Previsão do Tempo

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

A 31 de Dezembro de 1869 - Nasceu Henri Matisse



A 31 de Dezembro de 1947 - Nasceu Rita Lee Jones Carvalho



A 31 de Dezembro de 1941 - Nasceu Alexander Chapman Ferguson

A 31 de Dezembro de 1988 - Nasceu Pablo Hasél



Pablo Rivadulla Duró, conhecido artisticamente como Pablo Hasél, nasceu em Lérida/Espanha em 1988, é um cantor espanhol, de ideología comunista.
Em 2014 foi condenado a dois anos de prisão pela sua luta contra o capitalismo. Em maio de 2014 foi novamente detido alegando os lacaios do governo espanhol sempre o mesmo, o apoio ao terrorismo e à ETA.
Pablo não tem medo deles, enfrentando-os e continuando a luta pelo fim do capitalismo e a sua substituição revolucionária pelo socialismo.
Pablo Hasél é o autor de 33 maquetas e 2 demos, aos quais devemos juntar recopilações de temas soltos, inéditos e poemas. Segundo as suas própias palavras: “Eu gravo depressa e não passo o dia a retocar-me”.
Nas suas letras, sempre directas e sem eufemismos, trata três tipos de temáticas onde ensina e mostra ao seu público a realidade mediante factos, críticas e teoria política comunista: "crítica social e rap anti-sistema, temas sentimentais e pesoais e finalmente, temas alegres”, segundo declarou numa entrevista.
O rápido e o espontâneo da sua producção musical, juntamente com o forte conteúdo político são a sua principal característica.
Entre as suas fontes de inspiração há cantautores como Joaquín Sabina, Carlos Valera, Silvio Rodríguez e Ismael Serrano, embora se possa notar a influência de escritores como Vladimir Maiakovsky ou de personagens como Che Guevara ou Josef Stalin.
Distribui todos os seus trabalhos de maneira gratuita na internet através de conhecidos webs dedicadas ao hip hop.

A 31 de Dezembro de 1937 - Nasceu Sir Philip Anthony Hopkins

A 31 de Dezembro de 1928 - Nasceu Amadeu José Meireles da Costa


Amadeu José Meireles da Costa, homem da rádio e do teatro português, nasceu no Porto em 31 de Dezembro de 1928. Morreu na mesma cidade em 2 de Julho de 2004.
Com 21 anos, partiu para Coimbra, onde cumpriu o serviço militar. Nesta cidade, conheceu José Afonso, quando a repulsa pelo regime político que dominava então o país levava os estudantes universitários, noite após noite, a realizar debates e tertúlias.
Amigo pessoal de António Pedro, com ele fundou o Teatro Experimental do Porto em 1953. Em Junho desse ano, participou como actor na estreia desta companhia, no Teatro Sá da Bandeira, com a peça “A Nau Catrineta”, uma história tradicional adaptada ao teatro por Egito Gonçalves.
A passagem pela representação foi ligeira, pois o seu jeito para ensaiar era mais forte, tornando-se o braço direito do mestre António Pedro. Com talento notável para declamar, participou igualmente em muitas tertúlias culturais na Cooperativa do Povo Portuense, um dos seus locais preferidos e onde tinha grandes admiradores.
Em 1963, Monique Solal criou o primeiro e único curso de ballet noConservatório de Música do Porto e Amadeu Meireles foi o seu encenador.
Foi apresentador do programa “Festival” da autoria do empresário Domingos Parker, exibido no Palácio de Cristal no Porto, onde foram lançadas as cantoras Maria da Fé e Lenita Gentil, entre outros.
As tardes de domingo eram passadas na Rádio Emissores do Norte Reunidos, onde fazia teatro radiofónico e participava no programa da tarde desportiva.
No final de 1963, tornou-se locutor residente da Rádio Renascença. Foi autor e locutor de um dos mais conhecidos programas radiofónicos da época, “Clube da Juventude”, com forte pendor cultural, divulgando literatura e música ligeira internacional. Nesta emissora, foi também autor e locutor da aplaudida rubrica diária “Peço a Palavra”, dedicada a personalidades que de algum modo se notabilizavam, por acontecimentos de cariz cultural, social ou político, e a acontecimentos dignos de relevo, que muitas vezes passavam despercebidos nas edições dos jornais.
A arte da sua escrita permitia camuflar nos seus textos a abordagem política, fintando o regime da época e os seus censores. Com fortes ideologias políticas de esquerda, Amadeu Meireles entrou em confronto com o então director da Rádio Renascença, Arala Pinto, e decidiu deixar aquela emissora, transferindo-se para o Rádio Clube Português, levando consigo o programa “Clube da Juventude”, que manteve o nível de audiência.
Escreveu alguns textos satíricos para os Parodiantes de Lisboa, programa de rádio muito popular. Em 1966, fundou – juntamente com Ofélia Diogo Costa – o Círculo Portuense de Ópera.
Nas décadas 1960/70, colaborou com Resende Dias e Roger Sarbib escrevendo letras para várias composições de música ligeira. Em 1972, foi convidado pela RDP – Antena 1 para fazer a locução radiofónica do Festival Eurovisão da Canção, em simultâneo com a transmissão televisiva da RTP. O mesmo aconteceria em 1973 e de 1975 a 1978.
Apesar destas colaborações, foi-se afastando progressivamente da rádio, para se dedicar ao ramo da química industrial até 1985, como técnico e empresário.
Regressou à rádio em 1986. Até 1990, foi autor e realizador de vários programas na Rádio Placard do Porto, na altura uma rádio cultural. Colaborava ainda no trabalho técnico dos estúdios de gravação e apoiava os novos locutores.
Entre 1991 e 1992, colaborou com a Companhia Seiva Trupe na peça “O Comissário de Policia” de Gervásio Lobato, no Teatro Carlos Alberto.
Em 2000, por doença, isolou-se em Tábua, na Fundação Sarah Beirão. Veio a falecer no Porto quatro anos mais tarde.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A 29 de Dezembro de 1959 - Foi inaugurada a primeira linha do Metropolitano de Lisboa, aberta ao público no dia seguinte.

