É TEMPO DE CASTANHAS E DE VINHO NOVO
Irei falar de tudo e do nada. Histórias e estórias. Coisas pensantes e desconcertantes. Fundado a 30 de Novembro de 2009 numa 2ª Feira
Previsão do Tempo
domingo, 19 de outubro de 2014
Futuro exíguo
Soromenho Marques
Muito antes desta crise, a voz lúcida de Adriano Moreira alertou para a transformação de Portugal num "Estado exíguo". Onde os néscios de turno observam "gorduras", a inteligência descobre a esclerose funcional das instituições. Para uma comunidade nacional de dez milhões de cidadãos residentes, e com o nosso histórico código genético, a exiguidade do Estado sempre foi o preâmbulo para uma crise na viabilidade política nacional. As grandes tragédias fazem-se anunciar como símbolos. Numa altura em que existe uma clara renacionalização das políticas europeias - que em breve será acentuada no Reino Unido e na França - com sinais de protecionismo económico e exigências de devolução de soberania, o atual Governo continua, em claro registo de contraciclo, a desfazer-se das derradeiras alavancas económicas do País. A venda dos CTT, empresa prestigiada a nível mundial, até envergonharia os liberalíssimos EUA, que têm nos serviços postais uma das mais antigas empresas públicas federais. A venda da TAP - uma das maiores marcas de Portugal, um instrumento de política externa e um expoente da segurança no transporte aéreo - é um escândalo. Vamos terminar este ano com um défice de 10% do PIB (por mais que os malabarismos contabilísticos o queiram camuflar) e com uma dívida pública astronómica, mesmo sem incluir o aumento do perímetro orçamental exigido pelas novas regras do Sistema Europeu de Contas. A cultura do Governo, com a cumplicidade silenciosa de muita da oposição, parece ignorar que nenhum ranking internacional de competitividade substitui a decisiva missão da política, que é a de garantir o futuro da comunidade de destino a que chamamos Portugal.
Soromenho Marques
Sete Mitos/Mentiras sobre os Portugueses
Sete Mitos/Mentiras sobre os Portugueses
1. Os portugueses trabalham pouco. Os alemães trabalham muito. Mentira. A jornada de trabalho em Portugal é uma das maiores da Europa desenvolvida. Comparados com os alemães, os portugueses trabalham mais 324 horas todos os anos, mas levam para casa menos 7484 euros.
2. Os portugueses andaram a viver da mama da Europa, paga pelos alemães. Mentira. Com a entrada na UE, Portugal ganhou apenas 0,4% do PIB (fim da lista). Já a Alemanha encabeça o ranking com um aumento de 2,3%.
3. Os portugueses têm demasiados feriados. Mentira. Em Portugal há 10 feridos (antes havia 14). A Finlândia tem 15, a Espanha 14, a Eslováquia 13, a Áustria 12, enquanto a Suécia, a Itália, a França e a Dinamarca têm 11. Na Alemanha há entre 10 a 13 feriados, conforme os estados (länders).
4.Há demasiados portugueses que são funcionários públicos. Mentira. Temos, 575 mil e têm vindo a diminuir. Em 2008 (quando eram mais do que agora), eram 12,1% da população ativa. A média dos 32 países da OCDE é de 15%. A Dinamarca e a Noruega têm cerca 30%. O peso dos vencimentos dos funcionários públicos, em Portugal, em relação ao PIB, é inferior à média da UE e da zona euro: 10,5% em Portugal, 10,6% na zona euro, 10,8% na UE, mais de 18% em países como a Dinamarca ou a Noruega.
5.Os portugueses não produzem o suficiente para ter saúde, educação e segurança social públicas e de qualidade. Mentira. Os trabalhadores portugueses entregam mais ao Estado (em contribuições e impostos diretos e indiretos) do que recebem em serviços públicos, sendo que na maioria dos anos até há excedente (os trabalhadores deram mais do que receberam do Estado).
6. Os portugueses viveram acima das suas possibilidades e andaram a fazer crédito para carrões e férias na República Dominicana que não podiam pagar. Mentira. Em 2009, o crédito habitação era quase 80% do volume global de empréstimos contraídos por particulares. Uma decisão absolutamente racional, considerando que alugar casa era muito mais caro, logo, isso sim, seria viver acima das possibilidades.
7. Os portugueses são um povo de brandos costumes. Mentira. Só nos séculos XIX e XX, contam-se milhares de mortos em guerras civis e revoluções. Foi o Estado Novo que inventou o chavão, numa operação de manipulação da nossa identidade. Para andarmos caladinhos e quietinhos.
