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segunda-feira, 4 de maio de 2015

A 04 de Maio de 1969 -- Morre o escritor Manuel Mendes, um dos fundadores do MUD-Movimento de Unidade Democrática.


Manuel Joaquim Mendes
Escritor, artista plástico e resistente anti-fascista, nasceu em Lisboa a 18 de Janeiro de 1906, cidade onde também faleceu, em 4 de Maio de 1969.
Filho de José Joaquim Mendes e de Adelaide Nascimento Mendes. Frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa participou nas greves académicas de 1928 e 1931, acabando por não realizar as provas de licenciatura e os exames finais em protesto contra a situação.
Iniciado na Maçonaria em 14 de Junho de 1930, usou o nome simbólico de Nemo.
Ligado ao grupo da Seara Nova, e íntimo companheiro de homens como Raul Proença, António Sérgio, Jaime Cortesão, Mário de Azevedo Gomes e Câmara Reys, interveio na preparação das revoltas militares e civis que marcaram a primeira fase de resistência ao fascismo até à Guerra Civil de Espanha, tendo sido agente de ligação entre homens como Jaime de Morais, Nuno Cruz, Moura Pinto, João Soares e Utra Machado. Durante a guerra civil espanhola participou na Frente Popular e visitou a Inglaterra, a França e a Espanha republicana, participando em Madrid nos primeiros combates de defesa da Cidade Universitária contra as tropas franquistas.
Na sua luta contra o fascismo ficou conhecida a coragem com que, à frente de um grupo de companheiros, assaltou a esquadra de polícia do Rego para libertar Barreto Monteiro que estava a ser torturado pela PVDE.
Participou no MUNAF e foi um dos promotores da criação do MUD, tendo feito parte da Comissão Distrital de Lisboa e, posteriormente, da Comissão Central.
Foi preso pela PIDE em 16 de Dezembro de 1946, mas restituído à liberdade no mesmo dia. Após a ilegalização do MUD foi novamente preso, em 31 de Janeiro de 1948, recolhendo à cadeia do Aljube, e libertado em 28 de Fevereiro seguinte. Ainda em 1948 participou no movimento de apoio à candidatura do General Norton de Matos à presidência da República. Em 1949 foi novamente preso, por suspeitas de actividades “contra a segurança do Estado”, ficando detido entre 15 de Fevereiro e 23 de Março. Em 1958 prestou o seu apoio à candidatura do general Humberto Delgado.
Membro da Resistência Republicana e Socialista desde 1953, aderiu à Acção Socialista Portuguesa em 1964.
Manuel Mendes fez largas incursões nas artes plásticas, mas destacou-se sobretudo pela sua actividade literária, colaborando em numerosos jornais e revistas, como a Seara Nova, a Revista de Portugal, a Vértice, e os jornais O Século, Primeiro de Janeiro, A Capital e República.
Dotado de larga cultura e fino humor, utilizava repetidas vezes a sátira nos seus textos. Os seus escritos literários e crónicas demonstram o empenhado interesse pelas reformas político-sociais, pela arte e cultura em geral. Como ficcionista seguiu a esteira de Raul Brandão e Aquilino Ribeiro. Deixou vasta obra como cronista do quotidiano, evocador de figuras e situações históricas, crítica de arte, etc.
Casado com Berta Mendes, escreveu prefácios e notas para traduções por esta realizadas e publicadas na Biblioteca Cosmos.
Como escultor, Manuel Mendes participou no Salão dos Independentes e nos dois salões de 1946 e 1947 da Exposição Geral das Artes Plásticas, organizada pela Sociedade Nacional de Belas Artes.
Frequentador assíduo da “Brasileira” e de tertúlias políticas e literárias, surge representado no quadro de Abel Manta, intitulado “A Leitura”, que retrata o grupo de intelectuais que se reuniam no consultório do Prof. Pulido Valente.
Ao longo da sua vida juntou uma extensa biblioteca. O seu relacionamento com artistas plásticos do seu tempo levou-o também a formar uma significativa amostra de pintura portuguesa contemporânea, e uma colecção de cartas e manuscritos de escritores e personalidades da vida cultural e política.
A sua casa foi sempre ponto de encontro de muitos dos seus amigos e companheiros, sendo instituída em 1977 a Casa-Museu Manuel Mendes.
Amigo íntimo de Aquilino Ribeiro, promoveu a campanha para que lhe fosse concedido o Prémio Nobel. Juntou também materiais para a defesa jurídica no processo que a este foi levantado pela publicação do romance "Quando os Lobos Uivam".

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