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domingo, 11 de outubro de 2015

A 11 de Outubro de 1939 - É revelada a carta de Einstein a Roosevelt sobre a bomba atómica



No dia 11 de Outubro de 1939 vem a público uma carta, datada de 2 de Agosto, em que o físico Albert Einstein escreve ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt exortando-o a equacionar a hipótese de produzir a bomba atómica e alertando que a Alemanha nazi já estaria a realizar estudos. A carta é vista como um dos impulsos do Projecto Manhattan, o bem-sucedido plano nuclear, de onde viriam a sair as bombas que devastaram Hiroxima e Nagasáqui em 1945.
Ainda na Alemanha, Einstein era uma celebridade mundial com sua teoria geral da relatividade publicada em 1905. Libertário, meio anarquista, próximo a grupos socialistas, também era definitivamente pacifista e duro crítico das guerras. Ao perceber o rumo que a Alemanha tomava, ele decidiu imigrar para os EUA, onde o Departamento de Estado já tinha recebido, em 1932, uma carta de um grupo de “mulheres patriotas”, recomendando não ser autorizada a entrada dele no país. “Nem o próprio Estaline”, dizia a carta, era filiado em tantas “organizações anarco-comunistas”.
Preocupado com o avanço das pesquisas sobre fissão nuclear outro conhecido físico, Leo Szilard, muito ligado a Einstein, alertou os britânicos para o risco de cientistas alemães fazerem a bomba. Sem ser ouvido, em 1938 aceitou o convite para trabalhar na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, com Enrico Fermi. Como ele, Fermi e outros cientistas achavam que era preciso levar aquela preocupação a Roosevelt. Szilard conseguiu convencer Einstein a assinar a carta.
Na resposta a Einstein, datada de 19 de Outubro, Roosevelt disse considerar tão importantes aqueles dados que reuniria uma equipa integrada pelo director do Bureau of Standards e representantes do Exército e Marinha para uma discussão ampla.
Mas há outra parte da história: em 1940 o Exército incluiu Einstein na lista de cientistas que trabalhariam no projecto e o nome dele acabaria praticamente vetado pelo FBI. O diretor, J. Edgar Hoover, relacionou as actividades de esquerda dele e anexou uma síntese biográfica facciosa, sem data nem assinatura, talvez redigida por agentes de direita do FBI que agiam na Alemanha. Entre outras coisas, dizia que em Berlim o apartamento de Einstein no início da década de 1930 era “um covil comunista” e a sua casa de campo um “esconderijo de enviados de Moscovo”.
Pouco depois, numa carta de Julho de 1940, o Exército negou a autorização para ele trabalhar no projecto. Quando o cientista soube que o trabalho começara, ficou desapontado por ter sido excluído; mas aceitaria com entusiasmo, em 1943, o convite da Marinha para ser consultor sobre “grandes explosivos”.
Capítulo fascinante dessa história foi o envolvimento posterior de Einstein – com cientistas que trabalhavam ou tinham trabalhado no projecto da bomba-A, até o próprio Leo Szilard – no esforço contra o uso da bomba. Einstein chegou a escrever outra carta, pouco antes da morte de Roosevelt, aparentemente não lida por ele. Naquela altura o ficheiro do cientista no FBI já era bastante conhecido. A sua situação ficaria ainda pior depois da prisão em 1950 do físico Klaus Fuchs, acusado de passar segredos atómicos aos soviéticos.
Nesse ano o FBI ampliou a vigilância sobre Einstein depois da participação dele no primeiro programa de TV da ex-primeira dama Eleanor Roosevelt, para discutir os perigos da corrida armamentista. Hoover ordenou ampla investigação, até com a inclusão de boatos – como a história de que em Berlim, no seu escritório nos anos 1930, passava mensagens em código para espiões da U. R.S.S.

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