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sexta-feira, 20 de março de 2015

Ilse Lieblich Losa nasceu em Melle-BuerIlse,uma aldeia perto de Hanover, na Alemanha, a 20 de março de 1913



Ilse Lieblich Losa nasceu em Melle-BuerIlse,uma aldeia perto de Hanover, na Alemanha, a 20 de março de 1913, filha de Arthur Lieblich, frequentou o liceu em Osnabrück e Hildesheim e mais tarde um instituto comercial em Hanover.
Ameaçada pela Gestapo de ser enviada para um campo de concentração devido à sua origem judaica, abandonou o seu país natal em 1930 com a mãe e seus irmãos Ernst (nascido em Junho de 1914) e Fritz.
Deslocou-se primeiro para Inglaterra onde teve os primeiros contactos com escolas infantis e com os problemas das crianças.
Chegou a Portugal em 1934, tendo-se fixado na cidade do Porto, onde casou em 1935 com o arquiteto Arménio Taveira Losa, tendo adquirido a nacionalidade portuguesa.
O seu irmão Fritz também casou com uma Portuguesa, Florisa Estelita Gonçalves, de quem teve duas filhas, Sílvia Gonçalves Lieblich e Ângela Gonçalves Lieblich.
Em 1943, ano em que nasceu a sua primeira filha, Margarida Lieblich Losa (falecida em Janeiro de 1999), publicou o seu primeiro livro "O mundo em que vivi" e desde essa altura, dedicou a sua vida à tradução e à literatura infanto-juvenil, tendo sido galardoada em 1984 com o Grande Prémio Gulbenkian para o conjunto da sua obra dirigida às crianças.
Teve outra filha, Alexandra Lieblich Losa.
Ilse Losa inicia a sua actividade literária, em 1949, com o romance “O MundoEm Que Vivi”, um caso exemplar de literatura preferencialmente destinada aos adultos que é recebida por jovens.
É neste mesmo ano que escreve também o livro “Faísca Conta a sua História”, título que inaugura o conjunto vasto de textos situados na comummente designada como literatura para crianças.
Perante a recepção feliz desta obra, Ilse Losa começou a escrever para as crianças numa época em que, em Portugal, o livro infantil não era encarado como relevante. E é precisamente nesta área que o seu trabalho é reconhecido com o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças – Melhor Texto de 1980-1981, pelo livro “Na Quinta das Cerejeiras” e, mais tarde, em 1984, com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças, pelo conjunto da sua obra.
Multiplicam-se, então, os títulos neste universo preenchido, ao longo de quatro décadas, por contos como “Viagem com Wish” (1983) e “Ana-Ana” (1986), por recontos como “Silka” (1989) e “Ora ouve...” histórias antiquíssimas adaptadas (1987), por textos dramáticos como “A Adivinha”: peça em quatro quadros (1967) e “O Príncipe Nabo”: peça em três actos baseada numa velha história popular (1978) ou pela novela “Um fidalgo de pernas curtas” (1958).
Nunca será de mais recordar que a Literatura Portuguesa, em especial a de preferencial recepção infanto-juvenil, deve a Ilse Losa, por exemplo, uma excelente tradução de “O Diário de Anne Frank”, a coordenação da colecção «Asa Juvenil» (de Edições Asa) e, muito particularmente, um legado literário inigualável e multifacetado no qual encontramos títulos como, apenas para destacar alguns, “Faísca conta a sua História” (1949), “Um Fidalgo de Pernas Curtas” (1958), “Beatriz e o Plátano” (1976), “O Príncipe Nabo” (1978), “A Minha Melhor História” (1979), “Na Quinta das Cerejeiras” (1981), “Viagem com Wish” (1983) ou “Silka” (1984), essa «magnífica parábola sobre a intolerância (…) onde é difícil não ler uma reflexão acerca do destino do povo judeu» (Gomes, 1997), essa expressão também da «sombra de [essa] outra vida» de que teve de se desviar.
Com Ilse Losa, ganhámos uma voz inconfundível, de memória, que permite também escrever entre o quotidiano e o sonho, uma voz que nunca se cansou de escrever «a valorização da dimensão humana, dos afectos (às pessoas, aos animais e às coisas), o elogio da vida, sem esconder a sua face mais austera e dura, mas valorizando os pequenas nadas que a tornam mais suave e mágica» (Sousa, 2002).
Porque os livros de Ilse Losa são escritos para todos.
Em 1998 recebeu o Grande Prémio de Crónica, da APE (Associação Portuguesa de Escritores) devido à sua obra À Flor do Tempo.
Colaborou em diversos jornais e revistas, alemães e portugueses, está representada em várias antologias de autores portugueses e colaborou na organização e traduziu antologias de obras portuguesas publicadas na Alemanha.
Traduziu do alemão para português alguns dos mais consagrados autores.
Segundo Óscar Lopes "os seus livros são uma só odisseia interior de uma demanda infindável da pátria, do lar, dos céus a que uma experiência vivida só responde com uma multiplicidade de mundos que tanto atraem como repelem e que todos entre si se repelem".
A 9 de Junho de 1995 foi feita Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique.
Ilse Losa morreu no Porto, a 6 de janeiro de 2006, com 92 anos.

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