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quarta-feira, 8 de abril de 2015

José Egito de Oliveira Gonçalves, mais conhecido por Egito Gonçalves, nasceu em Matosinhos a 8 de Abril de 1920


José Egito de Oliveira Gonçalves, mais conhecido por Egito Gonçalves, nasceu em Matosinhos a 8 de Abril de 1920 e morreu no Porto a 29 de Janeiro de 2001, foi um poeta, editor e tradutor.
Publicou os primeiros livros na década de 1950. Teve como actividade profissional a administração de uma editora.
A sua intensa actividade de divulgação cultural e literária concretizou-se, a partir dos anos 50, na fundação e/ou direcção de diversas revistas literárias, como A Serpente (1951), Árvore (1952-54), Notícias do Bloqueio (1957-61), Plano (1965-68, publicada pelo Cineclube do Porto) e Limiar.
Em 1977 foi-lhe atribuído o Prémio de Tradução Calouste Gulbenkian, da Academia das Ciências de Lisboa pela selecção de Poemas da Resistência Chilena e, em 1985, recebeu o Prémio Internacional Nicola Vaptzarov, da União de Escritores Búlgaros.
Em 1995 obteve o Prémio de Poesia do Pen Clube, o Prémio Eça de Queirós e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com o livro E
No Entanto Move-se. A sua obra encontra-se traduzida em francês, polaco, búlgaro, inglês, turco, romeno, catalão e castelhano.
Faleceu em 2001, e o seu último livro, Entre Mim e a Minha Morte Há Ainda um Copo de Crepúsculo, foi editado cinco anos depois.
Conhecida pelo seu cunho combativo e intencionalidade social, a poesia de Egito Gonçalves encontra muitas vezes no diálogo e apelo a um interlocutor não nomeado a situação comunicativa privilegiada para aludir de forma irónica ou diferida a contextos históricos, encontrando nessa mediação o distanciamento preciso para que a sua voz não ceda à expressão sentimental de um lirismo motivado por situações trágicas.
Esse discurso dirigido a um tu, mensageiro do bloqueio e da resistência ("Vai pois e noticia com um archote / aos que encontrares de fora das muralhas / o mundo em que nos vemos, poesia / massacrada e medos à ilharga" ("Notícias do Bloqueio" in A Viagem com o teu Rosto), ou companheira cujos "ombros nus são a evasão possível" ("Localização", in A Evasão Possível), evolui também, sem rejeitar uma imagética de teor surrealista, para o discurso de um nós, que conhece uma situação coletiva de mordaça e paz absurda ("Morremos pouco a pouco neste vácuo / que a solidão nos serve como leito", in Os Arquivos do Silêncio), mas que não recua, esperando o momento em que lhe será restituída a dignidade: "Este cemitério é vasto e sem muros. / Aí nos situamos; e entre nós / há esta só diferença: nós podemos / fazer ainda a vida acontecer." ("Colóquio com um Fuzilado", in Os Arquivos do Silêncio).

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