Joana Amaral Dias
1. Os portugueses trabalham pouco. Os alemães trabalham muito. Mentira. A jornada de trabalho em Portugal é uma das maiores da Europa desenvolvida. Comparados com os alemães, os portugueses trabalham mais 324 horas todos os anos, mas levam para casa menos 7484 euros.
2. Os portugueses andaram a viver da mama da Europa, paga pelos alemães. Mentira. Com a entrada na UE, Portugal ganhou apenas 0,4% do PIB (fim da lista). Já a Alemanha encabeça o ranking com um aumento de 2,3%.
3. Os portugueses têm demasiados feriados. Mentira. Em Portugal há 10 feridos (antes havia 14). A Finlândia tem 15, a Espanha 14, a Eslováquia 13, a Áustria 12, enquanto a Suécia, a Itália, a França e a Dinamarca têm 11. Na Alemanha há entre 10 a 13 feriados, conforme os estados (länders).
4.Há demasiados portugueses que são funcionários públicos. Mentira. Temos, 575 mil e têm vindo a diminuir. Em 2008 (quando eram mais do que agora), eram 12,1% da população ativa. A média dos 32 países da OCDE é de 15%. A Dinamarca e a Noruega têm cerca 30%. O peso dos vencimentos dos funcionários públicos, em Portugal, em relação ao PIB, é inferior à média da UE e da zona euro: 10,5% em Portugal, 10,6% na zona euro, 10,8% na UE, mais de 18% em países como a Dinamarca ou a Noruega.
5.Os portugueses não produzem o suficiente para ter saúde, educação e segurança social públicas e de qualidade. Mentira. Os trabalhadores portugueses entregam mais ao Estado (em contribuições e impostos diretos e indiretos) do que recebem em serviços públicos, sendo que na maioria dos anos até há excedente (os trabalhadores deram mais do que receberam do Estado).
6. Os portugueses viveram acima das suas possibilidades e andaram a fazer crédito para carrões e férias na República Dominicana que não podiam pagar. Mentira. Em 2009, o crédito habitação era quase 80% do volume global de empréstimos contraídos por particulares. Uma decisão absolutamente racional, considerando que alugar casa era muito mais caro, logo, isso sim, seria viver acima das possibilidades.
7. Os portugueses são um povo de brandos costumes. Mentira. Só nos séculos XIX e XX, contam-se milhares de mortos em guerras civis e revoluções. Foi o Estado Novo que inventou o chavão, numa operação de manipulação da nossa identidade. Para andarmos caladinhos e quietinhos.
Joana Amaral Dias
sábado, 18 de outubro de 2014
Provérbios do mês de Outubro.
“Se em Outubro te sentires gelado, lembra-te do gado.”
“Outubro quente traz o diabo no ventre.”
“Em Outubro, o lume já é amigo.”
“Se queres alho cruzado, semeia-o no mês de Outubro.”
“Em Outubro não fies só lã; recolhe o teu milho e o teu feijão, senão de Inverno tens a tua barriga em vão.”
“Em Outubro meu trigo cubro.”
“Em Outubro semeia e cria, terás alegria.”
“Em Outubro paga tudo e recolhe tudo.”
“Logo que Outubro venha, procura lenha.”
“Em Outubro recolhe tudo.”
“Em Outubro sê prudente: guarda pão, guarda semente.”
“Se as andorinhas partirem em Outubro, seca tudo.”
“Em Outubro pega tudo.”
“Logo que Outubro venha, procura lenha.”
“Em Outubro sê prudente: guarda pão, guarda semente.”
“Em Outubro, o fogo ao rubro.”
“Outubro meio chuvoso, torna o lavrador venturoso.”
“Outubro suão, negaças de Verão.”
“Quando Outubro for erveiro, Guarda para Março o palheiro.”
“Outubro quente traz o diabo no ventre.”
“Em Outubro, o lume já é amigo.”
“Se queres alho cruzado, semeia-o no mês de Outubro.”
“Em Outubro não fies só lã; recolhe o teu milho e o teu feijão, senão de Inverno tens a tua barriga em vão.”
“Em Outubro meu trigo cubro.”
“Em Outubro semeia e cria, terás alegria.”
“Em Outubro paga tudo e recolhe tudo.”
“Logo que Outubro venha, procura lenha.”
“Em Outubro recolhe tudo.”
“Em Outubro sê prudente: guarda pão, guarda semente.”
“Se as andorinhas partirem em Outubro, seca tudo.”
“Em Outubro pega tudo.”
“Logo que Outubro venha, procura lenha.”
“Em Outubro sê prudente: guarda pão, guarda semente.”
“Em Outubro, o fogo ao rubro.”
“Outubro meio chuvoso, torna o lavrador venturoso.”
“Outubro suão, negaças de Verão.”
