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sábado, 16 de outubro de 2010

Maria Antónia Josefa Joana de Habsburgo-Lorena, foi decapitada a 16 de Outubro de 1793



No dia em que Maria Antónia Josefa Joana de Habsburgo-Lorena nasceu, Lisboa ainda vivia as réplicas do Grande Terramoto de 1755: a capital portuguesa foi arrasada a 1 de Novembro e a futura rainha de França, décima quinta filha do Imperador Francisco da Áustria, veio ao mundo a 2, na corte de Viena. A infância mimada teria reflexos no seu comportamento futuro, considerado devasso, gastador, impetuoso e imaturo.

A verdade é que Maria Antonieta, depois de “dissolvido” um “noivado” infantil com Wolfgang Amadeus Mozart, serviu de moeda de troca para um acordo de paz entre a França e Áustria, negociado pela sua mãe, Maria Teresa, e pelo soberano francês, Luís XV, por intermédio do marquês de Dupont. Passou de uma corte para outra, de um palácio para outro – isto depois de, aos 14 anos, ter sido obrigada a entrar nua (literalmente) e sozinha, “sem bens nem laços”, no país em que reinaria, para que os seus futuros súbditos pudessem confiar nela. Casou em Versalhes, em 1770, com o futuro rei, Luís XVI, mas o matrimónio só seria consumado sete anos depois já que o marido sofria de uma disfunção sexual e precisou de ser operado. Mal amada por uma parte da nobreza gaulesa, começou por ser muito popular: era vista como caridosa e os franceses admiravam o seu amor pelas artes, do teatro à ópera, passando pela dança. Depois, com a crise económica, alguns escândalos em que deixou envolver-se – especialmente “o caso do colar”, em que conseguiu demonstrar que tinha sido vítima de uma impostora mas coleccionou mais alguns inimigos poderosos –, um gosto exagerado pelo jogo, pelas apostas e pelas festas, alguns casos amorosos dados como provados, perdeu o carinho do povo. Chamaram-lhe “A Austríaca” e “Madame Le Deficit”. Atribuíram-lhe uma das frases mais cruéis e desligadas da realidade alguma vez proferidas por uma monarca – ao saber que os pobres se manifestavam por não terem pão, Maria Antonieta, abespinhada, terá respondido: “Não têm pão? Comam brioches!” Resta saber em que contexto e em que tom a frase, a ser verdadeira, foi proferida.
Demonstrou a coragem dos nobres já nos meses da revolução. Optou por ficar com o marido até ao final, ainda que isso tenha significado transformar-se em Antoinette Capeto, prisioneira 280 da Conciergerie de Paris. Sofreu um julgamento que poucos analisam como isento: além do envolvimento nas conspirações políticas e do desrespeito pelo sofrimento do povo, chegou a ser acusada de abuso sexual de um dos filhos. Foi decapitada a 16 de Outubro de 1793, depois de a passearem de carreta por mais de uma hora pela cidade de Paris. Não alcança consenso, sequer, em relação às últimas palavras que disse. Uns garantem que quando o carrasco quis abrir-lhe a gola do vestido para libertar o pescoço, Maria Antonieta terá gritado: “Malvado! Não me descomponha!” Outros garantem que, serena e resignada, terá pisado o dito carrasco e dito: “Peço desculpa, senhor. Não foi por querer.” Tinha 37 anos. 

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