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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

António de Spinola, morreu a 13 de Agosto de 1996


António de Spínola

Militar de carreira português, António Sebastião Ribeiro de Spínola nasceu a 11 de Abril de 1910, em Estremoz, e morreu a 13 de Agosto de 1996, em Lisboa. Oficial da arma de Cavalaria, consta na sua folha de serviço a participação, como voluntário, nas forças expedicionárias enviadas por Salazar para Angola nos primeiros dias da guerra colonial e o exercício do cargo de governador da Guiné durante cerca de seis anos (1968-1973). Neste cargo, o seu largo prestígio teve origem numa política de respeito pela individualidade das etnias guineenses e à associação das autoridades tradicionais à administração, ao mesmo tempo que prosseguia a guerra por todos os meios ao seu dispor, que iam da diplomacia secreta (encontros com Senghor, Presidente do Senegal) a incursões armadas em territórios vizinhos (ataque de comandos a Conakri). Após o termo do seu mandato de governador e comandante-chefe, regressou a Portugal e foi nomeado vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.
Foi no exercício deste cargo que entrou em choque com Marcello Caetano. O pretexto para a ruptura foi a publicação de um livro em que Spínola propunha soluções políticas e não militares para o termo da guerra, dentro de uma estrutura federalista que substituiria o Império. Demitido (juntamente com Francisco da Costa Gomes, que, na qualidade de Chefe do Estado-Maior, autorizara a publicação do livro) por Caetano, Spínola regressou a uma posição de grande destaque após o 25 de Abril de 1974, quando o Movimento das Forças Armadas (MFA), vitorioso, entregou o poder à Junta de Salvação Nacional. Spínola acumularia as funções de presidente da Junta e de presidente da República durante alguns meses. No entanto, rapidamente entraria em choque com as correntes mais radicais do Movimento, que o empurraram para a aceitação da independência das colónias, lhe anularam o projecto de concentração de poderes e lhe impuseram como primeiro-ministro um militar esquerdista, Vasco Gonçalves. Bloqueado, recorreu à mobilização de forças políticas da chamada "maioria silenciosa" temerosa da radicalização da revolução e da possível instauração de uma ditadura comunista em Portugal. A manifestação de apoio a Spínola (28 de Setembro de 1974) acabaria por sair frustrada pelas forças de esquerda, que por todo o país levantavam barricadas e impediram o acesso dos partidários do general a Lisboa e outros locais de concentração. Impotente perante os acontecimentos, Spínola renunciou ao cargo (30 de Setembro), sendo substituído por Costa Gomes, mas continuou a organizar forças e apoios contra o regime. Da conspiração que dirigiu ou estimulou sairia o golpe militar de 11 de Março de 1975, em que sofreu nova derrota, exilando-se primeiro em Espanha e depois no Brasil, de onde dirigiu uma organização clandestina (MDLP - Movimento Democrático de Libertação de Portugal) que se empenharia na luta contra o regime democrático, luta que durante o período denominado PREC se radicalizou cada vez mais. A derrota das forças esquerdistas no golpe fracassado de 25 de Novembro de 1975 tranquilizou Spínola e os seus apoiantes, levou à desmobilização do MDLP e criou condições políticas para o seu regresso a Portugal, sendo reintegrado nas Forças Armadas e mais tarde promovido ao posto de marechal (1981) durante o mandato de Ramalho Eanes. Apesar da idade avançada, não se desligou inteiramente da vida política, vindo a falecer no Verão de 1996, pouco depois de, publicamente, ter um inesperado gesto de reconciliação com o general Nino Vieira, presidente da República da Guiné-Bissau, seu antigo adversário militar na Guerra Colonial.

2 comentários:

  1. Não obstante a polémica, admirei-o como militar. Mais o admiro, in memoriam, por ser meu conterrâneo de Estremoz e, por tudo, elevar o nome da cidade.

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  2. As grandes figuras militares são de facto quem era do quadro de complemento, pois do quadro permanente, Spínola - é dos poucos militares classificado como uma grande figura, pois soube sempre estar ao lado dos soldados, nas condiçoes mais adversas. Manuel Alegre, Kaulza de Arriaga, Ramalho Eanes, General Freire Damião (último Comandante do Sector de Porto Amélia - Moçambique) entre outros... poucos !

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