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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Celso Monteiro Furtado, morreu a 20 de Novembro de 2004


Celso Monteiro Furtado nasceu a 26 de julho de 1920. Nasceu em Pombal, no sertão paraibano, filho de família de proprietários de terra com família de magistrados.
Em 1944, cursa o CPOR, no Rio de Janeiro, conclui o curso de Direito e é convocado para a Força Expedicionária Brasileira. Com a patente de aspirante a oficial, segue para a Itália, servindo, na Toscana, como oficial de ligação junto ao Quinto Exército Norte-Americano, e sofre um acidente em missão durante a ofensiva final dos aliados no Norte da Itália.
Em 1946, ganha o prêmio Franklin Delano Roosevelt, do Instituto Brasil-Estados Unidos, com o ensaio "Trajetória da democracia na América". Viaja para a França, inscreve-se no curso de doutorado em economia da Universidade de Paris-Sorbonne, e no Instituto de Ciências Políticas.
Em 1948, é feito doutor em economia pela Universidade de Paris, com a tese "A economia colonial brasileira". De volta ao Brasil, junta-se ao quadro de economistas da Fundação Getúlio Vargas, trabalhando na revistaConjuntura Econômica.
Em 1949, foi para o Chile trabalhar no CEPAL. Nove anos depois, em 1958, se desligou do CEPAL para ser diretor do BNDES.
Em 1961, como criador e superintendente da SUDENE, encontra-se em Washington com o presidente John Kennedy, cujo governo decide apoiar um programa de cooperação com o órgão. Semanas depois, reúne-se com o ministro Ernesto Che Guevara, chefe da delegação cubana à Conferência de Punta del Este, para discutir o programa da Aliança para o Progresso.
Em 1962, é nomeado, no regime parlamentar, o primeiro titular do Ministério do Planejamento, quando elabora o Plano Trienal apresentado ao país pelo presidente João Goulart. No ano seguinte, deixa o Ministério do Planejamento e retorna à Superintendência da SUDENE, onde concebe e implanta a política de incentivos fiscais para os investimentos na região Nordeste.
Em 1964, com o golpe militar, teve seus direitos políticos cassados pela ditadura. Passou, então, pelas Universidades de Yale e Cambridge, nos Estados Unidos. Em 1965, muda-se para a França, a convite da Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris, e assume a cátedra de professor de Desenvolvimento Econômico. É o primeiro estrangeiro nomeado para uma universidade francesa.
Vinte anos depois, em 1985, no primeiro governo civil depois da ditadura militar, torna-se embaixador do Brasil junto à União Européia, e de 1986 a 1988, foi ministro da Cultura. Demite-se e retorna à vida acadêmica.
Em 1997, é organizado em Paris, pela Maison des Sciences de l'Homme e pela UNESCO, um Congresso Internacional para debater "A contribuição de Celso Furtado para os estudos do desenvolvimento", reunindo especialistas do Brasil, Estados Unidos, França, Itália, México, Polônia e Suíça.
No mesmo ano, a Academia de Ciências do Terceiro Mundo, em Trieste (Itália), cria o Prêmio Celso Furtado, outorgado aos trabalhos de economia política sobre o chamado Terceiro Mundo.
O economista Celso Furtado não se considerava “homem de letras”, mas homem de pensamento. Entretanto, foi eleito para ocupar a Cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 7 de agosto de 1997, sucedendo a Darcy Ribeiro.
Em 2001, a Fundação Carlos Chagas de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro instituiu o “Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento”.
Em 2003, tornou-se membro da Academia Brasileira de Ciências, e a Associação de Economistas Latino-Americanos o indicou para o Prêmio Nobel.
Nos dias de hoje, o pensamento de Celso Furtado está presente ao se elaborar um projeto de Nação, um projeto de desenvolvimento que supere as desigualdades sociais com o concomitante aumento da riqueza do país.
Segundo afirma Theotonio dos Santos, professor titular da Universidade Federal Fluminense, em artigo homenageando Furtado, “A marca [deixada] no pensamento social contemporâneo é inestimável. Mas ela será mais importante neste dias quando o povo brasileiro e de vários países latino-americanos exigem uma política econômica alternativa para a região. E quando os responsáveis pelo desastre econômico e social em que nos encontramos pretendem manter em prática a “única” [segundo eles] política econômica possível, a obra de Celso Furtado será sempre uma referência fundamental para romper estes mitos. E sua contribuição se agigantará ainda mais quando retomemos o caminho do crescimento econômico, da distribuição da renda e da igualdade social, pois seus estudos sobre o desenvolvimento, o planejamento e as políticas econômicas deverão ser um instrumento fundamental para orientar a formação de uma nova geração de economistas no Brasil, na América Latina e em todo o mundo”.
