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quarta-feira, 22 de abril de 2015

AQ 22 de Abril de 1988 - Morre o historiador e investigador português António Carreira, 83 anos.



Carreira nasceu no Fogo em 28 de Outubro de 1905, mas viveu a maior parte do tempo em Portugal e na Guiné-Bissau. O seu interesse pela História cabo-verdiana levou-o a viajar por vários países, onde recolheu dados que lhe permitiram aprofundar o conhecimento sobre vários aspectos do passado cabo-verdiano. O resultado das suas investigações está presente em vários artigos científicos e livros que, ainda hoje, são considerados a base da História cabo-verdiana.“Panaria Cabo-verdiana e Guineense” e “Cabo Verde: Classes Sociais, Estrutura Familiar. Migrações” são alguns dos muitos livros escritos por Carreira.
Esta bibliografia imensa é, para os investigadores que se lhe seguiram, “de leitura obrigatória”, diz Daniel Pereira. Para este historiador, que foi “impulsionado a estudar a História de Cabo Verde depois de ler as obras de Carreira”, nunca mais um investigador cabo-verdiano conseguiu igualar a dimensão deste que quis saber de onde vinha para saber o que era e onde queria ir. Para atingir o nível de Carreira, diz, “é preciso os historiadores publicarem muito mais, estudarem muito mais”.
De facto, as investigações deste estudioso e autodidacta, que hoje faria cem anos, se estivesse vivo, ao contrário de se debruçarem sobre uma temática específica, abordam inúmeras facetas da História cabo-verdiana, desde a economia à cultura, passando pelos aspectos sociais. Uma opção metodológica possivelmente influenciada, explica Daniel Pereira,“pelo seu amigo íntimo Vitorino Magalhães Godinho, um importante historiador português da École des Annales, que vê a História sob um ponto de vista globalizante”.
Mas para além da capacidade intelectual e de trabalho de Carreira, um outro factor tornou este investigador ímpar: o“espírito indomável” que, segundo Daniel Pereira, o levou “a suplantar grandes dificuldades” e a “enfrentar os poderes instituídos” para lograr a publicação de alguns dos seus estudos. É o caso da premiada obra “Cabo Verde: Formação e Extinção de uma sociedade escravocrata” que, pela temática que abordava, tornava-se incómoda para alguns sectores da sociedade de então.

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