A 29 de Dezembro de 1986 - Morreu Joaquim Vitorino Namorado



Joaquim Vitorino Namorado nasceu em 1914 e faleceu em 1986 com 72 anos de idade. Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, Até ao 25 de Abril de 1974.
Exerceu o professorado no ensino particular, já que o ensino oficial, lhe fora vedado pelo facto de ser militante do Partido Comunista Português desde 1930.
Notabilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc.
Entre muitas outras actividades relevantes, foi redactor e director da Revista de cultura e arte Vértice, onde ficou célebre o episódio da publicação de pensamentos de Karl Marx, assinados com o pseudónimo Carlos Marques.
Em 1983, na sequencia de uma significativa homenagem por iniciativa do jornal Barca Nova, a Câmara Municipal da Figueira, instituiu “Prémio do Conto Joaquim Namorado”, que foi suspenso por Santana Lopes, aquando o seu mandato como Presidente de Câmara.

A 29 de Dezembro de 1896 - Nasceu David Alfaro Siqueiros



David Alfaro Siqueiros foi um dos maiores pintores mexicanos e um dos protagonistas do muralismo mexicano, juntamente com Orozco e Rivera.
Siqueiros nasceu a 29 de Dezembro de 1896, em Chihuahua, no México.
Frequentou a Academia de Bellas Artes de San Carlos e já aí se revelava a sua faceta de activista político. De facto, a actividade artística de Siqueiros foi sempre acompanhada de uma intensa actividade política e foi, em si própria, uma actividade política.
Comunista, convicto, esteve preso durante dois anos e lutou na guerra civil espanhola contra as tropas de Franco.
Siqueiros fez pintura de cavalete, mas distinguiu-se principalmente pela pintura mural, onde foi um inovador em termos técnicos. Siqueiros tinha uma grande preocupação em experimentar novos materiais e novas técnicas, tendo a sua investigação nesta área sido um importante contributo para a pintura mural.
A grande temática da sua obra é a revolução mexicana e o povo mexicano, que ele representa como o protagonista da luta por uma sociedade melhor, a sociedade socialista. A sua pintura é uma pintura de intervenção política, de crítica da sociedade capitalista e de defesa dos ideais comunistas, que em Siqueiros assumem uma dimensão monumental pela força e franqueza das suas convicções.
Da sua obra destacam-se Eco de um Grito (1937), Etnografia (1939), Coronelazo (1939), La Nueva Democracia (1939), Las Victimas de la Guerra (1939) Las Victimas del Fascismo (1939) e La Marcha de La Humanidad en America Latina (1965-1971).
Siqueiros também trabalhou nos E.U.A., o seu fresco no Plaza Art Center Tropical America - opressed and destroyed by the imperialists, causou uma polémica e indignação tão grandes que o obrigaram a sair do país para não ser deportado.
Siqueiros morreu a 6 de Janeiro de 1974, no México.
Entre 1922 e 1971 Siqueiros pintou uma superfície total de 9.000 m2, divididos por 17 edifícios no México, 3 nos EUA, 1 na Argentina, 1 no Chile e 2 em Cuba.

