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Irei falar de tudo e do nada. Histórias e estórias. Coisas pensantes e desconcertantes. Fundado a 30 de Novembro de 2009 numa 2ª Feira
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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
A 13 de Janeiro de 1991 - Reeleição de Mário Soares
Mário Soares nasceu em Lisboa, a 7 de Dezembro de 1924. As acções políticas que encetou contra o Estado Novo desde os tempos de estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tiveram como consequência ter sido preso 13 vezes pela PIDE (polícia política) e ainda ter sofrido, em 1968, uma deportação para São Tomé. Tendo concluído, em 1951, a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas iniciou, na mesma Universidade, o Curso de Direito, tendo-o concluído em 1957. Como advogado, defendeu, em tribunais plenários, inúmeros opositores ao regime. Devido às constantes perseguições que a polícia política lhe fazia, viu-se obrigado, em 1971, a refugiar-se em Paris. Foi um dos fundadores, em 1973, do Partido Socialista, do qual foi o primeiro secretário-geral. Regressou a Lisboa em 1974, logo após o derrube do regime, tendo sido chamado a desempenhar as funções de Ministro dos Negócios Estrangeiros, no âmbito das quais desenvolveu negociações conducentes à independência das colónias portuguesas. Opôs-se à tentativa de um sector de militares sublevados que pretendiam conduzir progressivamente o país para um regime de extrema esquerda. Demitiu-se do cargo em Março de 1975, passando a ocupar um ministério sem pasta. Volvidos dois meses, demitiu-se, igualmente, deste cargo. Foi primeiro-ministro de 1976 a 1978 e de 1983 à 1985. Negociou, de 1977 a 1985, com pleno sucesso, a entrada de Portugal na Comunidade Europeia (actual União Europeia). Foi presidente da República dois mandatos sucessivos, de 1986 a 1996, tendo iniciado as chamadas presidências abertas, durante as quais percorreu muitas regiões do país, auscultando directamente as aspirações e as reclamações populares, dando assim início a uma nova postura presidencial. Desempenhou, posteriormente, as funções de eurodeputado no Parlamento Europeu. Actualmente, tem-se dedicado à escrita, à coordenação da Fundação a que deu o seu nome e à intervenção em inúmeros congressos e debates. Apresentou, recentemente, a sua candidatura a um novo mandato como Presidente da República.
Para uma mais completa informação sobre a sua vida e obra, consulte o site da Fundação Mário Soares, clicando na figura a seguir inserida
A 13 de Janeiro de1961 – Antestreia de As Pupilas do Senhor Reitor, de Perdição Queiroga
Às 21:45 do dia 13 de Janeiro de 1961, é projectado em antestreia, no cinema lisboeta Éden, As pupilas do Senhor Reitor, o primeiro filme português em cinemascópio. Para a sua feitura, o realizador Perdição Queiroga baseou-se no romance homónimo de Júlio Dinis, tendo contado com a participação de Marisa Prado (Margarida), Anselmo Duarte (Daniel das Dornas), Isabel de Castro (Clara), Américo Coimbra (Pedro das Dornas), Maria do Carmo (Margarida, em jovem), Araújo Silva (Sr. Reitor), Alina Vaz (Francisca Esquina), Eugenio Salvador (Ezequiel), Elvira Velez (Tereza Esquina), António Silva (João da Esquina), Maria Cristina (Joana), Humberto Madeira (Dr. João Semana), Raul Solnado (Sacristão), Raul de Carvalho (José das Dornas) e João Guedes.
Fonte: Diário de Lisboa n.º 13680, de 13-01-1961, p. 5
As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis, esteve na origem de inúmeras outras adaptações áudio-visuais. Para além do filme português mudo de 1924 dirigido por Maurice Mariaud, Leitão de Barros produzido, em 1935, uma versão sonora, também a preto-e-branco, com a intervenção de Maria Matos. No Brasil, a TV Record em 1970 e a SBT em 1994/95, produziram telenovelas baseadas nesta obra.
Fonte: Diário de Lisboa n.º 13680, de 13-01-1961, p. 5
As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis, esteve na origem de inúmeras outras adaptações áudio-visuais. Para além do filme português mudo de 1924 dirigido por Maurice Mariaud, Leitão de Barros produzido, em 1935, uma versão sonora, também a preto-e-branco, com a intervenção de Maria Matos. No Brasil, a TV Record em 1970 e a SBT em 1994/95, produziram telenovelas baseadas nesta obra.
A 13 de Janeiro de 1932, nasce, em Braga, a escritora portuguesa Maria Ondina Braga.
Maria Ondina Braga
Nome: Maria Ondina Soares Fernandes BragaNascimento: 13-1-1932, Braga
Ficcionista. Depois de concluir os estudos liceais na sua cidade natal, prosseguiu os seus estudos em França e na Inglaterra, trabalhando como enfermeira. Regressa a Portugal em 1964, depois de ter sido professora, sucessivamente, em Angola, Goa e Macau. Desenvolvendo também a actividade de tradutora (traduziu, entre outros, Erskine Caldwell, Graham Greene, Bertrand Russel, Marcuse, Todorov), colaborou em várias publicações periódicas como Diário de Notícias, Diário Popular, A Capital, Panorama, Colóquio/Letras e Mulher. Incluindo na sua bibliografia a poesia e as crónicas de viagem, Maria Ondina Braga afirmou-se como ficcionista, sendo considerada um dos grandes nomes femininos da narrativa portuguesa contemporânea. Recebeu o Prémio Ricardo Malheiros para o volume de contos Amor e Morte, em 1970, e o Prémio Eça de Queirós para o romance Nocturno em Macau, em 1991. Colhendo a experiência da sua vivência de errância, os contos, novelas e romances de Maria Ondina Braga, frequentemente protagonizados por mulheres evocadas no seu viver solitário e angustiado, mitificam, através da memória do narrador que apreende subjectivamente essas figuras, situações de aprendizagem e iniciação, de transição entre idades, de confronto entre o eu o mundo. Para Manuel Frias Martins, a escrita enigmática de Maria Ondina Braga é perpassada, na sua sobriedade e densidade simbólica, pela "intenção de narrar histórias singulares de gente singular no quadro da fixação das qualidades mais escondidas (e mais enigmáticas) da sua natureza de seres que existem em si e por si" e por um "sentido" que "ultrapassa a problemática individual e localizada, oferecendo-se ao leitor como veículo objectivo para a reflexão sobre as condições gerais do existir colectivo", sendo que "Pela primeira se reconhece a força subjectiva que estimula e organiza a escrita de Maria Ondina Braga" e "Pelo segundo se penetra no espaço da existência colectiva (no seu reconhecimento objectivo) onde as personagens individuais não são senão exteriorizações particulares dos múltiplos enigmas que nele ocorrem" (cf. MARTINS, Manuel Frias - Sombras e Transparências da Literatura, Lisboa, INCM, 1983, p. 170).
