Previsão do Tempo

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A 10 de Junho de 1906, nasceu Corino de Andrade

Corino de Andrade, o investigador que descobriu a paramiloidose, mais conhecida como "doença dos pezinhos", morreu hoje, ao 99 anos de idade, disse fonte da Universidade do Porto.
O professor universitário, um dos mais destacados neurologistas nacionais, responsável pela descoberta da "doença dos pezinhos" e um dos principais impulsionadores da criação do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, faleceu às 15h10 devido a uma paragem cardiovascular, resultante de doença prolongada que há anos o obrigava a permanecer acamado.
Natural do Alentejo, Mário Corino da Costa Andrade licenciou-se em Medicina e Cirurgia em Lisboa, de onde partiu em 1931 para trabalhar no Laboratório de Neuropatologia da Faculdade de Medicina de Estrasburgo, onde recebeu o Prémio Déjerine, até então atribuído apenas a investigadores franceses.
Quando, em 1938, regressou a Portugal, instalou-se na cidade do Porto, onde, contratado como neurologista pelo Hospital Santo António, criou e dirigiu o respectivo Serviço de Neurologia a partir do início dos anos 40. Foi com base no trabalho de investigação realizado naquele hospital que Corino de Andrade se notabilizou mundialmente quando, em 1952, foi o primeiro a identificar e tipificar cientificamente a paramiloidose, vulgarmente designada por "doença dos pezinhos" ou mesmo "Doença de Andrade".
A paramiloidose é uma doença que se manifesta normalmente entre os 25 e os 35 anos e que é transmitida por via genética. Os primeiros sintomas são constantes formigueiros nos pés e uma perda de sensibilidade ao frio e ao calor. Esta doença neurológica era inicialmente típica das zonas piscatórias do Norte e Centro portuguesas, mas acabou por ser também identificada noutras regiões litorais do mundo.
Corino de Andrade detectou esta doença ao observar pescadores da zona da Póvoa de Varzim que não sentiam dor quando se cortavam nas cordas dos barcos e se queimavam com os cigarros.
Em 1976, após uma viagem de investigação aos Açores, Corino de Andrade identificou uma outra doença neurológica, a de Machado-Joseph.
Corino de Andrade recebeu várias distinções ao longo da vida, entre as quais o Grau de Grande Oficial de Santiago de Espada (1979), a Grã-Cruz da Ordem de Mérito (1990), o Grande Prémio Fundação Oriente de Ciência e, em 2000, o Prémio Excelência de Uma Vida e Obra da Fundação Glaxo Wellcome.
A morte do investigador levou a Universidade do Porto a colocar bandeiras a meia haste. 

"Cidadão de reconhecida intervenção cívica - fazendo muitas vezes questão de recordar que vivera os tempos da primeira e da segunda grandes guerras -, Corino de Andrade escapou ao nazismo mas não à polícia política (PIDE) do Estado Novo, que lhe moveu perseguições, no início da década de 1950, pelas suas convicções democráticas .
"Os meses que passei na cadeia serviram-me para muita informação e muita reflexão. Tirei disso muito proveito", dizia ao JN em 1991.
Apoiou a candidatura de Nórton de Matos à Presidência da República. Como opositor ao Estado Novo, fez parte do núcleo de homens de ciência do Porto, entre os quais se destacaram figuras notáveis, como Abel Salazar e Ruy Luís Gomes. Por isso, ao lado do professor Nuno Grande - um dos principais impulsionadores da criação, na Universidade do Porto, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) -, Corino de Andrade fez parte da respectiva Comissão Instaladora, entre 1974 e 1980.
Confessava-se agnóstico e admitia que a Terra há-de tornar-se um planeta morto. Afirmava pensar que não seria no Universo mais do que uma molécula era no seu corpo."

Sem comentários:

Enviar um comentário