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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A 4 de Fevereiro de 1961 - Inicia-se a luta armada de libertação nacional em Angola



A 4 de Fevereiro de 1961, centenas de jovens ligados ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) atacaram diversos alvos em Luanda, entre os quais duas cadeias para libertar nacionalistas angolanos encarcerados pela polícia política colonialista.
Armados de paus e catanas, os patriotas assaltaram a Casa de Reclusão e a Cadeia de São Paulo, além de um posto da PIDE e da rádio oficial de Angola.
Esta acção, faz agora 55 anos, marcou e simboliza o desencadear da luta armada de libertação nacional nas então colónias portuguesas africanas, que conduziu à sua independência em meados dos anos 70 e contribuiu de forma decisiva para a Revolução dos Cravos em Portugal e para profundas transformações progressistas em África.
A acção dos patriotas angolanos em Luanda, há 55 anos, foi a centelha que ateou os combates emancipadores em Angola, na Guiné-Bissau, em Moçambique – onde a luta pela independência assumiu a forma armada –, em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe, mas a verdade é que os povos africanos resistiram sempre à dominação colonial portuguesa.
É após a Segunda Guerra Mundial que começam a soprar mais fortes os ventos de mudança em África. Muitos africanos – que lutaram nos exércitos das potências colonizadoras como a Inglaterra e a França contra os nazis alemães e os fascistas italianos – sonham também eles com a libertação das suas terras. Da Ásia chegam ecos das lutas independentistas dos povos da Índia, da Indonésia e da Indochina. A revolução chinesa triunfa, a União Soviética e outros países avançam na construção do socialismo.
Por essa altura, a partir de meados da década de 40 e nos anos seguintes, chegam a Portugal estudantes das colónias africanas – entre outros, Amílcar Cabral, de Cabo Verde; Agostinho Neto, Lúcio Lara e Mário de Andrade, de Angola; Marcelino dos Santos e Noémia de Sousa, de Moçambique; Vasco Cabral, da Guiné; Alda Espírito Santo e Francisco José Tenreiro, de São Tomé e Príncipe –, muitos dos quais se integram na resistência contra a ditadura salazarista, lado a lado com comunistas e outros democratas portugueses, ao mesmo tempo que se organizam em estruturas próprias, quer de estudantes, quer de trabalhadores africanos.
Com a acção do MPLA em Luanda, a 4 de Fevereiro de 1961, de assalto a cadeias para libertar patriotas presos pela PIDE, desencadeou-se a luta armada de libertação nacional em Angola.
O regime fascista português respondeu com brutalidade – Salazar enviou milhares de soldados para a colónia, sucederam-se os massacres cometidos por colonos e pela tropa colonial, a guerra alastrou rapidamente e foram abertas várias frentes militares.
Lutando de armas nas mãos contra os colonialistas portugueses, o MPLA teve ao mesmo tempo que enfrentar no plano militar e diplomático dois movimentos hostis apoiados pelo imperialismo: a UPA/FNLA, de Holden Roberto, financiada pelos Estados Unidos, e a Unita, de Jonas Savimbi, armada pela África do Sul do apartheid e aliada das tropas coloniais.
Com a revolução de Abril e com o apoio do MFA e das forças progressistas, Portugal reconheceu ainda em 1975 a República Popular de Angola, proclamada pelo MPLA.
Em Angola, o imperialismo apostou forte nos movimentos fantoches financiados, armados e controlados pelos Estados Unidos e pela África do Sul racista. Os angolanos, dirigidos pelo MPLA, tiveram de lutar ainda durante vários anos para derrotar a FNLA e a Unita, apoiadas por mercenários e por tropas sul-africanas. A situação alterou-se depois da batalha de Cuito-Cuanavale, no Cuando-Cubango, em Março de 1988, em que as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) e as tropas cubanas em missão de ajuda internacionalista travaram e derrotaram os poderosos exércitos de Pretória.
O apartheid começou a desmoronar-se, o regime racista foi forçado a aceitar a independência da Namíbia dirigida pela Swapo de Sam Nujoma, em breve Nelson Mandela foi libertado e iniciou-se o processo de democratização que levou o ANC ao poder.
Em Angola, ainda foram necessários alguns anos de guerra civil para que as forças armadas da jovem república liquidassem Jonas Savimbi e garantissem a paz duradoura.

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