A 29 de Dezembro de 1952 - Nasceu Joe Lovano

A 29 de Dezembro de 1911 - Nasceu Alves Redol



António Alves Redol, nasceu em Vila Franca de Xira a 29 de Dezembro de 1911 e ainda muito jovem iniciou essas duas actividades, assumindo com coragem as consequências da sua postura, num tempo em que o fascismo se instalava e mergulhava o País numa negra noite que se prolongaria por várias décadas – num tempo em que as perseguições e a repressão caíam sobre todos os que, de uma forma ou de outra, ousassem contestar e combater o regime fascista.
É natural que assim seja, já que Alves Redol foi, é, uma figura maior da Literatura Portuguesa, um escritor de dimensão internacional, e complementou essa sua actividade literária com uma intensa e constante intervenção política, enquanto resistente antifascista e militante comunista.
Basta ter em conta a situação em Portugal e no mundo quando, num verdadeiro acto de coragem, Alves Redol publicou Gaibéus, em 1939.
No nosso País, o processo de fascização do Estado, concebido por Salazar, inspirado na fascismo italiano e no nazismo alemão, tinha acabado de ser concretizado, com a censura férrea; a proibição dos partidos políticos; a promulgação do famigerado Estatuto Nacional do Trabalho; a imposição da Constituição fascista; a criação do Tribunal Militar Especial, da polícia política (então chamada PVDE), do campo de concentração do Tarrafal, da Legião Portuguesa, e de todo um vastíssimo conjunto de instrumentos repressivos. Isto enquanto, lá fora, terminava a guerra de Espanha com a vitória dos fascistas e Hitler dava início à II Guerra Mundial e ao seu sonho de domínio do mundo.
O próprio Redol relembra esse tempo num prefácio que escreveu, em Maio de 1965, para mais uma edição de Gaibéus. Diz ele:
«Gaibéus tem a sua história. Banal talvez, às vezes ingénua, noutras sábia ou astuta, mais do que tudo dramática. Gaibéus nasceu quando muitos morriam por nós. Não o esqueçamos. Seria absurdo, mesmo num mundo paradoxal, olvidar o que a esses devemos. Impõe-se recordar certas datas: em Março de 1938 as tropas hitlerianas entravam na Áustria; em Setembro ocupavam o território dos Sudetas e conseguiam a paralisia estratégica da Checoeslováquia; em Março de 1939, ainda sem combate, o nazismo ocupava o resto daquele país; em 1 de Setembro de 1939 penetrava na Polónia. Seguiu-se a segunda grande guerra, que deixou o rasto do seu apocalipse 55 milhões de mortos e 5 milhões de desaparecidos. Pressentiram-na desde 1936 muitos homens desse tempo. Eu estava com eles. Gaibéus germinou nessa época e foi consciência alertada antes de ser romance. Quem o ler, portanto, deve ligá-lo às coordenadas da histórias de então. Só dessa forma saberá lê-lo na íntegra».
Como escritor, Alves Redol ficará na história, em primeiro lugar, como o autor do primeiro romance do neo-realismo português – Gaibéus – e, depois, por uma vasta e diversificada obra literária: romances, contos, teatro, histórias infantis, ensaios, que marcaram impressivamente a nossa literatura e fazem dele um nome maior da história da cultura portuguesa.
Com Gaibéus, Fanga, Avieiros, Vindimas de Sangue, Uma Fenda na Muralha, A Barca dos Sete Lemes, Barranco de Cegos, entre outras obras, Redol trouxe para a literatura os problemas dos trabalhadores, os seus anseios, as suas aspirações, as suas lutas. Nos seus romances, nos seus contos, nas suas peças de teatro, ele toma partido: com o seu talento, com a sua inteligência, com a sua sensibilidade, toma inequivocamente o partido dos explorados, dos oprimidos, dos humilhados e ofendidos, contra os exploradores e os opressores. E sabemos as implicações decorrentes de tal opção naquele tempo de ausência total de liberdade.
Não foi por acaso que Alves Redol conheceu por duas vezes a brutalidade da PIDE – como não foi obra do acaso o facto de ele ter sido o único escritor português obrigado a submeter os seus romances à censura prévia dos esbirros fascistas.
Para os comunistas, Alves Redol é, não apenas o grande escritor que todos conhecem, mas também o companheiro de luta, o camarada que recordam com saudade e admiração, o amigo de sempre e para sempre.
Redol entrou para o PCP no início dos anos quarenta, num tempo que foi decisivo para a construção do PCP com as características que hoje tem.
Estava então em curso a Reorganização de 40/41, primeiro e decisivo passo para a construção dos III e IV congressos do Partido, realizados, um em 1943, quando o nazi-fascismo parecia prestes a concretizar a sua ambição de domínio do mundo, o outro em 1946, já depois da derrota dessa ambição, conseguida essencialmente graças à acção do povo da União Soviética e do seu glorioso Exército Vermelho.
Esses primeiros anos da década de quarenta e o exaltante trabalho partidário levado a cabo, revelaram-se decisivos para a transformação do PCP num grande partido nacional, marxista-leninista, vanguarda de facto da classe operária e vanguarda da resistência e da unidade antifascistas.
Tudo isso imprimiu à luta antifascista uma nova dimensão, um novo conteúdo e conduziu a um fulgurante ascenso da luta da classe operária, que adquiriu expressão significativa, primeiro, logo em 1941, com a greve dos operários têxteis da Covilhã e no ano a seguir com as grandes greves em Almada, Barreiro, Setúbal e no centro e norte do País. Em 1943, o movimento grevista, sempre sob a direcção do Partido, alastra e atinge proporções consideráveis. Em Julho-Agosto desse ano, na região de Lisboa e da Margem Sul do Tejo, participam em greves 50 000 trabalhadores – número que correspondia praticamente à totalidade dos operários industriais dessa região. E em 8 e 9 de Maio de 1944, ocorrem as históricas jornadas de luta na região de Lisboa e Baixo Ribatejo.
A intervenção decisiva do PCP na organização e na luta dos trabalhadores e na intensificação das acções antifascistas, granjeou-lhe grande e justo prestígio, traduzido na adesão ao Partido de milhares de novos militantes, entre eles muito e muitos intelectuais, incluindo parte significativa dos maiores escritores, artistas plásticos, músicos, cientistas, da altura.
O ideal comunista de liberdade, justiça social, paz e solidariedade atraiu ao PCP amplos sectores da intelectualidade: homens e mulheres de todas as áreas da cultura viram no Partido a força decisiva na luta contra o fascismo, a sua política obscurantista e a repressão cultural.
A propósito da intervenção antifascista da intelectualidade portuguesa, vale a pena recordar as palavras do camarada Álvaro Cunhal, no seu extraordinário Rumo à Vitória: «ao lado do povo, os intelectuais estão contra o fascismo. Tudo quanto há de melhor na ciência, na literatura e na arte, nas profissões liberais, está pela democracia, a paz, o progresso social (…)
Nem a censura, nem a apreensão de livros, nem a liquidação de jornais e revistas, nem a proibição do trabalho científico, nem a fiscalização e a supervisão fascistas das associações culturais, nem o encerramento de revistas, puderam impedir a formação e o desenvolvimento do poderoso movimento democrático da nossa “intelligentsia” (…) A atitude geral dos intelectuais portugueses contra a ditadura fascista é, por um lado, a manifestação do isolamento desta, da falta de uma base de massas, da sua política obscurantista; é, por outro lado, a manifestação da amplitude do movimento democrático, do facto de que este ganhou todas as classes e camadas da população não-monopolista».
É neste contexto de luta intensa e de intensa intervenção do Partido que Alves Redol se torna militante comunista e, enquanto tal, desenvolve grande e empenhada actividade, quer participando na organização local do Partido, quer dando o seu contributo para a construção das greves de 1943/44 – na sequência das quais Soeiro Pereira Gomes é forçado a mergulhar na clandestinidade – quer, ainda, na organização dos intelectuais comunistas.
Nunca é demais recordar os célebres passeios de barco no Tejo, essa forma engenhosa de os intelectuais comunistas se encontrarem e reunirem iludindo a vigilância da polícia fascista – passeios de que Redol é um dos principais organizadores, com Soeiro Pereira Gomes e António Dias Lourenço.
Sempre vigiado pela PIDE – que, justamente, via nele um perigoso opositor do regime – Alves Redol prosseguirá até ao fim dos seus dias essas duas actividades iniciadas na sua juventude. Com uma coerência notável ele será sempre o grande escritor porta-voz dos explorados, o antifascista consequente, o militante comunista abnegado.
Morreu em 29 de Novembro de 1969, a um mês de completar os 57 anos de idade.
Morreu comunista e o seu funeral constituiu uma impressionante manifestação do apreço, da admiração, da gratidão que lhe votavam os trabalhadores e o povo. Pelo velório do grande escritor e cidadão exemplar – realizado precisamente aqui, nesta sala da Casa da Imprensa onde o estamos hoje a homenagear – passaram centenas e centenas de pessoas, e foram milhares, muitos milhares os que acompanharam o seu corpo ao cemitério da sua Vila Franca de Xira – uma multidão brutalmente reprimida pelas forças policiais. A confirmar que, mesmo depois de morto, Alves Redol continuava a meter medo ao fascismo.
Para os comunistas, assinalar aniversário do nascimento de Alves Redol significa relembrar o grande escritor, autor de uma obra que, pela sua qualidade literária e pelos temas que aborda, constituiu, ela própria, um precioso instrumento da luta antifascista e que, por tudo isso, mantém incisiva actualidade e perdurará no tempo; significa, igualmente, relembrar o resistente antifascista e o camarada – guardando na nossa memória colectiva o seu exemplo de integridade, de inteireza de carácter, de coerência, de coragem.

