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domingo, 15 de agosto de 2010

Francisco José Galopim de Carvalho,nasceu em Évora no dia 16 de Agosto de 1924




Francisco José Galopim de Carvalho, cantor romântico e fadista, nasceu em Évora no dia 16 de Agosto de 1924, tendo falecido em Julho de 1988, vítima de um acidente vascular cerebral.

Foi na festa de finalistas do liceu que frequentou, que se deu a sua estréia, no Teatro Garcia de Resende, com a interpretação do tema "Trovador". Passou de amador a profissional aos 24 anos, vendo-se obrigado a interromper o 3º ano do curso de Engenharia que frequentava, acabando por não o terminar.

Em 1948, compareceu no Centro de Preparação de Artistas da Rádio, acompanhado por uma carta de apresentação do professor Mota Pereira, tendo cantado, no teste, as canções "Marco do Correio" e "Marina Morena.

A partida para a internacionalização aconteceu em 1951, ano em que se deslocou a Madrid para gravar "Olhos Castanhos", um 78 rpm que lhe valeu 500 escudos por cada face registada. Regressou à cidade no ano seguinte, desta feita para gravar três discos, "Sou Doido Por Ti", "Deixa Falar O Mundo" e "Ana Paula".

Tão grande fora o sucesso, tantos os contratos que lhe foram oferecidos para cantar em rádios, boates e casa noturnas, que ele, então aluno do último ano da Universidade de Engenharia de Lisboa, foi obrigado a interromper seu curso. Dedicou-se de alma e corpo à sua arte e a seu público, cada vez maior. Iniciou turnês artísticas pela Europa, demorando-se na Itália, Alemanha, França, Hungria, Estados Unidos e Espanha, sendo que neste último país gravou inúmeros discos. Era um cantor moderno. Pretendia dar uma interpretação moderna à canção portuguesa - procurava ser um cantor romântico atualizado, fugindo à pieguice lacrimal então vigente. "Nasceu o Frank Sinatra"- diziam juntos críticos e público.

Depois de ter pisado o palco em Évora numa revista regionalista de Vasconcelos Sá, intitulada "Palhas e Moinhas", o artista repetiu a experiência em 1952, numa peça que contou com a presença de Hermínia Silva.

Dois anos depois, partiu à descoberta do Brasil, acabando por se estabelecer em Copacabana. Foi lá que construiu uma carreira sólida e de sucesso invulgar para um artista português radicado em território brasileiro. Depois de seis anos de concertos realizados para platéias de imigrantes portugueses, Francisco José registou, em 1960, na editora Sinter, a canção "Olhos Castanhos", que se tornou, no ano seguinte, a canção mais popular do panorama musical brasileiro, depois de ter vendido cerca de um milhão de cópias. Para além de regulares edições discográficas, que somaram um total de 24 álbuns, dos quais apenas seis chegaram a Portugal, do currículo de Francisco José fazem parte inúmeras passagens pela televisão, tendo apresentado um programa aos sábados no Canal 9, em horário nobre.

Foi no Brasil que encontrou a verdadeira dimensão do seu talento, embora o tivesse conquistado somente depois de longos anos de sacrifícios e privações, e de um trabalho incansável em intermináveis tournés por todo o mundo.
Mas foi o seu programa num canal de televisão brasileiro e, pouco depois, o lançamento do seu álbum "A Figura de Francisco José" que lhe granjearam a imortalidade, primeiro no Brasil e muito mais tarde no seu país natal.

O Chico Zé, como era conhecido, era um cantor arrojado que, com a sua interpretação moderna e atualizada fugia à pieguice tradicional, trazendo à música portuguesa uma agradável lufada de ar fresco.

Com uma carreira majoritariamente construída no Brasil, o cantor Francisco José deparou-se com alguns contratempos quando, em 1964, se deslocou ao território português e, num programa gravado ao vivo, acusou a RTP de pagar miseravelmente os artistas nacionais, ao contrário do que se passava em outros países.

O caso não ficou por aí, já que Fancisco José resolveu pedir uma quantia de cinco mil escudos pela atuação que iria realizar para a RTP, mesmo estando habituado a receber cinquenta contos por programa no Brasil. A resposta foi negativa, uma vez que o limite máximo pago aos artistas portugueses era de dois mil escudos. No entanto, no seu caso, resolveram abrir uma exceção e fizeram a contraproposta de três mil escudos, caso o cantor não divulgasse a situação. Francisco José aceitou, mas no fim da atuação revelou o escândalo ao vivo, e a transmissão foi imediatamente cortada. Levado para a sede da PIDE, o cantor foi interrogado, e obrigado a responder em tribunal por "injúria e difamação", depois de lhe ter sido movido um processo.

A sua relação conflituosa com a PIDE terminou com uma interdição para sair do país, pelo que esteve dezasseis anos sem cantar na televisão portuguesa. No entanto, os discos continuaram a chegar ao mercado na década de 70 e a ser recebidos pelo público com grande satisfação. "Guitarra Toca Baixinho" e "Eu e Tu" são apenas dois dos 109 títulos que compõem a sua discografia, feita de registos em 33, 45 e 78 rpm.

Casou-se em 1965, aos 41 anos e teve duas filhas: Adília e Alexandra.

Depois de gravado o último single, "As Crianças Não Querem A Guerra", o cantor envolveu-se na política ativa mas, em meados de 80, regressou à música. A sua última atividade profissional foi desempenhada no campo do ensino, na Universidade da Terceira Idade, depois de terminar o curso de Matemática.

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