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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A 19 de Novembro de 2009, morreu Mário Barradas, um dos pioneiros da descentralização cultural portuguesa







 Afirmou-se no Portugal pré e pós-revolucionário, tornando-se num pioneiro da descentralização através da Cultura. Mário Barradas, encenador e fundador do Centro Dramático de Évora (Cendrev), morreu ontem em casa, em Lisboa. Tinha 78 anos. O seu corpo vai estar em câmara-ardente no Palácio Galveias até à saída do funeral, hoje, às 15h, para o cemitério do Alto de S. João.







"Temos que exultar o facto de ter sido um homem com profundas convicções e com uma grande verticalidade", referiu ontem o actual director do Cendrev, José Russo. "O exemplo do homem de teatro", sublinha Joaquim Benites, director do Festival de Teatro de Almada, para o qual Barradas estava a preparar uma encenação de Troilo e Créssida, de Shakespeare.

Militante comunista natural dos Açores, Barradas começou o seu percurso como advogado, em Moçambique. Quando decidiu mudar de carreira, fez-se aluno da Escola do Teatro Nacional de Estrasburgo, tornando-se num dos poucos portugueses, à época, a estudar teatro fora do país. Marcado pela estética do realismo e as teorias "brechtianas", chegou à direcção do Conservatório Nacional apontado por Madalena de Azeredo Perdigão durante as reformas educativas de Veiga Simão em finais da década de 1960. Um ano depois do 25 de Abril fundaria o Centro Cultural de Évora, antecessor do Cendrev, responsável, para além de inúmeras produções, pela recuperação e revitalização de um importante espólio de marionetas tradicionais do Alentejo (Bonecos de Santo Aleixo).

Presidente da Associação Técnica e Artística de Descentralização Teatral durante a década de 1980 e ligado a diversos ministérios da Cultura, nomeadamente, no período de Manuel Maria Carrilho, quando desenhou novas normas de atribuição de subsídios às artes, foi uma figura por vezes polémica, mas "sempre ao centro dos discursos": "Muitos dos seus projectos [de política cultural] desaproveitados da década de 1980 estão hoje a ser postos em prática", refere Joaquim Benites.

O actual Ministério da Cultura emitiu uma nota de pesar, em que se sublinha, para lá da figura do encenador, o papel de Barradas como director dos Serviços Culturais Gerais da Secretaria de Estado da Cultura em 1988 e no Instituto Português das Artes do Espectáculo, entre 1996 e 1998. "Contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento do teatro, em particular para a sua descentralização."

Notícia actualizada às 10h24, de 20 de Novembro

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