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sábado, 9 de outubro de 2010

Miguel Falabella de Sousa Aguiar, nasceu a 10 de Outubro de 1956


Miguel Falabella de Sousa Aguiar (Rio de Janeiro RJ 1956). Autor, diretor, ator e produtor. Um dos integrantes do Pessoal do Despertar, torna-se um dos mentores do teatro besteirol e, a partir dos anos 90, é um dos mais destacados diretores cariocas de musicais e comédias ligeiras, além de autor prestigiado pelo público.
Cursa a Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. Faz sua formação no teatro estudantil O Tablado. Estréia com direção de Maria Clara Machado e contracenando com Louise Cardoso, ambas suas professoras, em O Dragão, de Eugène Schwartz, 1975. Em 1979 funda com Maria Padilha e Paulo Reis o grupo Pessoal do Despertar, nome derivado do seu espetáculo inaugural, O Despertar da Primavera, de Frank Wedekind. Falabella faz, no papel de Hanschen Rillow, a sua estréia como ator profissional, sob a direção de Paulo Reis. Este é também o diretor dos outros espetáculos de que participa no grupo: Happy End, de Bertolt Brecht e Kurt Weill, 1980, e A Tempestade, de William Shakespeare, 1982.
Em 1983 atua em Galvez, o Imperador do Acre, de Márcio Souza e Luiz Carlos Góes, direção de Luiz Carlos Ripper, e, junto com Geraldo Carneiro, assina o roteiro de Apenas Bons Amigos, trabalhando também como ator, dirigido por Antônio Pedro. O espetáculo é uma das realizações pioneiras da fórmula de esquetes humorísticos rotulada de besteirol, gênero do qual ele se torna um dos expoentes, como intérprete e escritor. Com base nessa experiência, realiza uma série de espetáculos em que, além de protagonista, é também co-autor do texto e produtor. Em Miguel Falabella e Guilherme Karan, Finalmente Juntos e Finalmente ao Vivo, assina o texto com Mauro Rasi e Vicente Pereira, novamente sob a direção de Antônio Pedro, 1984. As Sereias da Zona Sul, com Vicente Pereira, 1988, marca o ponto alto de sua carreira no gênero, com grande sucesso de público, excursões e o Prêmio Mambembe de melhor ator para a dupla Miguel Falabella e Guilherme Karan. O crítico Marcos Ribas de Faria escreve sobre o ator: "Falabella é um ator de uma sofisticação e de uma inteligência exemplares. (...) Sutil, preciso, gestos contidos, suaves inflexões, ele desenha melifluamente seus quatro personagens (...)".1
Seguem-se: Louro, Alto, Solteiro, Procura, com Maria Carmem Barbosa, direção deJacqueline Laurence, e Falabella Solta os Bichos, dirigido por Flávio Marinho, ambos em 1994. A parceria com Maria Carmem Barbosa se desdobra em vários outros textos: Querido Mundo, 1993, A Pequena Mártir de Cristo Rei, 1995, e O Submarino, 1998, os três encenados por Falabella; e a novela de televisão Salsa e Merengue, 1996.
Em 1984, estréia como diretor, encenando Emily, de William Luce, protagonizada porBeatriz Segall. O espetáculo, cujo texto se estrutura a partir de cartas escritas pela poetiza Emily Dickinson, impressiona pela delicadeza da concepção e pela clareza da realização, valendo-lhe uma série de prêmios. O crítico Macksen Luiz, considerando que Falabella encontra a correspondência cênica da linguagem poética do texto, escreve: "Falabella busca através de um rendilhado de pequenos achados, de movimentos e inflexões que são sinais e evidências das motivações da personagem, nos apresentar Emily, nos fazer compreender a sua sensibilidade (...). Não procura para isto usar arroubos de direção. Marca o ritmo do espetáculo ao compasso da rotina e da fragilidade da personagem. Confina o espectador ao quarto de Emily para que ele (...) perceba como ela recebia o mundo".2