Bibliografia: Mulheres Escritoras, Lisboa, 1980; O Meu Sentir, Braga, 1949; Alma e Rimas, Braga, 1952; Eu Vim Para Ver a Terra, Lisboa, 1965; Angústia em Pequim, Lisboa, 1984; Passagem do Cabo, Lisboa, 1994; A Filha do Juramenho, Lisboa, 1995; A China Fica ao Lado, contos, Lisboa, 1968; Estátua de Sal, narrativas, Lisboa, 1969; Amor e Morte, contos, Lisboa, 1970; Os Rostos de Jano, novelas, Amadora, 1973; A Revolta das Palavras, contos e crónica
A 13 de Janeiro de 1759, a família Távora e José de Mascarenha, Duque de Aveiro, são executados por alegadamente terem participado numa tentativa de regicídio sobre D. José I de Portugal.
PROCESSO DOS TÁVORAS
O Processo dos Távoras refere-se a um escândalo político português do século XVIII. Os acontecimentos foram desencadeados pela tentativa de assassinato do Rei D. José I em 1758, e culminaram na execução pública de toda a família Távora e dos seus parentes próximos em 1759. Alguns historiadores interpretam o assunto como uma tentativa do primeiro-ministro Sebastião de Melo (Marquês de Pombal) de limitar os poderes crescentes de famílias da alta nobreza.
No seguimento do terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755, que destruiu o palácio real, o rei D. José I vivia num grande complexo de tendas e barracas instaladas na Ajuda, às saídas da cidade. Este era o presente centro da vida política e social portuguesa.
Apesar de constituírem acomodações pouco espectaculares, as tendas da Ajuda eram o centro de uma corte tão glamorosa e rica como a de Versalhes de Luís XV de França. O rei vivia rodeado pela sua equipa administrativa, liderada pelo primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, e pelos seus nobres. O primeiro-ministro era um homem severo, filho de um fidalgo de província, com algum rancor para com a velha nobreza, que o desprezava. Desavenças entre ele e os nobres eram frequentes e toleradas pelo rei, que confiava em Sebastião de Melo pela sua liderança competente após o terramoto.
D. José I era casado com Mariana Vitoria de Borbón, princesa espanhola, e tinha 4 filhas. Apesar de ter uma vida familiar alegre, (o rei adorava as filhas e apreciava brincar com elas e levá-las em passeio), D. José I tinha uma amante: Teresa Leonor, mulher de Luís Bernardo, herdeiro da família de Távora.
A Marquesa Leonor de Távora e o seu marido Francisco Assis, conde de Alvor (e antigo vice-rei da Índia), eram as cabeças de uma das famílias mais poderosas do reino, ligadas às casas de Aveiro, Cadaval, São Vicente e de Alorna. Eram também inimigos cerrados de Sebastião de Melo. Leonor de Távora era uma mulher política, preocupada com os negócios do Reino, entregue a seu ver a um novo-rico sem educação. Ela era também uma devota católica, com forte afiliação aos jesuítas, tendo como confessor um deles, Gabriel Malagrida.
Na noite de 3 de Setembro de 1758, D. José I seguia incógnito numa carruagem que percorria uma rua secundária nos arredores de Lisboa. O rei regressava para as tendas da Ajuda de uma noite com a amante. Pelo caminho, a carruagem foi interceptada por três homens, que dispararam sobre os ocupantes. D. José I foi ferido num braço, o seu condutor também ficou ferido gravemente, mas ambos sobreviveram e regressaram à Ajuda.
Sebastião de Melo tomou o controle imediato da situação. Mantendo em segredo o ataque e os ferimentos do rei, ele efectuou julgamento rápido. Poucos dias depois, dois homens foram presos e torturados. Os homens confessaram a culpa e que tinham tido ordens da família dos Távoras, que estavam a conspirar pôr o duque de Aveiro, José Mascarenhas, no trono. Ambos foram enforcados no dia seguinte, mesmo antes da tentativa de regicídio ter sido tornada pública. Nas semanas que se seguem, a marquesa Leonor de Távora, o seu marido, o conde de Alvor, todos os seus filhos, filhas e netos foram encarcerados. Os conspiradores, o duque de Aveiro e os genros dos Távoras, o marquês de Alorna e o conde de Atouguia foram presos com as suas famílias. Gabriel Malagrida, o jesuíta confessor de Leonor de Távora foi igualmente preso.
Foram todos acusados de alta traição e de regicídio. As provas apresentadas em tribunal eram simples: a) As confissões dos assassinos executados, b) A arma do crime pertencia ao duque de Aveiro e c) O facto de apenas os Távoras poderem ter sabido dos afazeres do rei nessa noite, uma vez que ele regressava de uma ligação com Teresa de Távora, presa com os outros. Os Távoras negaram todas as acusações mas foram condenados à morte. Os seus bens foram confiscados pela coroa, o seu nome apagado da nobreza e os brasões familiares foram proibidos. A varonia Távora e morgadio foram então transferidos para a casa dos condes de São Vicente.
A sentença ordenou a execução de todos, incluindo mulheres e crianças. Apenas as intervenções da Rainha Mariana e de Maria Francisca, a herdeira do trono, salvaram a maioria deles. A marquesa, porém, não seria poupada. Ela e outros acusados que tinham sido sentenciados à morte foram torturados e executados publicamente em 13 de Janeiro de 1759 num descampado perto de Lisboa. A execução foi violenta mesmo para a época, as canas das mãos e dos pés dos condenados foram partidas com paus e as suas cabeças decapitadas e depois os restos dos corpos queimados e as cinzas deitadas ao rio Tejo. O rei esteve presente, juntamente com a sua corte, absolutamente desnorteada. Os Távoras eram seus semelhantes, mas o rei quis que a lição fosse aprendida e para que nunca mais a nobreza se rebelasse contra a autoridade régia.
