Thomas Mann em luta interior com os seus desejos homossexuais, que se tinham tornado patentes em várias de suas obras. Mann descreve no seu Diário os seus sentimentos pelo jovem violinista e pintor Paul Ehrenberg, que ele descreve como uma "experiência central do meu coração".
A maioria dos comentadores é da opinião que a homossexualidade de Thomas Mann foi reprimida e que a escrita era para ele uma forma de compensar esse constrangimento. É preciso lembrar que até a primeira metade do século XX, a homossexualidade era vista como um desvio sexual e motivo para tratamento psiquiátrico. Assim, a repressão de seus sentimentos não se devia por uma incapacidade pessoal, antes por um contexto social e histórico homofóbico. Não existia ainda a idéia do "assumir-se", pois a identidade homossexual não era socialmente aceita e implicava exposição a insultos, abjeção pública e perseguição de todo tipo.
Segundo Richard Miskolci, em seu livro "Thomas Mann, o Artista Mestiço" (2003), a questão de uma sexualidade inaceitável para a época é um dos componentes mais importantes nas obras do autor alemão. O homoerotismo emerge como problemática intrínseca ao artista desde suas primeiras histórias (O Pequeno Sr. Friedmann, Os Buddenbrooks, Tonio Krôger) até nas obras mais reconhecidas (A Morte em Veneza, A Montanha Mágica e Doutor Fausto).

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