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sábado, 22 de agosto de 2015

Uso e abuso de pleonasmos!...

 Pleonasmos

Quase todos os portugueses sofrem de pleonasmite, uma doença congénita para
a qual não se conhecem nem vacinas nem antibióticos. Não tem cura, mas
também não mata. Mas, quando não é controlada, chateia (e bastante) quem
convive com o paciente.

O sintoma desta doença é a verbalização de pleonasmos (ou redundâncias) que,
com o objectivo de reforçar uma ideia, acabam por lhe conferir um sentido
quase sempre patético.

Definição confusa? Aqui vão quatro exemplos óbvios “Subir para cima”,
“descer para baixo”  , “entrar para dentro”  e  “sair para fora”.

Já se reconhece como paciente de pleonasmite? Ou ainda está em fase de
negação? Olhe que há muita gente que leva uma vida a pleonasmar sem se
aperceber que pleonasma a toda a hora.

Vai dizer-me que nunca “recordou o passado”? Ou que nunca está atento aos
pequenos detalhes”? E que nunca partiu uma laranja em “metades iguais”? Ou
que nunca deu os  “sentidos pêsames”  à “viúva do falecido”?

Atenção que o que estou a dizer não é apenas a minha “opinião pessoal”.
Baseio-me em  “factos reais” para lhe dar este “aviso prévio” de que esta
doença má” atinge “todos sem excepção”.
O contágio da pleonasmite ocorre em qualquer lado. Na rua, há lojas que o
aliciam com “ofertas gratuitas”. E agências de viagens que anunciam férias
em “cidades do mundo”. No local de trabalho, o seu chefe pede-lhe um
acabamento final” naquele projecto. Tudo para evitar“surpresas
inesperadas” por parte do cliente. E quando tem uma discussão mais acesa com
a sua cara-metade, diga lá que às vezes não tem vontade de “gritar alto”:
Cala a boca!”?
O que vale é que depois fazem as pazes e vão ao cinema ver aquele filme que
estreia pela primeira vez” em Portugal.

E se pensa que por estar fechado em casa ficará a salvo da pleonasmite,
tenho más notícias para si. Porque a televisão é, de“certeza absoluta”, a
principal protagonista” da propagação deste vírus.

Logo à noite, experimente ligar o telejornal e “verá com os seus próprios
olhos” a pleonasmite em directo no pequeno ecrã. Um jornalista vai dizer que
a floresta “arde em chamas”. Um treinador de futebol queixar-se-á dos “elos
de ligação
” entre a defesa e o ataque. Um “governante” dirá que gere bem o
erário público”. Um ministro anunciará o reforço das “relações bilaterais
entre dois países”. E um qualquer “político da nação” vai pedir um “consenso
geral
” para sairmos juntos desta crise.


E por falar em crise! Quer apostar que a próxima manifestação vai juntar uma
multidão de pessoas”?

Ao contrário de outras doenças, a pleonasmite não causa “dores
desconfortáveis
” nem “hemorragias de sangue”. E por isso podemos “viver a
vida
” com um “sorriso nos lábios”. Porque alguém a pleonasmar, está nas suas
sete quintas. Ou, em termos mais técnicos, no seu “habitat natural”.

Mas como lhe disse no início, o descontrolo da pleonasmite pode ser chato
para os que o rodeiam e nocivo para a sua reputação. Os outros podem vê-lo
como um redundante que só diz banalidades. Por isso, tente cortar aqui e ali
um e outro pleonasmo. Vai ver que não custa nada. E “já agora” siga o meu
conselho: não “adie para depois” e comece ainda hoje a “encarar de frente” a
pleonasmite!

Ou então esqueça este texto. Porque afinal de contas eu posso estar só
maluco da cabeça”.

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