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domingo, 19 de abril de 2015

Virgínia Moura, morreu no Porto a 19 de abril de 1998



Virgínia Moura nasceu em S. Martinho do Conde, Guimarães, a 19 de Julho de 1915. Era filha de mãe solteira, estigma que lhe condicionou a vida e a ajudou a forjar o seu precoce carácter revolucionário.
Com apenas 15 anos de idade participou numa greve estudantil, na Póvoa de Varzim, em protesto contra o assassinato, pela polícia, de um jovem estudante chamado Branco.
Três anos depois deste episódio ligou-se ao Partido Comunista Português, ao integrar o Socorro Vermelho (uma organização de apoio aos presos políticos portugueses e espanhóis), e aí conheceu o companheiro de toda a vida, António Lobão Vital, então estudante de Arquitetura. Viveram juntos durante 42 anos, até à morte de Lobão Vital. Nunca tiveram filhos, apesar de ambos os desejarem.
Virgínia Moura foi uma das primeiras mulheres a cursar Engenharia Civil (1943-1948) em Portugal e a segunda licenciada pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto depois de Maria da Conceição Marques Moura (1943-1947). No entanto, nunca teve um emprego público. As autoridades não lhe perdoaram o facto de ela ser uma reconhecida ativista antifascista. Para além de Engenharia cursou, também, Matemática, em Coimbra, e Letras, no Porto.
Nesta cidade, durante os anos 40 e 50, desenvolveu grande atividade cultural. Sob o pseudónimo de Maria Selma colaborou em diversas publicações periódicas, promoveu a Revista Sol Nascente e organizou conferências que contaram com a participação de intelectuais como Teixeira de Pascoaes, Maria Lamas e Maria Isabel Aboim Inglês.
Antes do 25 de Abril de 1974 participou ativamente em movimentos pró-democráticos. Destacou-se a sua participação e empenhamento no comício de apoio à candidatura de Norton de Matos à presidência da República, na Fonte da Moura, em 1949; foi julgada por "traição à Pátria", em 1951, por ter assinado uma declaração que exigia a Salazar negociações com o governo indiano relativamente a Goa, Damão e Diu; esteve ligada à candidatura de Humberto Delgado, às movimentações populares estudantis de 1962 e aos congressos da oposição democrática de Aveiro (1969 e 1973); foi presa dezasseis vezes pela PIDE (a primeira das quais em 1949), nove vezes processada, três vezes condenada e foi repetidamente agredida pela polícia em atos públicos. Depois da Revolução de 1974 manteve a sua atividade política como militante do PCP.
No decurso do seu ativismo político e cívico integrou, também, o Movimento da Unidade Antifascista, o Movimento de Unidade Democrática Juvenil, o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e o Movimento Nacional Democrático.
Com o 25 de Abril veio o reconhecimento público da sua ação cívica. Foi agraciada com a Ordem da Liberdade e, ainda, com a Medalha de Honra da Câmara Municipal do Porto durante a presidência de Fernando Cabral e do Movimento Democrático de Mulheres.
Em 1998, com 82 anos de idade, visitou Cuba pela primeira e última vez. Pouco depois, a 19 de Abril, faleceu no Porto.
Ao funeral da Passionária Portuguesa, como era conhecida entre os opositores de Salazar e de Marcelo Caetano, comparecerem milhares de pessoas, entre as quais se podem destacar o então Secretário-geral do Partido Comunista Português, Carlos Carvalhas, e o dirigente da Intervenção Democrática, Raul de Castro, seu amigo de longa data, que usaram da palavra para lhe prestar uma última homenagem.

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