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sábado, 16 de outubro de 2010

Emídio Santana, morreu a 16 de Outubro de 1988


Emídio Santana (Lisboa, 4 de Julho de 1906 — Lisboa, 16 de Outubro de 1988) foi um dos mais importantes militantes portugueses do anarcossindicalismo e anarquista. Foi autor de diversos artigos e ensaios sobre o anarcossindicalismo e o mutualismo.
Militou nas Juventudes Sindicalistas e foi membro do Sindicato Nacional dos Metalúrgicos, filiado na antiga Confederação Geral do Trabalho (CGT) portuguesa.
No seguimento do golpe militar fascista de 28 de Maio de 1926, desenvolveu uma actividade de resistência contra a ditadura e actividade sindical clandestina.
Em 4 de Julho de 1937 foi um dos autores do atentado a Salazar.
Na sequência do atentado, Emídio Santana é procurado pela PIDE e foge para o Reino Unido, onde a polícia inglesa o prende e envia para Portugal onde é condenado a 16 anos de prisão.
Em 1974 foi co-fundador do Movimento Libertário Português, da Cooperativa Editora A Batalha, director do jornal A Batalha. Em 1975 foi co-fundador da Aliança Libertária e Anarco-Sindicalista e participou no 20º Congresso da SAC. Em 1978 foi um dos fundadores do Centro de Estudos Libertários e um dos promotores da criação do Arquivo Histórico-Social, posteriormente doado à Biblioteca Nacional. Em 1984 participou no Encontro Internacional Anarquista (Veneza).
Mas voltemos à infância de Emídio Santana, decisiva para a sua vida como o mesmo afirma no documentário "Memória subversiva" realizado pelo anarquista José Tavares (Portugal).
Emídio fez os primeiros estudos na Escola Oficina nº 1 (decisiva
para a sua formação), nos Anjos, em Lisboa. Anos em que sofreu as dificuldades
decorrentes da participação de Portugal na I Grande Guerra (escassez de bens alimentares; bichas e assaltos a lojas).
Em 1919 surgiu A Batalha, que passou a ser o quotidiano familiar.
Em 1920 ingressou como aprendiz de carpinteiro de moldes e no Sindicato Único das Classes Metalúrgicas, matriculando-se no curso nocturno da Escola Industrial
Afonso Domingues. Em 1921 assistiu pela primeira vez a um comício do 1º de
Maio e às manifestações de apoio a Sacco e Vanzetti. Em 1923 fez a sua primeira greve e em 1924, concluído o 4º ano do curso industrial ingressou nas Juventudes Sindicalistas de que foi secretário para a propaganda e depois secretário-geral, bem como, em 1925,
secretário-geral do seu Sindicato e delegado ao Congresso Confederal de Santarém. Em 1926 foi reeleito secretário-geral das Juventudes Sindicalistas e eleito para o Conselho Confederal da CGT. Em 1927 foi incorporado no Batalhão de Telegrafistas e, denunciado
pela sua actividade militante, detido na Casa de Reclusão da Trafaria e Depósito Disciplinar de Elvas, passando à disponibilidade em Setembro de 1928. Em consequência da revolta de Fevereiro de 1927 A Batalha foi suspensa, a CGT ilegalizada e os sindicatos sujeitos a apertada vigilância. Em 1928 foi eleito redactor-principal de O Eco Metalúrgico e em 1930 secretário-geral da Câmara Sindical do Trabalho de Lisboa e integrou a comissão administrativa da Universidade Popular. Em 1931 foi um dos fundadores da Aliança Libertária e eleito redactor-principal de Solidariedade Mineira e Metalúrgica,
órgão da recém criada Federação Mineira e Metalúrgica.
Em 1932 foi preso (alguns dias) por tentar instalar uma tipografia clandestina e em 1933 foi detido por participar numa reunião da Aliança Libertária, julgado e condenado a 1 ano de prisão que cumpriu na fortaleza de S.João Baptista (Angra do Heroísmo). Em 1933, foi nstaurado o regime corporativo e suprimida a liberdade sindical. A CGT preparou, com outras organizações sindicais minoritárias, uma greve geral (18 de Janeiro
de 1934) que fracassou e levou à detenção, julgamento sumário e deportação para Angra do Heroísmo dos ntervenientes. Emídio Santana regressou dos Açores em
fins de Agosto e integrou o Comité Confederal reconstituído, reiniciando-se a publicação de A Batalha clandestina. Em 1936 participou, como delegado fraternal, no Congresso da CNT (Saragoça). Em 1937 participou em acções que visavam contrariar o apoio governamental à insurreição fascista em Espanha, entre as quais duas tentativas de atentado a Salazar. Fugiu por via marítima sendo detido em Southampton pela polícia britânica e entregue à polícia portuguesa em Outubro. Após meses de interrogatórios e incomunicabilidade é julgado e condenado a 8 anos de prisão e 12 de deportação no primeiro trimestre de 1939, que cumpriu na Penitenciária de Coimbra, sendo libertado em 23 de Maio de 1953. Em 1954 integrou o Ateneu Cooperativo, a cuja direcção presidiu e que foi encerrado pela PIDE alguns anos depois. Em 1961 participou na
conspiração da Sé para derrubar Salazar. Em 1964 integrou a Associação dos Inquilinos Lisbonenses, a cuja direcção presidiu (1965). Participou em comícios da CDE e CEUD,
abordando temas sindicais (legislativas de 1969).
Em 1974 foi co-fundador do Movimento Libertário Português, da Cooperativa Editora A Batalha, director do jornal A Batalha e promotor do comício comemorativo da Revolução
Espanhola de 1936. Em 1975 foi co-fundador da Aliança Libertária e Anarco-Sindicalista e participou no 20º Congresso da SAC. Em 1978 foi um dos fundadores do Centro de Estudos Libertários e um dos promotores da criação do Arquivo Histórico-Social, posteriormente doado à Biblioteca Nacional. Em 1984 participou no Encontro Internacional Anarquista (Veneza).
Faleceu em 16 de Outubro de 1988, sendo inumado no cemitério do Alto de S.João.
Além de numerosíssimos artigos na imprensa sindical, ibertária e outra, redigiu a introdução e nota biográfica a O Sindicalismo em Portugal de Manuel Joaquim de Sousa (1972), foi autor da História de um Atentado. O Atentado a Salazar (1976), de O 18 de
Janeiro de 1934 (1978), Memórias dum Militante Anarco-Sindicalista (1985) e Onde o Homem acaba e a Maldição começa (1989).

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