A 29 de Dezembro de 1903 - Nasceu Candido Torquato Portinari



Candido Torquato Portinari, nasceu em Brodowski a 29 de dezembro de 1903 e morreu no Rio de Janeiro a 6 de fevereiro de 1962, foi um artista plástico brasileiro.
Foi um enorme artista plástico brasileiro e militante do Partido Comunista Brasileiro.
Portinari pintou quase cinco mil obras de pequenos esboços e pinturas de proporções padrão, como O Lavrador de Café, até gigantescos murais, como os painéis Guerra e Paz, presenteados à sede da ONU em Nova Iorque em 1956,1 e que, em dezembro de 2010, graças aos esforços de seu filho, retornaram para exibição no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Portinari é considerado um dos artistas mais prestigiados do Brasil e foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.
Filho de imigrantes italianos, Cândido Portinari nasceu numa fazenda nas proximidades de Brodowski, interior de São Paulo. Com a vocação artística florescendo logo na infância, Portinari teve uma educação deficiente, não completando sequer o ensino primário. Aos 14 anos de idade, uma trupe de pintores e escultores italianos que atuavam na restauração de igrejas, passa pela região de Brodowski e recruta Portinari como ajudante. Seria o primeiro grande indício do talento do pintor brasileiro.
Aos 15 anos, já decidido a aprimorar seus dons, Portinari deixa São Paulo e parte para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes. Durante seus estudos na ENBA, Portinari começa a se destacar e chamar a atenção tanto de professores quanto da própria imprensa. Tanto que aos 20 anos já participa de diversas exposições, ganhando elogios em artigos de vários jornais. Mesmo com toda essa badalação, começa a despertar no artista o interesse por um movimento artístico até então considerado marginal: o modernismo.
Um dos principais prêmios almejados por Portinari era a medalha de ouro do Salão da ENBA. Nos anos de 1926 e 1927, o pintor conseguiu destaque, mas não venceu. Anos depois, Portinari chegou a afirmar que suas telas com elementos modernistas escandalizaram os juízes do concurso. Em 1928 Portinari deliberadamente prepara uma tela com elementos acadêmicos tradicionais e finalmente ganha a medalha de ouro e uma viagem para a Europa.
Os dois anos que passou vivendo em Paris foram decisivos no estilo que consagraria Portinari. Lá ele teve contato com outros artistas como Van Dongen e Othon Friesz, além de conhecer Maria Martinelli, uma uruguaia de 19 anos com quem o artista passaria o resto de sua vida. A distância de Portinari de suas raízes acabou aproximando o artista do Brasil, e despertou nele um interesse social muito mais profundo.
Em 1931 Portinari volta ao Brasil renovado. Muda completamente a estética de sua obra, valorizando mais cores e a idéia das pinturas. Ele quebra o compromisso volumétrico e abandona a tridimensionalidade de suas obras. Aos poucos o artista deixa de lado as telas pintadas a óleo e começa a se dedicar a murais e afrescos. Ganhando nova notoriedade entre a imprensa, Portinari expõe três telas no Pavilhão Brasil da Feira Mundial em Nova Iorque de 1939. Os quadros chamam a atenção de Alfred Barr, diretor geral do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).
A década de quarenta começa muito bem para Portinari. Alfred Barr compra a tela "Morro do Rio" e imediatamente a expõe no MoMA, ao lado de artistas consagrados mundialmente. O interesse geral pelo trabalho do artista brasileiro faz Barr preparar uma exposição individual para Portinari em plena Nova Iorque. Nessa época, Portinari faz dois murais para a Biblioteca do Congresso em Washington. Ao visitar o MoMA, Portinari se impressiona com uma obra que mudaria seu estilo novamente: "Guernica" de Pablo Picasso.
Portinari foi ativo no movimento político-partidário, inclusive, candidatando-se a deputado federal em 1945 pelo PCB e a senador, em 1947, pleito em que aparecia em todas as sondagens como vencedor, mas perdendo com uma pequena margem de votos, fato que, aventou-se suspeitas de fraude para derrotá-lo devido o cerco aos membros do Partido Comunista Brasileiro.
Em 1952 uma amnistia geral faz com que Portinari volte ao Brasil. No mesmo ano, a 1° Bienal de São Paulo expõe obras de Portinari com destaque em uma sala particular. Mas a década de 50 seria marcada por diversos problemas de saúde. Em 1954 Portinari apresentou uma grave intoxicação pelo chumbo presente nas tintas que usava.
Desobedecendo as ordens médicas, Portinari continuava pintando e viajando com frequência para exposições nos Estados Unidos, Europa e Israel. No começo de 1962 a prefeitura de Barcelona convida Portinari para uma grande exposição com 200 telas. Trabalhando freneticamente, a intoxicação de Portinari começa a tomar proporções fatais. No dia 6 de fevereiro do mesmo ano, Cândido Portinari morre envenenado pelas telas que fizeram seu sucesso, já que, tinha claustrofobia e desmaiava no "corredor" de telas. Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Rega Com Engenho Ou Nora Santa Maria da Feira

