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quinta-feira, 30 de abril de 2015

António Manuel de Oliveira Guterres nasceu a 30 de Abril de 1949



António Manuel de Oliveira Guterres nasceu a 30 de Abril de 1949 na freguesia de Santos-o-Velho, em Lisboa.
Filho de Ilda Cândida dos Reis Oliveira Guterres e de Virgílio Dias Guterres - um funcionário superior da Companhia do Gás e Electricidade de Lisboa -, António viveu a sua infância entre a capital e a terra natal da mãe, Donas, na Beira Baixa.
Desde cedo o bebé Guterres demonstrou grande capacidade intelectual. Aos quatro anos, por ímpeto de uma tia, António aprende a ler e a escrever e chora quando as histórias infantis não têm um fim feliz. A caminho das Beiras, soletra as estações e apeadeiros por onde o comboio vai passando e deixa os passageiros estupefactos. À chegada, se encontra o padre Alfredo, que o baptizara, apressa-se a perguntar: "Como vai o senhor prior? A sua mãe e o seu pai estão bem?". Que menino precoce, mas estava ainda longe de imaginar os problemas que viria a enfrentar devido à sua devoção católica e a provocar devido à sua mania da política.
Aluno brilhante, António Guterres termina a Escola Primária no pódio e ingressa no Liceu de Camões, onde disputa a liderança da turma com Luís Miguel Cintra. Um dia, numa aula, o professor de matemática complica uma equação que apenas Guterres consegue resolver. "Olhe que você ainda há-de chegar a ministro de Portugal", disse-lhe o docente. E devia ter sido processado por enfiar ideias absurdas na cabeça das criancinhas.
No fim do sétimo ano, ganha interesse pela Física que afirma ter sido a sua "paixão platónica" e acaba o curso liceal com média de 18 valores. O feito chama sobre ele a atenção da "Opus Dei", que o recruta. Guterres aceita "sem fazer a mínima ideia" do que se tratava, o que demonstra bem a sua postura, revelada mais tarde, perante as restantes coisas da vida.
Em 1965, chega ao Instituto Superior Técnico sob o desígnio de raridade. Afinal, tinha saído do Liceu com o prémio nacional de melhor aluno do ano, apenas ombreado por José Tribolet, que acabara o liceu com 20 valores, mas no Colégio Militar onde estas coisas dependem das patentes dos papás.
Dedicado ao estudo e à família, António Guterres acompanha a mãe nas idas à missa e às novenas e era um "habitué" nos convívios da Juventude Universitária Católica. Nos tempos conturbados da segunda metade da década de 60, manteve-se sempre à parte da agitação, nunca participando nas manisfestações estudantis. Pensava na carreira e estudava. Em tempos de Estado Novo, nunca pisou o risco. Isto é que foi coragem, conseguir manter-se quieto...
Profundamente marcado pela educação católica, em grande parte inspirada por sua mãe, torna-se presidente do Centro Social Universitário e vive as misérias de bairros como a Curraleira ou a Quinta da Calçada. Curiosamente foram estas vivências e o choque da injustiça social que despertaram Guterres e o lançaram no panorama político português.
Licencia-se em Engenharia Electrotécnica, em 1971, com a classificação final de 19 valores. Envolve-se nas discussões religiosas e sociais do "Grupo da Luz" - onde militam nomes como Helena Roseta, Marcelo Rebelo de Sousa, António Tavares e Victor Sá Machado - e onde conhece o padre Vítor Melícias, que em 1972 celebra o seu casamento com Luísa Melo.
Dois anos mais tarde, pela mão de António Reis, Guterres filiava-se no Partido Socialista. Desencantado com o sistema e atraído pelos ideais socialistas de Marx, abandona a carreia universitária - era então regente das disciplinas de Teoria de Sistemas e Sinais de Telecomunicações no Técnico - e dedica-se à política. Devia ter-se visto logo, por esta decisão, que era um homem de convicções. Para quê tanto trabalho se provávelmente se safava melhor na política sem fazer nenhum?
No pós 25 de Abril, na companhia de Manuel Alegre dinamiza a FAUL (Federação Distrital do Partido em Lisboa), cola cartazes, anda pelos comícios e está, pela primeira vez, na frente da tropa de rua do PS.
São os velhos maçons do "Restelo" socialista, que em 1976 levantam dúvidas em relação aos ideiais de Guterres. Acusam-o de estar ligado ao "Opus Dei" e a sua veia católica causa mau-estar no seio de um partido laico. Factos que dão aso às exclamações de Mário Soares - "Ainda se não fosse à missa!…" - e a longas horas de conversa com o deputado-poeta.
Mas a escalada de António Guterres no cerne do Partido Socialista havia já começado. A amizade com Salgado Zenha, ministro das Finanças de então, conduziu-o à chefia de gabinete. A dedicação dos tempos universitários mantêm-se inabalável e Guterres coordena o grupo de trabalho que elaborou o documento "10 anos para mudar Portugal - Programa do Partido Socialista para os anos 80", apresentado do congresso de 1979. No ano seguinte, bate o pé a Soares, que recusava o apoio à recandidatura do general Ramalho Eanes, e abandona o parlamento alinhando ao lado Zenha, Vítor Constâncio e Jorge Sampaio no grupo do ex-Secretariado.
Divergências sanadas, e com Soares já em Belém, foi membro da Comissão de Integração Europeia (Comissão Negociadora da adesão de Portugal à Comunidade Europeia) e director de Desenvolvimento Estratégico do Investimento e Participação de Estado. Em 1988, torna-se presidente do Grupo Parlamentar do PS e um ano mais tarde entra para o Conselho de Estado.
A década de 90 começa mal para as apirações socialistas, com Cavaco Silva a renovar a permanência dos socias-democratas no poder.
Guterres considera ter chegado a hora da sua afirmação e no Congresso de Fevereiro de 1992 ganha a liderança do partido a Jorge Sampaio, apesar da cisão interna não lhe perspectivar um futuro áureo. Empenha-se, então, nas legislativas de 1995. Engenheiro solitário num projecto em que poucos socialistas pareciam acreditar, põe fim a dez anos de cavaquismo e pinta, quase absolutamente, a maioria dos distritos nacionais de rosa.
Já como primeiro-ministro aplica-se na construção de um Governo aberto, marcado pelo "diálogo" entre as várias forças políticas e por paixões como a da educação. Infelizmente foi uma paixãozita que não deu em nada.
Em Outubro de 1999 volta a ser eleito pelos portugueses e quase simultaneamente assume a presidência da Internacional Socialista.
Depois foi o descalabro e resolveu fugir deixando o país à deriva...
Actualmente foi repescado pela ONU onde esperamos grandes coisas, na senda do que fez por cá.

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