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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Maurício Tragtenberg, nasceu a 4 de Novembro de 1929




Maurício Tragtenberg (Getúlio Vargas4 de Novembro de 1929 — São Paulo17 de novembro de 1998) foi um sociólogo e professor brasileiro.

Tragtenberg era historiador e cientista político de rara autonomia e independência intelectuais. Seus textos foram dedicados não apenas à crítica da sociedade capitalista, mas também à radiografia das contradições e pecados das formas autoritárias de socialismo (como stalinismo e o castrismo). Atualmente, com a reedição de seus livros pela editora da Unesp, através da “Coleção Maurício Tragtenberg”, os estudantes de ciências sociais, história e (por que não?) geografia têm agora a oportunidade de conhecer o trabalho de um autêntico pensador e de um intelectual que não dissociava a produção das idéias da militância política.

Mas a questão que eu trago hoje é: seria possível a geografia dialogar com a obra de Tragtenberg?

Pessoalmente falando, eu acredito que sim. A partir de leituras que fiz de alguns de seus livros e textos avulsos, pude identificar três “questões” (termo que preferi empregar por falta de uma palavra mais apropriada) que podem merecer a atenção dos geógrafos. Seriam elas:

- As teorias de administração (privada ou pública) como instrumentos de legitimação burocrática do poder (tema de sua tese de doutoramento, publicada em livro sob o título “Burocracia e Ideologia”).

- A auto-organização dos trabalhadores e as iniciativas populares de cooperação e auto-gestão.

- A “pedagogia libertária” como resposta à prática de ensino burocrática dominante no sistema educacional.

Mas como estas “questões” poderiam ser trabalhadas pela geografia? Ou, melhor dizendo, de que modo a geografia humana pode, ao mesmo tempo, se beneficiar das idéias de Tragtenberg e, em contrapartida, contribuir para o enriquecimento destes debates a partir do seu próprio ponto de vista, que é o da organização espacial da sociedade? Proponho três possibilidades:

- Análise crítica da gestão do território e das políticas de ordenamento territorial, que são instrumentos da administração pública (ou até mesmo privada em alguns casos) que necessitam de legitimação ideológica.

- Pensar as novas formas de organização popular como criadoras de novas territorialidades e/ou espaços de resistência (contra-espaços, regionalismos, etc).

- Reflexão sobre a prática de ensino da geografia nos marcos da pedagogia libertária proposta por Tragtenberg.

Creio que estas sugestões contemplam os problemas essenciais com os quais os geógrafos vêm lidando em suas pesquisas e em seu cotidiano: a espacialidade dos atores hegemônicos (Estado, empresas), as formas de resistência e luta dos grupos sociais oprimidos contra a ordem territorial dominante e o papel do ensino de geografia na construção do pensamento crítico e no exercício da cidadania.

Para aqueles que querem conhecer um pouco mais o pensamento de Maurício Tragtenberg, sugiro uma visita a este blog feito em sua homenagem por seus amigos e ex-alunos: http://mauricio-tragtenberg.blogspot.com

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