“Quando Outubro for erveiro, Guarda para Março o palheiro.”
O OE de Estado para 2015
A proposta de OE 2015 link é um extenso e confuso documento que se apresenta como revelador do estado estado a que o País foi conduzido e pretendeu ‘trabalhar’ uma incontrolada avalanche de números e situações para funcionar como sendo uma ‘cortina de fumo’ de inconfessáveis fábulas eleitorais.
Não se trata de um documento que ‘encaixe’ ou tenha uma estratégia para o futuro de Portugal ou seja portador de opções que - tendo os portugueses e as portuguesas por centralidade – defina um quadro desenvolvimento assente numa saudável, equilibrada e justa utilização dos dinheiros públicos.
No OE 2015 está inscrita uma metodogia absolutamente inversa. A par do que foi inconcebivelmente negado [a (in)existência de um 'fundamentalismo orçamental], 'brincou-se' com números, conceitos, objectivos e metas como aquele do ‘não aumento de impostos’ a par da admissão de um significativo aumento da ‘carga fiscal’, como se a dita fosse um resultado de secretaria e não a tradução prática do (enorme) esforço dos contribuintes.
À primeira vista o OE 2015 tem um objectivo fundamental que é o ‘permitir’ encontrar equilíbrios externos (da UE, do FMI e do BCE) e camuflar dissensões politico-eleitorais internas para que esta coligação chegue ao fim do seu mandato. Os autores e mentores deste projecto de Lei tiram meios daqui para os colocar acolá, voltam a remetê-los para o mesmo sítio donde provieram, outros transferem a sua verificação e concretização para 2016, num incessante ‘jogo orçamental’ que faz lembrar empresas ou famílias quando confrontadas com um quadro de insolvência optam por ocultar a realidade e enveredam por engenharias financeiras de sobrevivência cujo desfecho é muito previsível e sempre fatal.
O Orçamento de Estado foi transformado num bacoco instrumento de falsos equilibrismos que tem como única virtude revelar o estretor de uma política de ‘fundamentalismo orçamental’ que, na verdade, vem sendo praticada por este Governo.
É cada vez mais visível e evidente o caminho que terá obrigatoriamente de ser adoptado. A ‘renegociação’ ou a ‘reestruturação’ da dívida pública link, que mais parece um problema semântico do que ‘outra coisa', tornou-se um factor central e primordial capaz de influenciar decisivamente as políticas públicas, com inegável rebate orçamental (presente e futuro), é, ainda, a fronteira que, no presente, divide a Esquerda.
Trata-se, para muitos portugueses, de uma ténue linha divisória que parece – no crítico momento que atravessamos - não ter cabimento continuar a valorizar e muito menos escavar ou aprofundar. Um entendimento urgente sobre este tema fulcral deixando de lado malabarismos semânticos tornou-se imperativo e inadiável e deverá ser a resposta pronta e frontal aos permanentes apelos a pactos e acordos vindos da Direita, com a omnipresente benção da Presidência da República.
A discussão, no Parlamento, da proposta de Lei do OE 2015 poderá (deverá) lançar novas luzes sobre o futuro de um País exausto e exangue, há mais de 3 anos entregue às tropelias deste Governo.
Basta!
posted by e-pá!
Uma demissão incompreensível
Uma demissão incompreensível
«O secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho, apresentou, esta sexta-feira, a sua demissão alegando "motivos de ordem pessoal", tendo sido aceite pelo ministro Nuno Crato, segundo nota do Ministério da Educação e Ciência».
Há na melancólica desagregação do Governo desaforos e patifarias diversas. A ministra que combate os swaps é especialista nesse instrumento financeiro. Passos Coelho é uma espécie de PM. O PR é clone de Américo Tomás. Paulo Portas é uma imitação de figura de Estado. Nuno Crato é o especialista na destruição do Ensino público, parecido com a ministra da Justiça, a criar o caos nos Tribunais.
Não se compreende que o secretário de Estado de Nuno Crato se demita, por um plágio, quando o elenco que integra é um plágio de Governo e o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário só ensinou aos alunos a maneira de progredirem na vida, de forma diferente do PM, que prefere a emigração.
Quem sabe se a tese do secretário de Estado, denunciada pelo Público, não seria mais apreciada do que quando apresentada pelo autor? Era uma forma de valorização de um trabalho académico.
Aliás, o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário acabou por demonstrar que se dedicou com afinco à colocação de professores e ao bom funcionamento das escolas, de tal modo que teve de recorrer ao plágio para não roubar tempo à governação.
Neste Governo as palavras ganham novos significados, o plágio é «motivo de ordem pessoal».
