Previsão do Tempo

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Historiador: Franco mandou matar general para garantir golpe


A possibilidade de Francisco Franco ter ordenado o assassinato de um general para assegurar seu golpe de Estado em julho de 1936 revela uma imagem maquiavélica do ditador, capaz de tudo para conseguir seus objetivos, afirma o historiador Ángel Viñas, que acaba de publicar um livro sobre o assunto. Foi "um assassinato, planificado com premeditação e aleivosia, impecavelmente executado", escreve Viñas em "La conspiración del general Franco" (A conspiração do general Franco, na tradução livre).
O general, morto com um tiro no estômago em 16 de julho de 1936, era Amado Balmes, governador militar da ilha Grande Canária, no oceano Atlântico, e o crime teria sido cometido para assegurar a lealdade das tropas do arquipélago e garantir que Franco pudesse viajar de avião para a região para liderar a rebelião de 18 de julho. "Franco matava dois pássaros com um tiro", afirma Viñas, na qual revela o que o levou a tirar essas conclusões, que se opõem à versão oficial de que Balmes teria morrido acidentalmente quando tentava desentupir uma pistola.
Segundo ele, para "um general especialista em armas", morrer assim seria uma estupidez. As suspeitas foram tomando forma quando Viñas consultou as memórias do juiz militar que instruiu as diligências da morte de Balmes, nas quais "se advertem para diversas informações sem sentido e que parecem ser falsas em muitos aspectos".
Viñas, catedrático da Universidade Complutense de Madrid e ex- diplomata, conta que tentou provar sua teoria quando investigou nas ilhas Canárias o papel desempenhado pela diplomacia e pelos serviços secretos britânicos na Guerra Civil (1936-1939), outro dos temas que aborda com detalhes no livro. "Queria desentranhar por que a Grã-Bretanha se comportou daquela forma com a República espanhola durante a Guerra Civil, não de uma maneira neutra, mas em uma situação de franca hostilidade", diz Viñas.
O historiador também aborda o "Dragon Rapide", o avião De Havilland DH.89 que levaria Franco ao Marrocos e que, como ressalta o autor, "era claramente uma questão britânica", pois a operação, embora financiada pelos conspiradores espanhóis, contava com a anuência de Londres. Outro fato que levou o historiador a pôr em dúvida tudo o que a historiografia franquista tinha contado sobre a morte do general foi uma conversa de maio de 1936 entre o militar e o próprio Franco, da qual um dos ajudantes de Balmes foi testemunha.
O ditador "tinha um calendário muito apertado para participar do golpe e não podia perder tempo verificando se Balmes se somaria ou não à revolta militar", revelou. Finalmente, a desculpa de participar do sepultamento de Balmes em 17 de julho permitiu a Franco abordar "oportunamente" o "Dragon Rapide" em 18 de julho e chegar a tempo ao Marrocos para dar início ao golpe militar que desencadearia na Guerra Civil.
Este episódio mostra "a imagem de um Franco maquiavélico, de um homem difícil de entender e interpretar", diz Viñas, que acredita que algum dia poderão ser encontrados os documentos que provam as suspeitas apresentadas em seu livro.

Sem comentários:

Enviar um comentário