O burro, o poço e a nora!...



A Nora de tração animal usada antes de apareçerem os motores de tirar água, é um engenho que possui uma haste horizontal acoplada a um eixo vertical que por sua vez está ligado a um sistema de rodas dentadas. Este sistema faz circular um conjunto de alcatruzes entre o fundo do poço e a superfície exterior. Os alcatruzes descem vazios, são enchidos no fundo do poço, regressam e quando atingem a posição mais elevada começam a verter a água numa calha que a conduz ao seu destino. O ciclo de ida e volta dos alcatruzes ao fim do poço para tirar água mantém-se enquanto se fizer rodar a haste vertical e o poço tiver água.

domingo, 27 de dezembro de 2015

POEMA DE AGRADECIMENTO À CORJA



POEMA DE AGRADECIMENTO À CORJA

Obrigado, excelências.
Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade
de vivermos felizes e em paz.
Obrigado
pelo exemplo que se esforçam em nos dar
de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem
dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar
as coisas por que lutámos e às quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer,
o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.

Joaquim Pessoa

A 27 de Dezembro de 1985 - Nasce Telma Monteiro



Telma Alexandra Pinto Monteiro nasceu em Almada a 27 de Dezembro de 1985, mais conhecida por Telma Monteiro, é uma judoca campeã portuguesa e de alto nível internacional.
É a atleta mais titulada do judo português com 4 títulos de campeã da
Europa, 3 títulos de vice-campeã mundial, entre outros feitos relevantes a nível internacional.
À luz do seu extraordinário currículo e do contributo dado ao desporto nacional, a atleta do Sport Lisboa e Benfica foi escolhida em 2012 para ser a porta-estandarte da comitiva portuguesa aos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
Apesar dessa grande honra, Telma Monteiro não conseguiu alcançar uma medalha olímpica nos Jogos de Londres, tendo sido eliminada logo no seu primeiro combate na capital inglesa.
Depois do 9º Lugar de 2004 e 2008, esta continua a ser a única medalha que escapa à judoca nacional, que terá nova hipótese no Rio de Janeiro, em 2016.
Estudou na Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa, onde concluiu os estudos de Educação Física e Desporto em 2011.

A 27 de Dezembro de 1822 - Nasceu Louis Pasteur

A 27 de Dezembro de 1901 - Nasceu Marlene Dietrich



Marlene Dietrich, nome artístico de Marie Magdelene Dietrich von Losch, nasceu em Berlin-Schöneberg/Prússia, em 27 de dezembro de 1901 e morreu em Paris/França a 6 de maio de 1992.
Marlene Dietrich nasceu em 27 de dezembro de 1901 em Schöneberg, um distrito de Berlim, Alemanha (então Prússia). Ela era a mais nova das duas filhas (a irmã Elisabeth era um ano mais velha) de Louis Erich Otto Dietrich e Wilhelmina Elisabeth Josephine Dietrich. A mãe de Dietrich era de uma família abastada de Berlim que tinha uma fábrica de relógios e seu pai era um tenente da polícia.
O seu pai morreu em 1911. O seu melhor amigo, Eduard von Losch, um aristocrata primeiro tenente dos Granadeiros cortejou Wilhelmina e mais tarde, em 1916, casou-se com ela, mas morreu logo depois, como resultado de ferimentos sofridos durante a Primeira Guerra Mundial. Os seus parentes fugiram da guerra para o Sul do Brasil.
Marlene Dietrich fez escola de artes cénicas e participou de filmes mudos até 1930. Em 1921, casou-se com um ajudante de diretor chamado Rudolf Sieber e teve uma única filha, Maria, nascida em 1924.
Estreou-se no teatro aos vinte e três anos de idade, fazendo cinco anos de carreira apagada até ser descoberta pelo director austríaco Josef von Sternberg, que a convidou para o filme Der Blaue Engel (1930), lançado no Brasil como “O Anjo Azul”, baseado no romance de Heinrich Mann, Professor Unrat.
Foi o primeiro dos sete filmes nos quais Marlene Dietrich e o director Josef von Sternberg trabalharam juntos. Os demais foram “Marrocos” (1930), “Desonrada” (1931), “O Expresso de Xangai” (1932), “A Vénus Loira” (1932), “A Imperatriz Galante” (1934) e “Mulher Satânica” (1935).
Depois de trabalhar com von Sternberg, Marlene foi para Hollywood, onde trabalhou em filmes mais profundos e mais marcantes.
Foi convidada por Hitler para protagonizar filmes pró-nazis, mas recusou o convite e tornou-se cidadã americana, facto que Hitler considerou como um desrespeito, apelidando Dietrich de traidora.
Em 1961, Marlene protagonizou um filme que quebraria barreiras e chocaria o mundo com um assunto que ainda assustava. O filme era o “Julgamento em Nuremberg”, que tratava do holocausto, do nazismo e do julgamento que condenou os lideres nazis.
Marlene visitou inúmeros países, porém só voltou ao seu país, a Alemanha, em 1962 e o seu regresso não agradou a todos, pois os nazis remanescentes chamaram-lhe traidora em pleno aeroporto!
Em 1978, Marlene protagonizou seu último filme, “Apenas um Gigolô”, onde contracenou com David Bowie.
Porém, entretanto, teve várias participações na rádio e em programas de televisão.
Finalmente, refugiou-se no seu apartamento em Paris, onde morreu aos noventa anos de idade, de causas naturais.
Encontra-se sepultada em Berlin-Schöneberg (Friedhof Schöneberg III), Friedenau, em Berlim, na Alemanha.