Admira que um Governo, que começou com equivalências escolares, termine com um plágio académico. Em Matemática, este Governo, chama-se um conjunto vazio.
posted by Carlos Esperança
"60% das famílias portuguesas não vão sentir nenhum desagravamento dos i...
Em reacção às medidas anunciadas pelo governo para a reforma do IRS e da Fiscalidade Verde, João Oliveira afirmou que estas medidas vão contra aquilo que são os interesses dos trabalhadores e do povo, contra a necessidade de redução da carga fiscal, agravando assim a vida de milhões de portugueses.
A roda do oleiro
por VIRIATO SOROMENHO MARQUES
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Carta Abaerta aos caloiros!
Caros Caloiros:
Certamente sabem que, na praxe coimbrã, mãe de todas as praxes, o caloiro é tradicionalmente “o animal”. Como também julgo que sabem, segundo a lei n.º 69/2014, de 29 de Agosto, no nosso país os animais passaram a estar protegidos de maus tratos, o que abrange qualquer tipo de coacção física: dor, sofrimento, privação de alimentos, abandono, mutilação ou morte. A pena mais pesada pode ir até aos dois anos de prisão efectiva.
Referindo-se a pessoas, legalmente protegidas desde logo pelos direitos humanos universalmente aceites, o conceito de maus tratos inclui obviamente também qualquer tipo de coerção ou violência psicológica.
O que me leva a pensar: Que fariam se um professor vos mandasse rastejar no chão? De certeza que não obedeciam, e o professor teria problemas, e apanharia com razão um processo em cima.
No entanto, como se viu em imagens passadas na TV, submeter-se à praxe pode significar rastejar no chão, e a muito mais do que isso. Milhares de espectadores viram, como eu, imagens gravadas no Pátio da Universidade, em Coimbra, em que um grande grupo de caloiros, cercado por um grupo igualmente grande de não caloiros, recebeu ordens para se ajoelhar no chão, inclinar-se para a frente e baixar as calças. Dispenso-me de descrever a cena de humilhação e sadismo que aconteceu a seguir, e ficou registada nas imagens. No entanto, para muitos de vocês, aparentemente nada é violento nem excessivo. A praxe é considerada intocável, acima dos professores, reitores, universidades, instituições e até da lei, que assegura aos cidadãos direitos, liberdades e garantias, que impedem qualquer tipo de violência e humilhação. No entanto, estranhamente, para vocês a praxe parece ter um poder incontestável – embora ela não tenha qualquer validade jurídica, nem sequer obedeça a princípios racionais. Para começar, os Duxes são os que andam na Universidade há mais tempo, somando portanto mais matrículas. Para isso basta ter dinheiro para pagar propinas (embora eu deixe a pergunta se, em todos os casos, as propinas deles são realmente pagas, e por quem). Uma vez que há numerus clausus, deixo também a pergunta se eles não tiram o lugar a outros estudantes, com mais capacidade de tirar um curso. Outra pergunta elementar me ocorre: É possível não haver prazo limite para frequentar a universidade? Esse tempo pode ser ilimitado, quando o ensino, como tudo o mais, depende dos impostos que pagamos? Pelo menos até ao ano passado, havia um dux que há 24 anos que somava matrículas, proeza heróica que gloriosamente o mantinha no cargo. E também pergunto o que se passa no caso de todos os outros duxes, porque o erário público é isso mesmo, um assunto público.
Mas o que mais me agride é que, na prática, vocês passaram a estar muito menos protegidos do que os animais, em sentido próprio. E a responsabilidade, em último caso, é vossa, porque se calam e consentem, rejeitando ou ignorando a lei em que vivem.
Em situações de perigo ou de desastre, se as praxes descambarem em tragédia, não se espantem se as instituições não funcionarem, se universidades, reitores, professores, polícia, tribunais, vos defenderem mal, já que vocês são os primeiros a não querer ser defendidos: consideram que ninguém tem de saber nem de interferir no que acontece nas praxes, juram a pés juntos que são irrelevantes brincadeiras (o que só algumas vezes é verdade, mas está muito longe de ser sempre), sublinham que são adultos, como se esse facto vos permitisse fugir à lei que se aplica a toda a gente.
Sendo essa a vossa posição, a opinião pública pouco mais pode fazer do que deixar-vos sós. Fica no entanto um alerta: em caso de tudo correr mal, dir-se-á que vocês lá estavam por vontade própria, e que, se lá estavam, não estivessem.
Mas dói-me pensar que vocês pretendem ser descartados desta forma: Se querem ser “animais”, com ou sem aspas, então sejam. Boa sorte.
Qualquer cão ou gato está muito mais protegido que vocês.
http://www.publico.pt/n1672584
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