O palácio do Duque de Aveiro, em Belém, Lisboa foi demolido e o terreno salgado, simbolicamente, para que nunca mais nada ali crescesse. No local, hoje chamado Beco do Chão Salgado, existe um marco alusivo ao acontecimento mandado erigir por D. José com uma lápide que pode ser lida. As armas da família Távora foram picadas e o nome Távora foi mesmo proibido de ser citado.
Gabriel Malagrida foi queimado vivo alguns dias depois e a ordem dos jesuítas declarada ilegal. Todos as suas propriedades foram confiscadas e os jesuítas expulsos do território português, na Europa e no Ultramar (o filme "A missão" retrata a expulsão de uma comunidade jesuíta da floresta brasileira). A família Alorna e as filhas do Duque de Aveiro foram condenadas a prisão perpétua em mosteiros e conventos.
Sebastião de Melo foi feito Conde de Oeiras pelo seu tratamento competente do caso, e posteriormente, em 1770, obteve o título de Marquês de Pombal, o nome pelo qual é conhecido hoje.
A culpa ou inocência dos Távoras é ainda debatida hoje por historiadores portugueses. Por um lado, as más relações entre a alta nobreza e o rei estão bem documentadas. A falta de um herdeiro masculino ao trono era motivo de desagrado para muitos, e o Duque de Aveiro era de facto uma opção.
Por outro lado, alguns referem uma coincidência: com a condenação dos Távoras e dos Jesuítas, desapareceram os inimigos de Sebastião de Melo e a nobreza foi domada. Adicionalmente, os acusados Távoras argumentaram que a tentativa de assassínio de D. José I teria sido um assalto comum, uma vez que o rei viajava sem guarda nem sinais de distinção numa perigosa rua de Lisboa.
Outra pista de suposta inocência é o facto de nenhum dos Távoras ou familiares terem tentado escapar de Portugal nos dias que se seguiram ao atentado. Culpados ou não, as execuções dos Távoras foram um acontecimento devastador para Portugal. Numa altura em que a pena de morte já estava em desuso, a execução de uma família prestigiada constituiu um choque. A futura rainha Dona Maria I ficou tão afectada pelos eventos que aboliu a pena de morte (excepto em estado de guerra) tão cedo como pode, quando chegou ao trono. Portugal terá sido um dos primeiros países do mundo a fazê-lo.
O desprezo da rainha pelo primeiro-ministro de seu pai foi absoluto. Ela removeu-lhe todos os poderes e expulsou-o de Lisboa. Foi emitido um decreto proibindo a sua presença a uma distância inferior a 20 milhas da capital.
O Processo dos Távoras refere-se a um escândalo político português do século XVIII. Os acontecimentos foram desencadeados pela tentativa de assassinato do Rei D. José I em 1758, e culminaram na execução pública de toda a família Távora e dos seus parentes próximos em 1759. Alguns historiadores interpretam o assunto como uma tentativa do primeiro-ministro Sebastião de Melo (Marquês de Pombal) de limitar os poderes crescentes de famílias da alta nobreza.
No seguimento do terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755, que destruiu o palácio real, o rei D. José I vivia num grande complexo de tendas e barracas instaladas na Ajuda, às saídas da cidade. Este era o presente centro da vida política e social portuguesa.
Apesar de constituírem acomodações pouco espectaculares, as tendas da Ajuda eram o centro de uma corte tão glamorosa e rica como a de Versalhes de Luís XV de França. O rei vivia rodeado pela sua equipa administrativa, liderada pelo primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, e pelos seus nobres. O primeiro-ministro era um homem severo, filho de um fidalgo de província, com algum rancor para com a velha nobreza, que o desprezava. Desavenças entre ele e os nobres eram frequentes e toleradas pelo rei, que confiava em Sebastião de Melo pela sua liderança competente após o terramoto.
D. José I era casado com Mariana Vitoria de Borbón, princesa espanhola, e tinha 4 filhas. Apesar de ter uma vida familiar alegre, (o rei adorava as filhas e apreciava brincar com elas e levá-las em passeio), D. José I tinha uma amante: Teresa Leonor, mulher de Luís Bernardo, herdeiro da família de Távora.
A Marquesa Leonor de Távora e o seu marido Francisco Assis, conde de Alvor (e antigo vice-rei da Índia), eram as cabeças de uma das famílias mais poderosas do reino, ligadas às casas de Aveiro, Cadaval, São Vicente e de Alorna. Eram também inimigos cerrados de Sebastião de Melo. Leonor de Távora era uma mulher política, preocupada com os negócios do Reino, entregue a seu ver a um novo-rico sem educação. Ela era também uma devota católica, com forte afiliação aos jesuítas, tendo como confessor um deles, Gabriel Malagrida.
Na noite de 3 de Setembro de 1758, D. José I seguia incógnito numa carruagem que percorria uma rua secundária nos arredores de Lisboa. O rei regressava para as tendas da Ajuda de uma noite com a amante. Pelo caminho, a carruagem foi interceptada por três homens, que dispararam sobre os ocupantes. D. José I foi ferido num braço, o seu condutor também ficou ferido gravemente, mas ambos sobreviveram e regressaram à Ajuda.
Sebastião de Melo tomou o controle imediato da situação. Mantendo em segredo o ataque e os ferimentos do rei, ele efectuou julgamento rápido. Poucos dias depois, dois homens foram presos e torturados. Os homens confessaram a culpa e que tinham tido ordens da família dos Távoras, que estavam a conspirar pôr o duque de Aveiro, José Mascarenhas, no trono. Ambos foram enforcados no dia seguinte, mesmo antes da tentativa de regicídio ter sido tornada pública. Nas semanas que se seguem, a marquesa Leonor de Távora, o seu marido, o conde de Alvor, todos os seus filhos, filhas e netos foram encarcerados. Os conspiradores, o duque de Aveiro e os genros dos Távoras, o marquês de Alorna e o conde de Atouguia foram presos com as suas famílias. Gabriel Malagrida, o jesuíta confessor de Leonor de Távora foi igualmente preso.
