Álvaro Barreirinhas Cunhal. Barreirinhas por parte da mãe, Cunhal por parte do pai. Nasceu em Coimbra, na freguesia da Sé Nova, no dia 10 de Novembro de 1913. Era o segundo filho do advogado Avelino Henriques da Costa Cunhal e da doméstica Mercedes Barreirinhas Cunhal.
O pai, liberal e republicano, nunca foi comunista, era advogado de província nas horas livres, pintava e escrevia, tendo mesmo publicado cinco livros – Senalonga, Nevrose e três peças teatrais –, sob o pseudónimo de Jorge Serôdio.
Álvaro manteria viva esta tradição cultural. Avelino Cunhal – homem de forte personalidade e de sólida cultura humanista, dizem quantos o conheceram – marcaria profundamente o filho Álvaro. Na apetência pelas artes, já se viu. Mas também no gosto pela política. Avelino foi governador civil da Guarda durante a I República e opositor de sempre do chamado Estado Novo, tendo-se empenhado particularmente na defesa de prisioneiros do regime salazarista, ao mesmo tempo que leccionava na "Universidade Popular" e colaborava na revista Seara Nova.
Já com a mãe, católica fervorosa, a relação era conflituante. Em casa, para provocar a senhora, o jovem Álvaro chegava a andar de fato-macaco. Um dia, aliás, convenceu um amigo barbeiro a ensinar-lhe a cortar o cabelo, porque queria ter "uma profissão operária".
Não terá, porém, perdido tudo da sua origem social. "Por nascimento e educação, ele nunca deixará de ser um aristocrata. Por mais que se misture com o povo e aprenda a gostar de sardinhas assadas e tinto do barril, terá sempre um porte fidalgo", escreveu em Abril de 1996 o escritor Mário de Carvalho.
O pequeno Álvaro é baptizado em Seia, terra natural do pai, para onde a família entretanto se mudara. Por influência da mãe, está bom de ver, que aliás escolhe para madrinha de baptismo do petiz… Nossa Senhora da Assunção. Padrinho, o irmão mais velho, António, que haveria de morrer novo, tal como uma das duas irmãs, Maria Massunta. A outra, Maria Eugénia, dez anos mais nova do que Cunhal, terá sido sempre a mais próxima de Álvaro. É dela, de resto, a única morada oficial que, durante muitos anos, se conheceu ao defunto líder comunista. O número 17 da lisboeta Rua Sousa Martins ficava quase colado à antiga esquadra do Matadouro, nas Picoas, de onde se vigiava permanentemente a casa da família Cunhal.
O pequeno Álvaro é baptizado em Seia, terra natural do pai, para onde a família entretanto se mudara. Por influência da mãe, está bom de ver, que aliás escolhe para madrinha de baptismo do petiz… Nossa Senhora da Assunção. Padrinho, o irmão mais velho, António, que haveria de morrer novo, tal como uma das duas irmãs, Maria Massunta. A outra, Maria Eugénia, dez anos mais nova do que Cunhal, terá sido sempre a mais próxima de Álvaro. É dela, de resto, a única morada oficial que, durante muitos anos, se conheceu ao defunto líder comunista. O número 17 da lisboeta Rua Sousa Martins ficava quase colado à antiga esquadra do Matadouro, nas Picoas, de onde se vigiava permanentemente a casa da família Cunhal.
É ainda em Seia que Álvaro faz, aos nove anos, a primeira comunhão. E começa a frequentar a escola primária, que contudo abandona logo ao fim do primeiro dia de aulas. Passa a ser directamente ensinado pelo pai, que aceitara o acto de rebeldia, na casa das cercanias da Serra da Estrela. Fez a primária em casa, mas aos 11 anos, a família mudou-se para Lisboa, tendo estudado nos liceus Pedro Nunes e Camões.
Muda-se, depois, para o Camões, onde apresenta trabalhos de investigação sobre Garrett, Herculano e a Revolução Liberal, o realismo em Eça e em Fialho, Bocage e a luta pela liberdade. Em 1931, com 17 anos, tem o curso liceal terminado...
Muda-se, depois, para o Camões, onde apresenta trabalhos de investigação sobre Garrett, Herculano e a Revolução Liberal, o realismo em Eça e em Fialho, Bocage e a luta pela liberdade. Em 1931, com 17 anos, tem o curso liceal terminado...
O carro funerário sobe a Avenida da Liberdade em direcção ao cemitério do Alto de São João.
