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terça-feira, 1 de julho de 2014

A 1 de Julho de 1920 nasce em Lisboa, Amália Rodrigues



O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.


A 1 de Julho de 1920 nasce em Lisboa, Amália Rodrigues (1920-1999), fadista, cantora e actriz portuguesa, considerada a Rainha do Fado.
Cantou os grandes poetas da língua portuguesa (Camões, Bocage), além dos poetas que escreveram para ela (Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill. Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe diversas canções.
Amália dá brilhantismo ao fado, ao cantar o repertório tradicional de uma forma diferente, sintetizando o que é rural e urbano. Considerada a nossa melhor embaixatriz, difundiu a cultura portuguesa, a língua portuguesa e o fado.
Ao longo da sua carreira recebeu inúmeras distinções: Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1958), Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1971), Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1981), Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1990), Ordem das Artes e das Letras (França-1990), Légion d'Honneur (França-1990), Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1998).
A 6 de Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre em Lisboa, tendo o 1º ministro decretado Luto Nacional por três dias. No seu funeral incorporaram-se centenas de milhares de lisboetas que assim lhe prestam uma última homenagem. Foi sepultada no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Em 2001, o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional, onde está sepultado ao lado de outros portugueses ilustres.



"Que culpa tem o destino
Deste destino que eu tenho
Se o desgosto é pequenino
Eu aumento-lhe o tamanho

É meu destino
Se o desgosto é pequenino
Eu aumento-lhe o tamanho

Se o desespero matasse
Eu já teria morrido
Talvez alguém me chorasse
Talvez o tenha merecido

Sinto que cheguei ao fim
Das ilusões que não tive
Porque alguém gosta de mim

Algo de mim sobrevive
Cheguei ao fim
Mas se alguém gosta de mim
Algo de mim sobrevive

Adeus que chegou a hora
Há muito a venho esperando
E se por mim ninguém chora
Faz-me pena e vou chorando

Já vou embora
E se por mim ninguém chora
Faz-me pena e vou chorando"

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