Em 1985 desperta polêmicas com a direção de Tupã, a Vingança, de Mauro Rasi, 1985. Dirige em seguida Lucia McCartney, adaptação de Geraldo Carneiro para o romance de Rubem Fonseca, 1987, e o premiado infantil O Rouxinol do Imperador, adaptação de Flávio Marinho, 1988, em que é também um dos intérpretes. Seu grande sucesso como autor e diretor vem com A Partilha, remontado seguidamente desde 1990, e transformado em filme, por Daniel Filho. O crítico Lionel Fischer escreve: "(...) sob a enganosa aparência de uma comédia de costumes, Falabella escreveu, ainda que de forma hilariante, um verdadeiro ensaio sobre a condição da mulher numa sociedade dominada por valores essencialmente masculinos".3
Como autor e diretor, Miguel Falabella assina também: No Coração do Brasil, 1992, Como Encher um Biquíni Selvagem, 1992, A Vida Passa, 2000. Adapta e dirige A Maracutaia, baseado em A Mandrágora, de Maquiavel, e Os Monólogos da Vagina, de Eve Ensler, 2000. Em 2001, South American Way, de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa. No ano seguinte, Godspell, de Stephen Schwarts e John-Michael Tebelak; e Capitanias Hereditárias, de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa. Em 2003, dirige com Beta Leporage Síndromes - Loucos como Nós, de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa.
Como ator, em 2001, está em cena ao lado de Claudia Raia, em O Beijo da Mulher Aranha, de Manuel Puig, direção Wolf Maya. E, em 2003, divide o palco com Cláudia Jimenez emBatalha de Arroz num Ringue para Dois, de Mauro Rasi. No mesmo ano torna-se gestor da rede de teatros da prefeitura do Rio de Janeiro.
Numa análise do teatro carioca nos anos 90, o crítico Macksen Luiz comenta a trajetória de Falabella: "Um espetáculo como Louro, Alto, Solteiro, Procura... é quase uma forma que o ator Miguel Falabella encontrou para demonstrar o seu virtuosismo interpretativo... A pretensão é a de retomar, de certa maneira, um tipo descompromissado, uma comédiadivertissement em forma de espetáculo solo. O texto serve a esta pretensão com os autores explorando melhor o aspecto da crônica de muitas das situações que estão em cena. Há um olhar sobre pequenos detalhes que compõem o painel de uma época, em fragmentos de observações, que captam certas particularidades da vida da cidade do Rio. Em Todo Mundo Sabe o que Todo Mundo Sabe, Miguel Falabella continua demonstrando habilidade como cronista do Brasil urbano em mais uma de suas despretensiosas comédias de costume. A maneira como apreende certos flagrantes na vida da cidade, onde se misturam nostalgia marcada pelo tempo perdido e o humor nas observações de comportamentos (em especial na vivacidade dos diálogos), guarda sempre um travo de amargura. Nesse tênue espaço expressivo, Miguel Falabella, ao lado de sua parceira constante, Maria Carmem Barbosa, constrói em Todo Mundo Sabe o que Todo Mundo Sabe a sátira da decadência... Há uma predisposição do autor a não deixar que a narrativa assuma inteiramente o tom outonal. A comédia de costumes acaba por prevalecer no imediatismo das situações e na atualidade da trama. Mas foi com sua estréia em A Partilha, em 1989, que Falabella mostrou em uma situação cômica quase bizarra - o encontro de quatro irmãs no velório de sua mãe e a posterior distribuição dos bens da morta - que esse autor construiu diálogos irônicos e um humor amorosamente cáustico".4
Notas
1. FARIA, Marcos Ribas de. Para quem ama teatro. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 20 jan. 1988.
2. LUIZ, Macksen. Um camafeu de vida e de poesia. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 out. 1984.
3. FISCHER, Lionel. As irmãs brigam no palco e o público ri. O Globo, Rio de Janeiro, 19 jan. 1990.
4. LUIZ, Macksen. O teatro carioca nos anos 90. Sete Palcos. Coimbra, Portugal, n. 3, set. 1998.

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