Por todo o percurso, uma multidão enche as ruas. Na Praça do Chile milhares de pessoas esperam o cortejo que começa depois a subir a Rua Morais Soares, em direcção ao cemitério. Gritam palavras de ordem como "A luta continua" e"Assim se vê a força do PC".
São milhares. Muitos milhares. Vieram de todo o lado.
São milhares. Muitos milhares. Vieram de todo o lado.
Só do Porto vieram cerca de mil pessoas, militantes e simpatizantes, alguns transportados em 14 autocarros alugados pela estrutura local.
Da Área Metropolitana de Lisboa, o PCP alugou camionetas para transportar militantes, sobretudo, da Margem Sul: Barreiro, Moita e Seixal.
Évora, Beja, Montemor-o-Novo, Avis, Portel, Estremoz, Mora, Vendas Novas, Serpa, Castro Verde, Baleizão, Sines, Santiago do Cacém e Couço foram algumas das localidades que reuniram militantes para virem até Lisboa, assistir ao funeral. Vieram mais de dois mil.
Da Área Metropolitana de Lisboa, o PCP alugou camionetas para transportar militantes, sobretudo, da Margem Sul: Barreiro, Moita e Seixal.
Évora, Beja, Montemor-o-Novo, Avis, Portel, Estremoz, Mora, Vendas Novas, Serpa, Castro Verde, Baleizão, Sines, Santiago do Cacém e Couço foram algumas das localidades que reuniram militantes para virem até Lisboa, assistir ao funeral. Vieram mais de dois mil.
O carro funerário, coberto de cravos vermelhos, chega ao cemitério perto das 18 horas onde milhares de pessoas aguardavam a chegada na urna do líder histórico do PCP, muitas com o punho erguido e algumas com bandeiras do partido.Recebido com uma ovação de palmas e gritos “PCP, PCP” subiu a Morais Soares, a muito custo. Todos queriam tocar no carro funerário, todos queriam olhar a família do líder.
Maria Eugénia era abraçada pela sobrinha, Ana, a filha do líder comunista chegada da Austrália, onde reside com os dois filhos.
Maria Eugénia era abraçada pela sobrinha, Ana, a filha do líder comunista chegada da Austrália, onde reside com os dois filhos.
Ana, vestida de preto, beijara a tia, momentos antes, gesto que repetiu para com a companheira do pai, Fernanda Barroso, provocando-lhe lágrimas. Já na carrinha funerária, onde a urna foi transportada, Ana e Fernanda percorreram todo o caminho entre a Praça do Chile e o cemitério, de mão dada; um percurso curto mas demorado porque acompanhado por milhares de pessoas a pé.
O cemitério do Alto de São João encontrava-se repleto de cravos vermelhos e brancos e muitas coroas de flores, uma das quais em forma de bandeira do PCP, com cravos amarelos a desenhar uma foice e um martelo.
Um grupo de jovens da JCP colocou-se igualmente junto da urna, gritando palavras de ordem e alguns militantes subiram aos jazigos mais próximos de onde assistiram à cerimónia, empenhando uma bandeira do partido.
Entre os milhares de populares que se concentraram no cemitério do Alto de São João, via-se um cartaz com a inscrição "a vida tem fim, mas a luta é eterna".
Já dentro do cemitério, a urna foi transportada por dirigentes comunistas que ladearam depois o caixão comovidos, aos quais se juntaram a filha, a viúva e a irmã e outros militantes do partido.
Todos ouviram a voz dos militantes a gritar palavras de ordem e cantar ‘A Internacional’ seguida de o ‘Hino Nacional’. Não há discursos.
O cemitério do Alto de São João encontrava-se repleto de cravos vermelhos e brancos e muitas coroas de flores, uma das quais em forma de bandeira do PCP, com cravos amarelos a desenhar uma foice e um martelo.
Um grupo de jovens da JCP colocou-se igualmente junto da urna, gritando palavras de ordem e alguns militantes subiram aos jazigos mais próximos de onde assistiram à cerimónia, empenhando uma bandeira do partido.
Entre os milhares de populares que se concentraram no cemitério do Alto de São João, via-se um cartaz com a inscrição "a vida tem fim, mas a luta é eterna".
Já dentro do cemitério, a urna foi transportada por dirigentes comunistas que ladearam depois o caixão comovidos, aos quais se juntaram a filha, a viúva e a irmã e outros militantes do partido.
Todos ouviram a voz dos militantes a gritar palavras de ordem e cantar ‘A Internacional’ seguida de o ‘Hino Nacional’. Não há discursos.
O corpo entrou no crematório pelas 18h10. Foi a última “ordem” de Álvaro Cunhal.
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