sábado, 26 de dezembro de 2015

Mas que bela resposta!...

A eterna fascinação humana pelos seres extraterrestres.





Neste documentário, embarcamos em uma jornada fascinante e cética por um mundo bizarro, repleto de mistério e fraude. Investigaremos as mais estranhas múmias de extraterrestres, combinando reconstruções, animações em CGI, testes científicos e depoimentos de especialistas. Descobriremos uma série de farsas elaboradas, fenômenos naturais e criaturas não-identificadas, enquanto exploramos a eterna fascinação humana pelos seres extraterrestres.

Documentário completo Discovery Channel

Ana Moura - Dia De Folga

Coiros à moda do "marchante" De facto há coiros e coiros!...





Coiro de porco assado em espeto de louro

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Explicando Fibonacci

Lembranças de outros tempos - A professora de aldeia

Lembranças de outros tempos

A professora da aldeia
Quando a jovem professora de 28 anos chegou ao Cume, em outubro de 1947, depois da permuta com uma colega, paga a peso de ouro, com a ajuda dos pais e sogros, já levava os dois primeiros filhos.
Regressara ao distrito de origem, depois de errar por Ceca e Meca, vinda do Marquinho, na freguesia de Santiago da Guarda, concelho de Ansião, onde durante 4 anos lecionara numa escola com mais de 70 alunos repartidos pelas quatro classes do ensino primário. Abalou para lá a D. Nazaré aconchegada com os 8 contos de réis da permuta.
Foi difícil arranjar onde viver depois de breve trânsito por uma casa de que o dono veio a precisar. Arrendou outra, ao Sr. António Bernardo, minúscula, com janelas onde foi demorada a substituição de vidros partidos. Tinha por baixo a corte de terra batida onde, sobre a palha, se vazavam os penicos e, no curral que separava o portão das escaleiras da habitação, o galinheiro e o cortelho.
A estudante, que iniciou na Universidade do Porto um curso que as duas únicas alunas deixaram, adaptou-se a condições mais precárias do que as dos pais, na Miuzela do Coa.
A situação agravou-se quando ficou grávida do terceiro filho, uma segunda menina, sem poder albergar, em tão acanhado espaço, três filhos, a criadita e, nos fins de semana e no mês de licença, o marido, funcionário de finanças na Guarda, onde, de segunda a sexta-feira era hóspede da D. Bernardina, na Pensão Madeira.
Na aflição, o marido decidiu construir uma casa de raiz. A Junta de Freguesia cedeu-lhe o terreno, isto é, barrocos junto ao largo do mercado, onde a breve prazo vinte contos de réis do pinhal que o pai lhe dera e, mais tarde, o empréstimo do Montepio Egitaniense, lograram erguer paredes e pôr o telhado à casa, logo ocupada, e que progrediu à medida das posses do casal. Foi ali que a menina nasceu aparada pela Ti Ismelindra, corruptela de Ermelinda que a própria ignorava ser. Ainda seria de parteira do último filho, surgido nove anos depois.
O Sr. José Lúcio, de Carpinteiro, cujo ofício coincidia com o topónimo, fez as obras que ajustou. Ia à segunda-feira, bem cedo, e abalava sábado à tarde, para ver a família, trazer o farnel e preparar as ferramentas. Trabalhava de sol a sol para mais rapidamente ganhar a quantia do ajuste. Durante algum tempo trouxe na bicicleta um aprendiz para o ajudar e, mesmo assim, levou mais de 1ano a concluir a obra cujos acabamentos nunca foram previstos ou executados por serem um luxo escusado e dispendioso.
O Lecas exerceu ali o ofício de trolha durante muitos meses. No amplo logradouro, depois de erguer, rebocar e caiar paredes de tijolos que separaram as divisões da casa, construiu, dentro dos muros, a latrina, o cabanal, o cortelho, o galinheiro, o pombal e a corte da cabra. Os pedreiros, erguidas as paredes, tinham sido dispensados. Bastava um servente para ajudar o artista.
De aldeias próximas, gratos ao funcionário de finanças pelos conselhos sobre a décima ou partilhas, chegaram lavradores, com carros de bois, para acarretarem areia, pedras e barro, sem aceitarem o preço da jeira.
Não serve a literatura a descrição da casa, rés-do-chão e primeiro andar com forro, e a dos anexos, mas retrata a vida e as vidas ali vividas. Era um palácio, comparada com as outras casas da aldeia, geralmente de telha vã, sem reboco, com a corte do vivo por baixo ou dentro do curral, com raras janelas e algum postigo. Os pais dormiam em enxergas de palha, no chão ou sobre catres, e as crianças deitavam-se umas para baixo outras para cima, a aproveitar o calor e o espaço em divisões separadas por lençóis. O fumo saía pelos telhados, tanto mais espesso e negro quanto mais verde e molhada a lenha. Na lareira guardavam-se brasas cobertas de cinza para, na manhã seguinte, atear o fogo sem precisão de ir pedir lume à vizinha e voltar com brasas nas pontas dobradas da gesta negral.
