"No Natal de 1914, há cem anos atrás, no front de batalha da 1ª
guerra mundial, três trincheiras de combatentes estavam bem próximas: os
alemães, os franceses e seus aliados irlandeses..."
Mensagem de fim de ano da Nova Acrópole Brasil
Vídeo inspirado na crônica "Feliz Natal" de autoria de Lúcia Helena Galvão.
Que o espírito da fraternidade viva sempre, sem fronteiras!
"Esses
dias, tive a oportunidade de assistir a um belo filme, já relativamente
antigo (2006), que narra um fato histórico real: no Natal de 1914,
quase cem anos atrás, no front de batalha da 1ª guerra mundial, três
trincheiras de combatentes estavam bem próximas: os alemães, os
franceses e seus aliados irlandeses. De repente, na noite do dia 24, um
padre que servia na frente irlandesa começa a tocar sua gaita de fole
com canções natalinas. Do front alemão, um tenor famoso, que servia como
soldado, responde cantando. Em minutos, ambos sobem nas trincheiras e
prosseguem com seu estranho dueto.
Subitamente, os três comandantes
vão para o centro do campo de batalha e pactuam um cessar fogo por
aquela noite... mal haviam concluído o acordo, veem seus homens saindo
das trincheiras, trocando garrafas de vinho e pequenos petiscos,
desejando-se mutuamente feliz natal, mostrando fotos de suas famílias
que ficaram para trás... tudo termina numa bela missa conjunta... e numa
punição a todos, vinda de seus respectivos superiores, no dia seguinte.
O
filme, que, a propósito, se chama "Feliz Natal", mais que uma mensagem
de uma muito falada e pouco vivida fraternidade, tão propalada nesta
época do ano e esquecida no máximo até o reveillón, me trouxe algumas
reflexões sobre o ser humano: o drama humano de querer separar aquilo
que naturalmente tende a estar unido. De colocar "trincheiras" dentro
do seu coração e só amar o que está dentro delas; de se condenar a uma
guerra eterna contra tudo e contra todos que não atendam aos seus
interesses, pois, no fundo, todas nossas pequenas e grandes guerras da
modernidade são defesas do egoísmo; de atentar contra a própria
felicidade, pois, saiba ou não disso, a felicidade do ser humano só pode
ser encontrada... entre seres humanos. Pensei em como este conjunto de
símbolos, luzes e decorações, que invadem nossas cidades nesta época,
trazem à tona, em nós, uma excitação quase infantil, uma lembrança tão
pura e cálida, que adorna as nossas vidas, um encontro marcado com um
sonho. Com o que sonhamos? O que alimenta nossas esperanças no homem, em
nós mesmos, em cada Natal?
Experimente olhar para sua árvore
natalina, essa, que deve já estar montada em sua sala, e imaginar que
ela representa a vida: uma espiral ascendente rumo a uma Estrela... e
que os adornos luminosos que se reúnem em torno dela, mais próximos uns
dos outros à medida que sobem, são os homens, somos nós. Essa estrela
luminosa ressurge anualmente e renova seu convite de ascensão e de
união... quando o aceitaremos?
Talvez apenas neste dia, e não antes,
possamos viver de fato um Feliz Natal. Aqueles soldados, no meio da
neve, da desolação e da morte, em 1914, foram capazes de perceber esse
convite e aceitá-lo... isso é uma esperança.
Neste Natal que se
aproxima, como filósofa que sou, desejo que suas estrelas falem, seus
pinheiros inspirem, suas esperanças brilhem e seus sonhos humanos mais
belos caminhem para a realização. Afinal, como seres humanos que somos,
nossos sonhos humanos... são um só sonho." - Lúcia Helena Galvão,
diretora adjunta da Nova Acrópole Brasil.
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