Foram todos acusados de alta traição e de regicídio. As provas apresentadas em tribunal eram simples: a) As confissões dos assassinos executados, b) A arma do crime pertencia ao duque de Aveiro e c) O facto de apenas os Távoras poderem ter sabido dos afazeres do rei nessa noite, uma vez que ele regressava de uma ligação com Teresa de Távora, presa com os outros. Os Távoras negaram todas as acusações mas foram condenados à morte. Os seus bens foram confiscados pela coroa, o seu nome apagado da nobreza e os brasões familiares foram proibidos. A varonia Távora e morgadio foram então transferidos para a casa dos condes de São Vicente.
A sentença ordenou a execução de todos, incluindo mulheres e crianças. Apenas as intervenções da Rainha Mariana e de Maria Francisca, a herdeira do trono, salvaram a maioria deles. A marquesa, porém, não seria poupada. Ela e outros acusados que tinham sido sentenciados à morte foram torturados e executados publicamente em 13 de Janeiro de 1759 num descampado perto de Lisboa. A execução foi violenta mesmo para a época, as canas das mãos e dos pés dos condenados foram partidas com paus e as suas cabeças decapitadas e depois os restos dos corpos queimados e as cinzas deitadas ao rio Tejo. O rei esteve presente, juntamente com a sua corte, absolutamente desnorteada. Os Távoras eram seus semelhantes, mas o rei quis que a lição fosse aprendida e para que nunca mais a nobreza se rebelasse contra a autoridade régia.
O palácio do Duque de Aveiro, em Belém, Lisboa foi demolido e o terreno salgado, simbolicamente, para que nunca mais nada ali crescesse. No local, hoje chamado Beco do Chão Salgado, existe um marco alusivo ao acontecimento mandado erigir por D. José com uma lápide que pode ser lida. As armas da família Távora foram picadas e o nome Távora foi mesmo proibido de ser citado.
Gabriel Malagrida foi queimado vivo alguns dias depois e a ordem dos jesuítas declarada ilegal. Todos as suas propriedades foram confiscadas e os jesuítas expulsos do território português, na Europa e no Ultramar (o filme "A missão" retrata a expulsão de uma comunidade jesuíta da floresta brasileira). A família Alorna e as filhas do Duque de Aveiro foram condenadas a prisão perpétua em mosteiros e conventos.
Sebastião de Melo foi feito Conde de Oeiras pelo seu tratamento competente do caso, e posteriormente, em 1770, obteve o título de Marquês de Pombal, o nome pelo qual é conhecido hoje.
A culpa ou inocência dos Távoras é ainda debatida hoje por historiadores portugueses. Por um lado, as más relações entre a alta nobreza e o rei estão bem documentadas. A falta de um herdeiro masculino ao trono era motivo de desagrado para muitos, e o Duque de Aveiro era de facto uma opção.
Por outro lado, alguns referem uma coincidência: com a condenação dos Távoras e dos Jesuítas, desapareceram os inimigos de Sebastião de Melo e a nobreza foi domada. Adicionalmente, os acusados Távoras argumentaram que a tentativa de assassínio de D. José I teria sido um assalto comum, uma vez que o rei viajava sem guarda nem sinais de distinção numa perigosa rua de Lisboa.
Outra pista de suposta inocência é o facto de nenhum dos Távoras ou familiares terem tentado escapar de Portugal nos dias que se seguiram ao atentado. Culpados ou não, as execuções dos Távoras foram um acontecimento devastador para Portugal. Numa altura em que a pena de morte já estava em desuso, a execução de uma família prestigiada constituiu um choque. A futura rainha Dona Maria I ficou tão afectada pelos eventos que aboliu a pena de morte (excepto em estado de guerra) tão cedo como pode, quando chegou ao trono. Portugal terá sido um dos primeiros países do mundo a fazê-lo.
O desprezo da rainha pelo primeiro-ministro de seu pai foi absoluto. Ela removeu-lhe todos os poderes e expulsou-o de Lisboa. Foi emitido um decreto proibindo a sua presença a uma distância inferior a 20 milhas da capital.
Renato Aragão nasceu em Sobral, interior do Ceará, em 13 de janeiro de 1935
RENATO ARAGÃO
(Humorista , Actor, director)
1935-
Renato Aragão nasceu em Sobral, interior do Ceará, em 13 de janeiro de 1935. Eram 7 irmãos. O pai, o poeta Paulo Aragão e a mãe, a professora Dinorá, sempre incentivaram a criatividade dos filhos. Foi assim que Renato, apesar de funcionário do Banco do Nordeste, no período da tarde, de manhã cursava a Faculdade de Direito, que levou até o fim e se formou. Mas o jovem tinha um sonho. E quando foi inaugurada a TV Ceará, pertencente às Emissoras Associadas, foi lançado um curso para formar o primeiro elenco de atores, produtores, redatores. Renato Aragão se inscreveu e foi aprovado. Fez tudo sozinho. Era um esquete, sem falas, que ele criou e interpretou. Nascia ali um mito. Renato já tinha descoberto sua veia humorística, quando serviu o exército. Ele era a “atração” e os colegas pediam sempre que se exibisse. Foi assim que criou o personagem ingênuo e brincalhão, inspirados em seus maiores ídolos: Charles Chaplin e Oscarito. Em 30 de novembro de 1960 lançou seu programa: “Vídeo Alegre” pela TV Ceará, hoje TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo. Sua fama chegou ao Rio de Janeiro e ele passou a fazer o “A – E – I – O – Urca”, na TV TUPI do Rio. Em 1966, ao lado de Ivon Cury, Teddy Boy Marino e Wanderley Cardoso, criou os “Adoráveis Trapalhões”, para a TV Excelsior. A fórmula deu certo. E em 1975, na TV TUPI, foi lançado “Os Trapalhões”, já com os personagens: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Essa união trouxe frutos imensos, incontáveis. Seus programas sempre deram índices muito altos. Eles se transformaram nos ídolos das crianças, embora fossem admirados também por jovens e adultos. Fizeram muitos filmes e todos de sucesso. Mas a vida foi ingrata e para o profundo sofrimento de Renato Aragão, dois de seus companheiros vieram a falecer. Primeiro foi Zacarias, o mineiro que nasceu em Sete Lagoas, no dia 18 de janeiro de 1934. Depois foi Mussum, que nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de abril de 1941. E fazia parte do conjunto musical Os Originais do Samba. Renato Aragão caiu em depressão e custou a se levantar, tal a dor que sentiu. Hoje faz o programa: “A Turma do Didi”, ainda na Rede Globo de Televisão. Ele é também Embaixador da Unicef no Brasil, um verdadeiro representante da alegria simples e genuína das crianças brasileiras. Na década de 90 inteira, o programa “Os Trapalhões” conseguiu 60 pontos de ibope. Foi por essa ocasião também que apareceu no livro dos Recordes, Guinnes Book, como o grupo de humor mais longo da televisão do mundo. O nome que Renato Aragão criou para o seu personagem é: Didi Mocó Sonrisépio Colesterol Novalgino Mufumo, mais conhecido simplesmente por Didi.