Voltemos à casa da professora. O porco criava-se à pia até à matança que acontecia nas férias do Natal. O enchido já pingava do fumeiro quando se iniciava o segundo período letivo.
No curral, logo que a professora entrava em casa, galinhas, perus, marrecos e galinhas da Índia, corriam, vindos da rua, a disputar o milho, o centeio e os restos de comida. No inverno, sobretudo em dias de neve, quando escasseavam as ervas, sementes e insetos, a ração aumentava. As pombas comiam sobre o muro que cercava os anexos e, no quintal, só as pias de água eram comuns.
A pequena horta comprada ao lado da casa produzia legumes. O estrume das galinhas, pombas, cabra e porco bastava para adubar a terra. Alfaces, cenouras, couves, feijão frade, tomates, cebolas, feijão verde e de estaca, alhos, nabos e abóboras abundavam na época própria. As meruges e os agriões bordejavam os regatos e bastava apanhá-los tal como os cogumelos, míscaros e tortulhos, depois de noites húmidas, nos dias de outono, por entre pinheiros e carvalhos.
Em casa, ao lusco-fusco, acendiam-se os candeeiros a petróleo, um espanto de claridade para quem só aspirava à candeia de azeite. Penoso era acarretar a água da fonte, a única nascente que alimentava as necessidades da aldeia. No inverno doíam as mãos a pegar nos regadores e baldes que nunca mais enchiam as panelas e a caldeira de cobre onde, depois de aquecida, era levada para a banheira de zinco, sucessivamente esvaziada para outro banho. E a lenha que se gastava! O banho semanal era uma exótica bizarria da Sr.ª professora para uma população que lhe atribuía malefícios para o corpo e, sobretudo, para a alma, jamais imaginando que pudesse alguma vez converter-se em hábito diário.
Os pratos partidos, juntados os cacos, esperavam os gatos com que o amola-tesouras os devolveria à mesa e os tachos furados regressavam à trempe com pingos de solda. Até do caldeiro da vianda do porco, depois de queimado, se fazia um assador de castanhas.
O pão, as mercearias e a carne de vaca, assim como o polvo seco do Natal, o azeite ou o petróleo, vinham no fim de semana trazidos pelo marido da professora que os filhos iam esperar ao apeadeiro do comboio em efusiva alegria.
O pão de trigo era um luxo na aldeia onde o forno comunitário era desamuado uma vez por mês, aguardando alguns dias o pão da última fornada porque tenro e estaladiço não surdia. As folhas de couve e um local seco logravam manter por mais de um mês o pão de centeio, o único que era cozido na aldeia. O trigo não se adaptava à aridez dos solos.
O sal, o sol, o unto, o azeite, o açúcar e o fumo conservavam os alimentos. No sal jazia, para todo o ano, parte significativa do porco, cuja matança era uma festa e ainda se lhe juntavam pés, orelhas e pás de outros porcos, arrematados nas festas pias, pagamento de promessas de paroquianos ao santo da devoção que os livrara da moléstia. O sol secava os figos e as vagens, assegurando a desidratação notável longevidade. No pote de azeite ficavam os chouriços e no unto os lombos. A marmelada, a ginjada, a geleia e o doce de abóbora, com o ponto apurado, duravam o ano inteiro. No vinagre curtiam-se pimentos e cenouras e às azeitonas bastava o sal e a mudança de água.
Não faltavam galinhas degoladas quando as pombas deixavam de criar ou era preciso variar as ementas. O pombal fornecia centenas de borrachos por ano e a carne era uma delícia, assada, guisada ou cozida, a acompanhar a massa, o arroz , as batatas ou o pão.
A cabra Becas, que era mocha, comia a erva da beira dos caminhos e era regularmente mudada de sítio à medida que a consumia. Os filhos mais velhos disputavam o pastoreio e sabiam procurar os melhores sítios públicos para a prender. Soltou-se algumas vezes e teve direito a coleira com chocalho para facilmente ser localizada. Ó Becas!, e a mocha logo se denunciava pelo tilintar do badalo.
Havia competição dos filhos para mugir a Becas cujo leite era abundante e delicioso, salvo na primavera quando a ingestão de maias das gestas negrais lhe transmitia sabor amargo. Não faltava o leite e, nos períodos de maior abundância, ainda sobrava para os queijinhos e requeijões que a professora e mãe se esmerava a fazer com rara satisfação. Até das natas acumuladas, os filhos embirravam com os farfalhos no leite, surgiam pequenos rolos de manteiga embrulhados em papel vegetal.
Os filhos só muitos anos depois tomariam consciência da determinação da mulher que, sendo uma professora de exceção, conseguiu criá-los felizes e sem fome em tempos de miséria. Não imaginaram ser diferentes dos outros meninos e foram iguais aos filhos de outras professoras que, com ordenados miseráveis, viveram no tempo do racionamento que perdurou depois da guerra de 1939/45.


