Previsão do Tempo

domingo, 15 de agosto de 2010

Roger Louis Schütz-Marsauche (Irmão Roger), morreu a 16 de Agosto de 2005




Frère Roger (Irmão Roger) (VaudSuíça12 de Maio de 1915 — Taizé16 de Agosto de 2005), baptizado Roger Louis Schütz-Marsauche, foi o fundador da Comunidade de Taizé.
Um acto de violência pôs termo à vida daquele que foi considerado por muitos um "símbolo da paz". Aos 90 anos, o irmão Roger, fundador da comunidade ecuménica de Taizé, foi assassinado durante a oração da tarde de terça-feira por uma mulher romena de 36 anos que sofria de perturbações mentais. A notícia chocou o mundo e gerou uma onda de reacções. Apesar da brutalidade do acto, ontem na comunidade do sul de França, reinava a tranquilidade. Por cá, o Irmão Roger foi lembrado em orações no convento dos dominicanos.
"Em sofrimento", expresso através dum comunicado, a Comunidade de Taizé agradeceu ontem as condolências e orações que chegaram até à vila francesa vindas de todo o mundo. E anunciou que o corpo de Roger Schtuz será velado na igreja da comunidade até terça-feira, quando decorrerá o funeral. O rumo da comunidade ecuménica fica agora entregue ao Irmão Alois, alemão de 52 anos, escolhido por Roger como sucessor há oito anos.
Foi após o primeiro cântico da oração da tarde, e perante uma igreja com 2500 pessoas, que "alguém se aproximou do irmão Roger e lhe pousou a mão nas costas, como se lhe fosse dizer algo ao ouvido", contou ao DN, António Monteiro, um português que marca presença anual em Taizé há 20 anos. O ambiente era de profundo recolhimento, as pessoas sentadas no chão cantavam e rezavam. Os irmãos prostrados ao fundo da igreja, e rodeados de crianças, oravam, não estranhando a aproximação da mulher. "Com uma frieza assustadora, cortou-lhe a garganta com uma faca e sentou-se a rezar".
Os gritos das crianças interromperam a oração monástica, alertando a assembleia para o sucedido. "Imediatamente o irmão foi retirado para a sacristia, os jovens agarraram a mulher que, com um ar alucinado, foi entregue à polícia momentos mais tarde", relatou António, ainda em choque com a cena presenciada. O pânico não se instalou porque muita gente não se chegou a aperceber de nada. Minutos mais tarde chegava, pela voz do irmão François, a confirmação da notícia o irmão Roger tinha morrido. A mensagem foi também um apelo à oração.
Apesar do choque da notícia e da comoção, António contou que as pessoas reagiram com bastante serenidade. "Entrar em pânico seria contrariar precisamente aquilo que o Irmão Roger nos ensinou". Uma hora mais tarde, a oração na igreja prosseguia noite fora, agora envolta numa pesada dor. Alguns jovens foram assistidos por psicólogos e enfermeiros da Cruz Vermelha francesa que tentavam apagar da memória o trauma das violentas imagens presenciadas.
A polícia francesa está em Taizé a investigar o crime, recolhendo testemunhos e relatos que permitam encontrar uma explicação para o facto. A hipótese de fanatismo religioso e terrorismo já foi afastada. Luminita, a romena de 36 anos que apunhalou o irmão Roger, confessou às autoridades que "não queria matá-lo mas apenas atrair a sua atenção". António Monteiro contou que, durante o dia, a romena já tinha evidenciado comportamentos estranhos, "gritando e falando sozinha".
É como um acto isolado e desiquilibrado que o crime está a ser encarado em Taizé, onde se encontram actualmente 150 portugueses. "As pessoas não se foram embora e estão tranquilas", disse António Monteiro. Tristeza e consternação são os sentimentos de quem tenta, contudo, retomar a normalidade. O futuro da comunidade Taizé e a sua imagem de serenidade e recolhimento vão permanecer, acredita o português.
Por todo o mundo foram manifestadas mensagens de luto e pesar. Visivelmente comovido, Bento XVI considerou "aterradora" a notícia do assassínio do religioso, acrescentando que "neste momento de tristeza, apenas podemos confiar à bondade do Senhor a alma do seu fiel servidor". Em Colónia, onde se realizam as Jornadas Mundiais da Juventude, o facto foi acolhido com dor e desencadeou orações e preces. Por cá, as cerimónias de oração vão decorrer amanhã, na Igreja de São Nicolau, em Lisboa.
A partir de hoje, o irmão Alois é o prior da comunidade. "Hoje sorrio, mas o coração sofre. Todos estamos reconhecidos pelo caminho que o Irmão Roger percorreu e vamos continuar", disse ontem, emocionado, aos jornalistas.

Sem comentários:

Enviar um comentário