(Humorista , Actor, director)
1935-
Renato Aragão nasceu em Sobral, interior do Ceará, em 13 de janeiro de 1935. Eram 7 irmãos. O pai, o poeta Paulo Aragão e a mãe, a professora Dinorá, sempre incentivaram a criatividade dos filhos. Foi assim que Renato, apesar de funcionário do Banco do Nordeste, no período da tarde, de manhã cursava a Faculdade de Direito, que levou até o fim e se formou. Mas o jovem tinha um sonho. E quando foi inaugurada a TV Ceará, pertencente às Emissoras Associadas, foi lançado um curso para formar o primeiro elenco de atores, produtores, redatores. Renato Aragão se inscreveu e foi aprovado. Fez tudo sozinho. Era um esquete, sem falas, que ele criou e interpretou. Nascia ali um mito. Renato já tinha descoberto sua veia humorística, quando serviu o exército. Ele era a “atração” e os colegas pediam sempre que se exibisse. Foi assim que criou o personagem ingênuo e brincalhão, inspirados em seus maiores ídolos: Charles Chaplin e Oscarito. Em 30 de novembro de 1960 lançou seu programa: “Vídeo Alegre” pela TV Ceará, hoje TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo. Sua fama chegou ao Rio de Janeiro e ele passou a fazer o “A – E – I – O – Urca”, na TV TUPI do Rio. Em 1966, ao lado de Ivon Cury, Teddy Boy Marino e Wanderley Cardoso, criou os “Adoráveis Trapalhões”, para a TV Excelsior. A fórmula deu certo. E em 1975, na TV TUPI, foi lançado “Os Trapalhões”, já com os personagens: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Essa união trouxe frutos imensos, incontáveis. Seus programas sempre deram índices muito altos. Eles se transformaram nos ídolos das crianças, embora fossem admirados também por jovens e adultos. Fizeram muitos filmes e todos de sucesso. Mas a vida foi ingrata e para o profundo sofrimento de Renato Aragão, dois de seus companheiros vieram a falecer. Primeiro foi Zacarias, o mineiro que nasceu em Sete Lagoas, no dia 18 de janeiro de 1934. Depois foi Mussum, que nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de abril de 1941. E fazia parte do conjunto musical Os Originais do Samba. Renato Aragão caiu em depressão e custou a se levantar, tal a dor que sentiu. Hoje faz o programa: “A Turma do Didi”, ainda na Rede Globo de Televisão. Ele é também Embaixador da Unicef no Brasil, um verdadeiro representante da alegria simples e genuína das crianças brasileiras. Na década de 90 inteira, o programa “Os Trapalhões” conseguiu 60 pontos de ibope. Foi por essa ocasião também que apareceu no livro dos Recordes, Guinnes Book, como o grupo de humor mais longo da televisão do mundo. O nome que Renato Aragão criou para o seu personagem é: Didi Mocó Sonrisépio Colesterol Novalgino Mufumo, mais conhecido simplesmente por Didi.
Que grande miséria?
Como best of da entrevista de Cavaco Silva na RTP, destacaria a parte em que este afirma que era um mísero professor ao mesmo tempo que explica que as suas poupanças estavam espalhadas por vários bancos. Bem... Só no BPN investiu cerca de 105 000 mil euros de poupanças. Devemos multiplicar este valor por "vários bancos"? Um miserable, sem dúvida. Cavaco é toda uma postura...
in "Activismo de sofá"
in "Activismo de sofá"
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
QUEREM QUE DÊ AULAS..?
Retrato fiel da tragicomédia do ensino acabado de chegar à minha caixa de
correio.
Faço projectos, planos, planificações;
Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões;
Escrevo actas, relatórios e relações;
Faço inventários, requerimentos e requisições;
Escrevo actas, faço contactos e comunicações;
Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;
Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;
Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;
Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;
Participo em actividades, eventos, festividades e acções;
Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;
Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;
Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;
Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;
Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;
Redijo ordens, participações e autorizações;
Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;
E mais actas, planos, projectos e avaliações;
E reuniões e reuniões e mais reuniões!...
E depois ouço, alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores, observadores,
secretários de estado, a ministra e, como se não bastasse, outros professores, e a
ministra!...
Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;
Assino, rubrico, sumario, sintetizo, informo;
Averiguo, estudo, consulto, concluo,
Coisas curriculares, disciplinares, departamentais,
Educativas, pedagógicas, comportamentais,
De comunidade, de grupo, de turma, individuais,
Particulares, sigilosas, públicas, gerais,
Internas, externas, locais, nacionais,
Anuais, mensais, semanais, diárias e ainda querem mais?
Que eu dê aulas!?...
--
João J. C.Couto
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Al Berto nasceu a 11 de Janeiro de 1948
A sua obra poética engloba Trabalhos do Olhar (1982), Salsugem (1984), O Medo/Trabalho Poético, 1976-1986 (prémio de poesia de 1987 do Pen Club), O Livro dos Regressos (1989), A Secreta Vida das Imagens (1991), Luminoso Afogado (1995) e Horto de Incêndio (1997). Deixou incompletos textos para uma ópera, para um livro de fotografia sobre Portugal e uma «falsa autobiografia», como o próprio autor a intitulava
A 11 de Janeiro de 1890 - Ultimato britânico de 1890 a Portugal
O mapa cor-de-rosa
O reinado de D.Carlos I não começou bem, sob o ponto de vista das dificuldades políticas que se lhe iriam deparar e que haveriam de determinar a sua queda.
