Previsão do Tempo

domingo, 11 de julho de 2010

As estátuas da Ilha de Páscoa

A Ilha de Páscoa, ou Rapa Nui, como preferem chamá-la os seus moradores, foi descoberta em 5 de abril de 1722 por Jacob Roggeveen (1659-1729), almirante e explorador holandês que zarpara de seu país sem rumo certo, navegando pelo mar à dentro com a ingrata missão de procurar e encontrar a Terra Australis, ou Terra Australis Incógnita, um continente fictício que aparecia com freqüência em mapas europeus dos séculos 15 a 18, e do qual não mais se falou a partir de 1770, quando o navegador inglês James Cook descobriu e reivindicou para a Inglaterra os direitos sobre toda a parte oriental das terras batizadas por ele com o nome de Nova Gales do Sul, hoje pertencentes à Austrália. No dia em que o barco de Jacob Roggeveen alcançou a ilha perdida no meio do Pacífico Sul, os católicos comemoravam a Páscoa, e foi por causa disso que se deu a ela o nome que mantém até hoje.Tem-se como verdadeira a versão de que ao aproximar sua embarcação da ilha, para examinar através da luneta, à luz difusa do entardecer já avançado, o pedaço de praia que tinha à sua frente, ele e os seus homens se assustaram com o que pareciam ser vultos gigantescos de guardiões da terra desconhecida a observá-los atentamente. Somente na manhã seguinte Roggeveen descobriu que os gigantes que haviam assustado a ele e toda a marujada, não eram seres vivos, como pensavam, mas sim enormes estátuas de pedra esculpidas por um povo que dava à sua ilha vulcânica o nome de Te-Pito-O-Te-Henua, que quer dizer umbigo do mundo. Sem saber, o navegador encontrara um dos pontos mais remotos do planeta, perdido no Pacífico Sul e distante, de um lado, quase 2.000km da ilha mais próxima, a de Pitcairn, e de outro, com 3.500km de mar aberto separando-a da América do Sul.Logo em seguida os marinheiros verificaram que na ilha existiam quase mil estátuas feitas de um só bloco de pedra, esculpidas na porosa lava vulcânica petrificada existente em abundância na cratera do vulcão Rano Raraku, com altura variável entre 5 e 10 metros, pesando algumas dezenas de toneladas e mostrando no rosto a mesma expressão atenta de quem vigia alguma coisa. O primeiro grupo delas colocado na orla marítima, a 20km do local onde foram modeladas; o segundo, ao pé do vulcão, com os corpos cobertos por símbolos e um chapéu na cabeça; o terceiro, em outros lugares, diferenciando-se das demais porque possuíam pernas. Eram os moais, explicaram os nativos, figuras que personificavam os chefes fundadores das 10 grandes tribos da ilha. E como tinham sido feitos? Simples, explicaram os pascoalinos. Certo dia, em tempos muito, muito antigos, homens vindos do céu chegaram à ilha e ensinaram seus antepassados a trabalhar a pedra, o que aparentemente é confirmado por esculturas de seres voadores com grandes olhos fixos. Infelizmente, missionários ocidentais que por lá passaram posteriormente, queimaram as placas com caracteres Rongorongo (única forma de escrita desenvolvida entre os povos polinésios), uma série de sinais gravados com dentes de tubarão em tábuas de madeira. Não satisfeitos, eles proibiram aos habitantes da ilha a prática dos antigos cultos religiosos, e indo mais longe, destruíram tudo quanto pudesse lembrar as tradições locais, uma intolerância religiosa cujo resultado maior foi tornar muito difícil para as gerações futuras, o desvendamento e compreensão dos mistérios que envolvem o povo do Umbigo do Mundo.A partir daí, e ao longo dos séculos, os pesquisadores que estiveram na Ilha da Páscoa se viram às voltas com duas indagações para as quais não encontravam respostas. A primeira delas, simples: quem, e para quê haviam sido construídas as colossais estátuas? A segunda é mais importante: de que forma os ilhéus haviam transportado os gigantes de pedra com dezenas de toneladas de peso, por percursos íngremes, pedregosos, e com até 20 quilômetros de extensão, erguendo-as depois no lugar em que deveriam ficar? Pela explicação dos nativos, elas eram retiradas das bases dos vulcões, aonde haviam sido construídas, e levadas às suas respectivas plataformas, graças ao “mana”, poder sobrenatural de que o rei era dotado, pois bastava que ele olhasse para uma das estátuas e ela no mesmo momento se erguia no ar, movimentando-se até “pousar” no lugar que lhe era destinado.Os investigadores não concordaram com essa versão, o que é compreensível, e passaram a analisar com cuidado todas as hipóteses levantadas sobre a questão, promovendo uma série de experimentos e averiguações científicas. Nenhum desses trabalhos obteve resultado satisfatório, e por isso as dúvidas e interrogações permaneceram incomodando os que se dedicavam à tarefa de explicar o aparentemente inexplicável. Em 1888, quando o Chile anexou a ilha a seu território, nela só moravam 111 pessoas, a maioria doente. Entre 1914 e 1915, Katherine Routledge e outros arqueólogos buscaram no local novos elementos que pudessem trazer um pouco mais de luz à questão. Eles descobriram várias ferramentas usadas pelos antigos escultores daquele pedaço de chão isolado do resto do mundo, colheram depoimentos de quem se apresentava como descendente de polinésios que haviam chegado lá mil anos antes, e concluíram que os chefes das 11 tribos então existentes, com aproximadamente 10 mil membros, no total, competiam entre si mandando erigir estátuas como símbolo do seu poder. O grupo de cientistas também declarou que a Ilha da Páscoa, no passado, era coberta por uma floresta subtropical rica em árvores enormes, mas que todas foram derrubadas para serem transformadas nas grades usadas no transporte das pedras. Sem madeira, eles não puderam mais construir barcos de pesca, e por isso acabaram caçando e matando as aves que encontravam pela frente, até exterminá-las. Sobraram os ratos para lhes mitigar a fome, e depois deles, o próprio homem.Algumas especulações menos dramáticas atribuem a seres extraterrestres a autoria e transporte das gigantescas estátuas, sendo a mais famosa delas a do escritor suiço Erich Von Daniken. Outros autores também expuseram seus pontos de vista a respeito em livros que conseguiram grande vendagem, como os americanos John Flenley, em Os Enigmas da Ilha da Páscoa, e Paulo Bahn, em Entre os Gigantes de Pedra. Mas apesar disso, é certo que para um grande número de pessoas o mistério da ilha da Páscoa permanece insolúvel, razão pela qual se pode imaginar as perguntas que certamente eles fazem a si mesmo e aos outros:Qual será a verdadeira história das estátuas de pedra da Ilha de Páscoa? Será que a conheceremos, algum dia?

Sem comentários:

Enviar um comentário