No campo teórico, ainda segundo Theotonio dos Santos, “Celso Furtado contribuiu também para o estudo da economia mundial, do impacto das multinacionais na economia capitalista contemporânea e no processo de globalização, cujos elementos centrais antecipou em suas obras sobre o tema realizadas no final dos anos 1960. Ele antecipou também os efeitos negativos que o pensamento único provocaria na situação dos países de desenvolvimento intermediário como o Brasil.”
De acordo com Furtado, os mercados somente geram decisões globalmente coerentes em países com avançado grau de homogeneidade social. Assim, quanto maior for a heterogeneidade social, maior será a necessidade de uma política nacional de desenvolvimento que priorize o crescimento e o bem-estar social de toda a população.
Para o Brasil, em 2003, ele propunha algumas medidas fundamentais para uma política econômica:
  • solucionar os problemas da subnutrição da população de baixa renda, problema similar ao da segurança pública;
  • concentrar os investimentos no aperfeiçoamento do fator humano para elevar o nível cultural da população e ampliar a oferta de quadros técnicos;
  • conciliar o processo de globalização com a criação de emprego, privilegiando o mercado interno na orientação dos investimentos;
  • e que a capacidade de importar seja utilizada prioritariamente para a aquisição de tecnologias.
A vida intelectual de Celso Furtado está associada ao pensamento econômico do século 20. É considerado, segundo muitos intelectuais importantes, o economista brasileiro mais conhecido e melhor conceituado em todo o mundo pela qualidade de seus trabalhos científicos em áreas tão diversas como a História Econômica, a Teoria do Desenvolvimento, a Política Econômica e o Planejamento.
Celso Furtado está entre os grandes economistas do mundo que estudaram, no pós-guerra, e de forma pioneira, os problemas do desenvolvimento econômico relacionando-os com problemas históricos.
É o próprio Furtado que diz, em um artigo “Aventuras de um economista brasileiro”, de 1972, publicado na revista International Social Sciences Journal, de Paris, ao explicar certas idéias-força em seu espírito: “(...) A primeira [idéia], é a de que a arbitrariedade e a violência tendem a dominar no mundo dos homens. A segunda é a de que a luta contra esse estado de coisas exige algo mais que simples esquemas racionais. A terceira, é a de que essa luta é como um rio que passa: traz sempre águas novas, ninguém a ganha propriamente e nenhuma derrota é definitiva. (...) Das influências intelectuais que sobre mim se exerceram desde o ginásio [continua Furtado], identifico três. Em primeiro lugar, a positivista, com a primazia da razão, a idéia de que todo conhecimento em sua forma superior se apresenta como conhecimento científico. Meu ateísmo, que cristalizara desde os 13 anos, encontrou aí uma fonte de justificação e um motivo de orgulho. A segunda linha de influência vem de Marx, como subproduto de meu interesse pela História. Foi lendo a História do socialismo e das lutas sociais, de Max Beer, que me dei conta pela primeira vez de que a busca de um sentido para a história era uma atividade intelectual perfeitamente válida. A terceira linha de influência é a da sociologia norte-americana, em particular da teoria antropológica da cultura, com a qual tomei contato pela primeira vez, aos 17 anos, lendo Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre.”
Ainda neste mesmo artigo, Celso Furtado esclarece: “O esforço para compreender o atraso brasileiro levou-me a pensar na especificidade do subdesenvolvimento. Convenci-me, desde então, de que o subdesenvolvimento é a resultante de um processo de dependência, e que para compreender esse fenômeno era necessário estudar a estrutura do sistema global: identificar as invariâncias no quadro de sua história. O desejo de compreender o meu próprio país absorveu a parte principal de minhas energias intelectuais no quarto de século transcorrido desde que escrevi a minha tese sobre a economia colonial brasileira [em 1948]”.
Esta homenagem que o 6.º CONATEEpresta é a maneira que encontramos de distinguir a importância do pensamento desse destacado brasileiro para a atualidade. A elaboração de qualquer projeto de Nação, tendo em conta a superação da miséria e a transformação social não pode prescindir dos estudos, das idéias e das propostas formuladas por Celso Monteiro Furtado.

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