O que viria a denominar-se como a "questão inglesa" contudo, havia começado pelo menos 10 anos antes do início do seu reinado, tendo como origem a orientação política de João de Andrade Corvo, ministro dos Negócio Estrangeiros dos governos de Fontes Pereira de Melo em 1871/77 e em 1878/79 e depois ministro da Marinha e do Ultramar em 1879, que se propôs fazer de Goa e de Lourenço Marques portos ao serviço do império britânico.
A estratégia de Andrade Corvo assentava em três princípios
Portugal tem que ter uma visão realista das suas possibilidades e recursos, contrariando as ideias que pretendiam "supor nossa toda a Africa Central e Austral de um a outro mar".Em 1883 quando Andrade Corvo defendia este ponto de vista já tinham surgido as primeiras versões do "mapa-cor-de-rosa", assim denominado por ser assim colorida a área de terreno situado entre os territórios de Angola e Moçambique.
Mesmo assim só confinado aos territórios de Angola e Moçambique, Portugal só conseguiria ocupar e desenvolver as suas colónias se se abrir aos capitais e á emigração estrangeira.
Defendia igualmente a manutenção da aliança inglesa, explorando-a ao máximo atendendo a que "Portugal sendo uma potência de segunda ordem na Europa, além de um bom governo, boa política e boa administração, precisa de boas alianças.
A oposição Progressista, considerava que esta política como de enfeudamento á Inglaterra, envolvendo nesta acusação o governo de então e a própria coroa.
Contudo uma vez no poder os Progressistas, entre 1879 e 1881, prosseguem os planos de Corvo, invertendo-se os papéis passando os Regeneradores a devolverem-lhes a acusação de traição.
São os meandros habituais da política.
A "questão inglesa" tornou-se assim numa arma de arremesso entre partidos.
Os vários desenvolvimentos acontecidos em torno desta questão aconteceram no reinado anterior.
As variadas mudanças de atitude de Portugal, onde raramente aconteceram procedimentos coerentes, com a atitude realista de Andrade Corvo, fez com que a Inglaterra tenha perdido por completo a paciência para com "uma pequena potência muito irritante que só reage a ameaças" segundo dizia Lord Salisbury o primeiro-ministro, decidiu-se por uma demonstração de força.
Em 11 de Janeiro de 1890 o governo inglês envia uma célebre nota ao governo português que não só faz deitar por terra o sonho de alguns em constituir a África Meridional Portuguesa, assinalada no "Mapa Cor de Rosa"
Com efeito o Governo inglês. exige nessa nota "que se enviem instruções telegráficas imediatas para que todas e quaisquer forças militares portuguesas actualmente no Chire e nos países dos Mokololos e Machonos* se retirem" e ameaça ainda que, se uma resposta satisfatória não for dada pelo governo português nessa mesma tarde, a delegação inglesa em Lisboa, abandonará o nosso País imediatamente.
*actual Malawi
As Cortes de Almeirim de 1580, iniciaram-se a 11 de Janeiro de 1580
As Cortes
Almeirim acordara cedo naquela Segunda-Feira dia 11 de Janeiro de 1580.
Pelas ruas do povoado que, naquela altura, contava pouco mais de 200 fogos, circulava uma pequena multidão, composta por gente de todas as camadas sociais.
O ambiente era de apreensão e havia consciência de "todos os perigos que na verdade se podiam temer", pois a sombra de Castela começava a avançar sobre o Reino, com a figura de Filipe II, um dos sérios pretendentes ao trono, por morte de D. Sebastião.
Na sala da rainha do Paço Real, iam reunir-se as Cortes, mandadas convocar, para nelas se resolverem os problemas de sucessão da Corôa.
Assistia o Cardeal D. Henrique, fazendo uma derradeira tentativa e sentindo a morte a rondar-lhe o leito, para resolver tão grave momento que atingia a Pátria.
Sentado num largo cadeirão de braços, de ceptro na mão, "tão magro que mais parecia múmia que homem vivo", o decrépito cardeal, estava incapaz de encontrar solução para não colocar o país nas mãos do rei de Castela.
Pronunciou a oração de abertura D. António Pinheiro, grande defensor do partido castelhano, tornando-se suspeito e alvo de severas críticas por parte do povo, este que se mantinha firme e obstinado, tentando, por vários meios, a salvação da independência nacional, já que a nobreza se encontrava dividida, em boa parte, subordinada pêlos agentes da Filipe da Filipe II.
Neste acto importante que durou vários dias, fez-se ouvir Fedo Moniz, eleito procurador do povo de Lisboa e que representava a força popular, tentanto impugnar as sugestões ao cardeal-Rei, para o sucessor de D. Sebastião. No dia 18 de Janeiro, frente a um crucifico de rosto firme e gesto nobre, Febo Moniz protestou, com veemência, causando espanto na Corte, pela audácia com que a sua voz se ouvia contra a eleição do Rei de Castela.
Com firmeza, apesar dos seus 64 anos, Fedo Moniz disse que não era possível deliberar em tais situações pois "via que sua Alteza se aconselhava com gente suspeita e inimiga da liberdade do País".
O diálgo entre o doente Cardeal e o enérgico procurador foi-se desenrolando, até que o soberano, impaciente e convencido de que trabalhava em vão para arredar as repugnâncias do domínio estrangeiro, mais tímido do que irado, pergunta:
- O que é que vós quereis?
Olhando bem de frente o Cardeal, com voz firme e segura, Febo Moniz, disse:
- Que vossa Alteza oiça o povo e se tiver que eleger, eleja Rei Português, porque sendo Castelhano, não será recebido nem obedecido.
Entregue vossa Alteza o Reino a um Príncipe Português e todos lhe beijarão a mão.
A 31 de Janeiro de 1580, falecia o o Cardeal-Rei D. Henrique, curiosamente nascido a 31 de Janeiro de 1512.