Jornal do Fundão – 24_12_2015

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

COMO PORTUGAL ENCONTROU A "SAÍDA LIMPA" PARA A CRISE!...



Saída limpa! Limpinha!

A febre de sempre!... O mal da humanidade.

Bom dia!... A rádio como companhia.





Não há passado ou presente
Nem há hora tão tardia
Em que a rádio não invente
Uma nova melodia
Pode ir escrevendo o futuro
Pode às vezes dar saudade
Mas é nela que eu descubro
Um sabor a novidade

Com ela senti o valor da amizade

No final de uma canção
Antes de vir a seguinte
O silêncio é a paixão
Entre a rádio e o ouvinte
Entre o drama e a comédia
Na aldeia ou na cidade
FM ou onda média
Ensinando a igualdade

E foi ela que anunciou a liberdade

Nas horas de festa
A rádio empresta
Um não sei quê de alegria
Em contradição
Quando há solidão
Ela é que me faz companhia
Mora aonde eu moro
Chora quando choro
E ri porque quer que eu me ria
Não me pede nada
E de madrugada
A rádio é que me diz bom dia

Nas horas de festa
A rádio empresta
Um não sei quê de alegria
Em contradição
Quando há solidão
Ela é que me faz companhia
Mora aonde eu moro
Chora quando choro
E ri porque quer que eu me ria
Não me pede nada
E de madrugada
A rádio é que me diz bom dia

Sei que a rádio é uma escola
Ouvimos o que ela diz
Desde os relatos da bola
Às notícias do país

E porque é nossa a vitória

A pé ou de bicicleta
A Rádio é que conta a História
De quem vai cruzar a meta
Quem a inventou com certeza era um poeta

Se a selecção sofre um golo
A rádio é que se levanta
E é ela que dá consolo
Se a tristeza se agiganta

Quando o sol ‘stá a cair
E a noite se inquieta
A rádio não vai dormir
Segue sempre em linha recta

É uma paixão que o coração quer secreta

Nas horas de festa
A rádio empresta
Um não sei quê de alegria
Em contradição
Quando há solidão
Ela é que me faz companhia
Mora aonde eu moro
Chora quando choro
E ri porque quer que eu me ria
Não me pede nada
E de madrugada
A rádio é que me diz bom dia

Nas horas de festa
A rádio empresta
Um não sei quê de alegria
Em contradição
Quando há solidão
Ela é que me faz companhia
Mora aonde eu moro
Chora quando choro
E ri porque quer que eu me ria
Não me pede nada
E de madrugada

A rádio é que me diz bom dia.

Bom dia Portugal!... Em dia de solistício de inverno, nada melhor que um belo fado na voz de Amália.





O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.


letra de José Régio
música de Alain Oulman

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

BONS MOMENTOS 2015

A 18 de Dezembro de 1911 - Nasceu Jules Dassin





Jules Dassin nasceu em Middletown, Connecticut/EUA a 18 de dezembro de 1911 e morreu em Atenas/Grécia a 31 de março de 2008, foi um cineasta norte-americano, conhecido principalmente pela direcção dos filmes Brute Force, The Naked City e Thieves' Highway.
De origens humildes, trabalhou primeiro como actor de teatro e só ingressou no cinema no início dos anos 40, começando por realizar curtas-metragens.
Dirigiu, posteriormente, alguns filmes de sucesso, como, por exemplo, The Canterville Ghost (1944), A Letter for Evie (1945), Brute Force (1947), The Naked City (1948), Night and the City (1950) e Du rififi chez les hommes (1955).
Apesar do reconhecimento do seu trabalho, foi, em 1952, incluído na lista de comunistas de Hollywood e perseguido pelo movimento conhecido por “caça às bruxas”, da iniciativa do senador Joseph McCarthy, tendo-se visto obrigado a exilar-se em Atenas em 1959, com a então esposa, a actriz grega Melina Mercouri, falecida em 1994.
Na Europa, porém, conseguiu solidificar a sua carreira e foram vários os filmes que atingiram amplo reconhecimento: Pote Tin Kyriaki (1960), nomeado para o Óscar de Melhor Realizador e Melhor Argumento, Phaedra (1962), Topkapi (1964) e Circle of Two (1980).
Morreu aos 96 anos em Atenas, Grécia, devido a complicações causadas por uma gripe.

A 18 de Dezembro de 1856 - Nasceu Joseph Thomson

A 18 de Dezembro de 1947 - Nasceu Steven Spielberg

A 18 de Dezembro de 1879 - Nasceu Paul Klee

Presépio ao ar livre em Mesão Frio - Vila Real - 20015




Das Caganitas Gourmet ao verdadeiro prato de Cozido à portuguesa!




Este prato é servido no restaurante Tavares Rico, denominam-no "Cozido à Portuguesa".
Pode ser cozido, mas não é à Portuguesa com certeza!
Dou algumas sugestões para o Tavares Rico renomear o dito prato:

Cozido à anorética

Caganitas Gourmet


Mas por favor retirem o nome "Portuguesa" daí!

Isto não é português, isto não é a nossa cultura.



Português que se preze enfarda uma pratada com carne, orelha, enchidos, feijão, hortaliça, arroz e legumes por 6 euros já com o vinho e o café incluído, ora porra!

Agora esta miséria?!?

Isso é para tudo menos para portugueses!

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Isto sim, é um prato de COZIDO À PORTUGUESA!
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