Sem nada se ter resolvido, a 15 de Março, as Cortes que já tinham sido transferidos para Santarém, são dissolvidas e o País passa então a ser governado por Filipe II de Castela, a partir desse momento.
D. António Prior do Crato e as Cortes de Almeirim
As Cortes de Almeirim foram marcadas por diversas afrontas ao nacionalismo português.
Só os representantes da alta nobreza, puderam pernoitar na Vila de Almeirim.
Os representantes do Povo e também alguns do Clero, tiveram de se instalar em Santarém.
D. António Prior do Crato foi impedido de entrar em Almeirim e perseguido pelas tropas reais.
Foi afixada nas portas do Paço de Almeirim, um mandato real para a sua prisão.
D. António estava em primeiro lugar na sucessão do trono e merecia o apoio popular com toda a racionalidade.
Tal como os outros candidatos, D. Catarina de Bragança e Filipe II de Espanha, era neto do Rei D. Manuel I.
Era filho de D. Luís, irmão do Cardeal Rei.
Filho bastardo segundo o Cardeal, mas legitimo segundo o seu pai, que o tinha perfilhado e velado pela sua educação e formação.
D. Luís tinha trazido este seu filho único para Almeirim, onde passou toda a infância e juventude, recebendo uma educação cuidada, durante o reinado de D. João III.
O oposição do Cardeal, à candidatura de D. António, relevava da sua mentalidade eclesiástica fanática e toda a influência dos seus amigos da ordem Jesuíta.
Também dos nobres pró castelhanos.
D. António era filho de uma nova-cristã, ou seja de uma judia convertida ao cristianismo.
Este facto que causava a repugnância do Cardeal Rei, era também no sentido contrário, o que dava mais garantias ao Povo, pois ele não tinha pela sua ascendência maternal, qualquer ligação de interesse com a Espanha.
D. António era Infante de Portugal e tinha sido sempre um leal ao seu sobrinho D. Sebastião, tendo inclusive participado na batalha de Alcácer Quibir, onde foi feito prisioneiro e posteriormente resgatado após pagamento de uma elevada soma de dinheiro.
Expulso de Almeirim, D. António prior do Crato passa a Santarém.
No final do mês de Janeiro de 1580, morre o já há muito senil e moribundo Cardeal Rei.
Quando se anuncia a morte do Cardeal, o “espírito de Almeirim” atravessa o Tejo e o povo também.
D. António Prior do Crato é aclamado Rei em Santarém.
O povo cantou…
Viva El-rei D. Henrique
No Inferno muitos anos,
Só os representantes da alta nobreza, puderam pernoitar na Vila de Almeirim.
Os representantes do Povo e também alguns do Clero, tiveram de se instalar em Santarém.
D. António Prior do Crato foi impedido de entrar em Almeirim e perseguido pelas tropas reais.
Foi afixada nas portas do Paço de Almeirim, um mandato real para a sua prisão.
D. António estava em primeiro lugar na sucessão do trono e merecia o apoio popular com toda a racionalidade.
Tal como os outros candidatos, D. Catarina de Bragança e Filipe II de Espanha, era neto do Rei D. Manuel I.
Era filho de D. Luís, irmão do Cardeal Rei.
Filho bastardo segundo o Cardeal, mas legitimo segundo o seu pai, que o tinha perfilhado e velado pela sua educação e formação.
D. Luís tinha trazido este seu filho único para Almeirim, onde passou toda a infância e juventude, recebendo uma educação cuidada, durante o reinado de D. João III.
O oposição do Cardeal, à candidatura de D. António, relevava da sua mentalidade eclesiástica fanática e toda a influência dos seus amigos da ordem Jesuíta.
Também dos nobres pró castelhanos.
D. António era filho de uma nova-cristã, ou seja de uma judia convertida ao cristianismo.
Este facto que causava a repugnância do Cardeal Rei, era também no sentido contrário, o que dava mais garantias ao Povo, pois ele não tinha pela sua ascendência maternal, qualquer ligação de interesse com a Espanha.
D. António era Infante de Portugal e tinha sido sempre um leal ao seu sobrinho D. Sebastião, tendo inclusive participado na batalha de Alcácer Quibir, onde foi feito prisioneiro e posteriormente resgatado após pagamento de uma elevada soma de dinheiro.
Expulso de Almeirim, D. António prior do Crato passa a Santarém.
No final do mês de Janeiro de 1580, morre o já há muito senil e moribundo Cardeal Rei.
Quando se anuncia a morte do Cardeal, o “espírito de Almeirim” atravessa o Tejo e o povo também.
D. António Prior do Crato é aclamado Rei em Santarém.
O povo cantou…
Viva El-rei D. Henrique
No Inferno muitos anos,
Por deixar em testamento
Portugal aos Castelhanos!
D. António avançou então para Lisboa, depois de obter esta aclamação em Santarém.
O povo de Setúbal reúne-se para apoiar o novo Rei aclamado.
No Porto, em Coimbra e em todo o Minho, o povo sai à rua para com regozijo o apoiar.
São muitos que do norte se metem ao caminho para o vir ajudar.
O povo de Lisboa recebe-o com alegria, apoio e simpatia. É também aí aclamado.
Muitos são os nobres que fogem para Espanha e apelam à intervenção de Filipe II.
Este tinha agora um motivo, para invadir Portugal.
Vir em defesa desses nobres, muito mais interessados na defesa dos benefícios e privilégios, do que em dar resposta ao nacionalismo popular.
Filipe II, envia para cercar Lisboa um enorme exército de 30.000 homens, chefiado pelo prestigiado Duque de Alba. Faz ainda sair de Málaga uma frota de cerca de 100 navios de guerra para apoiar este exército no cerco de Lisboa.
D. António prior do Crato, que não tinha tido tempo nem meios para preparar convenientemente nenhum exercito, enfrenta com um grupo de patriotas e trava com os espanhóis a batalha de Alcântara.
Ferido nessa batalha, não consegue resistir ao muito maior poderio militar dos invasores e é levado para Santo Antão do Tojal, onde se cura dos ferimentos.
Segue-se depois numa atitude de total determinação, uma longa e impressionante luta pelos seus direitos.
É uma das páginas mais dignas da história portuguesa, mas também uma das mais frustrantes.
É uma história grandiosa esta luta de D. António Prior do Crato, que deveria orgulhar todos os portugueses, mas que não é este o contexto para a contar.
Fica apenas a referência que D. António, em todos os anos em que não deu tréguas a Filipe II e com isso manteve acesa a esperança nacionalista do povo português, teve apoios significativos de Inglaterra e França, para a sua causa.
A célebre ” armada invencível” que Filipe II, enviou contra Inglaterra e que foi irremediavelmente derrotada, tem também como motivação este apoio britânico à causa de D. António Prior do Crato.
O último espaço do território nacional onde se manteve o “espírito de Almeirim”, foram os Açores e em particular a ilha Terceira, onde se travaram varias batalhas entre D. António Prior do Crato e a frota espanhola, que tudo fez para tentar evitar subjugação à corte espanhola.
Filipe II, sai vitorioso desta luta pela soberania portuguesa e quando das Cortes de Tomar, que o consagram como Rei dos portugueses, é-lhe atribuída a seguinte frase, referindo-se ai Reino de Portugal :
“Herdei-o; Comprei-o e Conquistei-o”
Portugal aos Castelhanos!
D. António avançou então para Lisboa, depois de obter esta aclamação em Santarém.
O povo de Setúbal reúne-se para apoiar o novo Rei aclamado.
No Porto, em Coimbra e em todo o Minho, o povo sai à rua para com regozijo o apoiar.
São muitos que do norte se metem ao caminho para o vir ajudar.
O povo de Lisboa recebe-o com alegria, apoio e simpatia. É também aí aclamado.
Muitos são os nobres que fogem para Espanha e apelam à intervenção de Filipe II.
Este tinha agora um motivo, para invadir Portugal.
Vir em defesa desses nobres, muito mais interessados na defesa dos benefícios e privilégios, do que em dar resposta ao nacionalismo popular.
Filipe II, envia para cercar Lisboa um enorme exército de 30.000 homens, chefiado pelo prestigiado Duque de Alba. Faz ainda sair de Málaga uma frota de cerca de 100 navios de guerra para apoiar este exército no cerco de Lisboa.
D. António prior do Crato, que não tinha tido tempo nem meios para preparar convenientemente nenhum exercito, enfrenta com um grupo de patriotas e trava com os espanhóis a batalha de Alcântara.
Ferido nessa batalha, não consegue resistir ao muito maior poderio militar dos invasores e é levado para Santo Antão do Tojal, onde se cura dos ferimentos.
Segue-se depois numa atitude de total determinação, uma longa e impressionante luta pelos seus direitos.
É uma das páginas mais dignas da história portuguesa, mas também uma das mais frustrantes.
É uma história grandiosa esta luta de D. António Prior do Crato, que deveria orgulhar todos os portugueses, mas que não é este o contexto para a contar.
Fica apenas a referência que D. António, em todos os anos em que não deu tréguas a Filipe II e com isso manteve acesa a esperança nacionalista do povo português, teve apoios significativos de Inglaterra e França, para a sua causa.
A célebre ” armada invencível” que Filipe II, enviou contra Inglaterra e que foi irremediavelmente derrotada, tem também como motivação este apoio britânico à causa de D. António Prior do Crato.
O último espaço do território nacional onde se manteve o “espírito de Almeirim”, foram os Açores e em particular a ilha Terceira, onde se travaram varias batalhas entre D. António Prior do Crato e a frota espanhola, que tudo fez para tentar evitar subjugação à corte espanhola.
Filipe II, sai vitorioso desta luta pela soberania portuguesa e quando das Cortes de Tomar, que o consagram como Rei dos portugueses, é-lhe atribuída a seguinte frase, referindo-se ai Reino de Portugal :
“Herdei-o; Comprei-o e Conquistei-o”
João de Deus morreu a 11 de Janeiro de 1896
João de Deus Nogueira Ramos
o João de Deus
(1830 - 1896)
Poeta português nascido em São Bartolomeu de Messines, no Algarve, um eminente poeta lírico, considerado à época o primeiro do seu tempo e um dos últimos nomes de expressão do romantismo luso. Foi o quarto dos catorze filhos de Pedro José dos Ramos e de Isabel Gertrudes Martins, modestos comerciantes locais, e sem recursos financeiros para aspirar a uma carreira universitária, estudou latim na sua terra natal e ingressou no Seminário de Coimbra, então o único caminho para que pobres pudessem prosseguir estudos. Convicto que não tinha vocação para a vida eclesiástica, ingressou na Universidade de Coimbra (1850) onde se formou em direito (1859), período em que paralelamente escrevia poemas que faziam sucesso nas revistas especializadas. Formado, dedicou-se mais profundamente a atividade literária e suas composições passaram a ter influência entre os poetas mais jovens, que começavam a reagir contra o que consideravam os excessos do romantismo. Seu primeiro livro de poemas foi Flores do campo (1868), que embora muito bem recebido pela crítica, não lhe proporcionou bom retorno financeiro. Interessado por problemas educacionais, propôs um método de ensino da leitura que teve grande aceitação popular e que ainda continua sendo utilizado, com a publicação de um guia de alfabetização, Cartilha maternal (1876), no mesmo ano de lançamento do conhecido Folhas soltas, que finalmente lhe trouxe o prestígio merecido e lhe trouxe extraordinária popularidade. Seu último importante sucesso foi a publicação Campo de flores (1893), uma coletânea de seus poemas líricos, epigramáticos e satíricos. Ainda em vida foi objeto das mais variadas homenagens e morreu em Lisboa, onde foi sepultado no Panteão Nacional. Passou a história da literatura portuguesa como o poeta do amor.
o João de Deus
(1830 - 1896)
Poeta português nascido em São Bartolomeu de Messines, no Algarve, um eminente poeta lírico, considerado à época o primeiro do seu tempo e um dos últimos nomes de expressão do romantismo luso. Foi o quarto dos catorze filhos de Pedro José dos Ramos e de Isabel Gertrudes Martins, modestos comerciantes locais, e sem recursos financeiros para aspirar a uma carreira universitária, estudou latim na sua terra natal e ingressou no Seminário de Coimbra, então o único caminho para que pobres pudessem prosseguir estudos. Convicto que não tinha vocação para a vida eclesiástica, ingressou na Universidade de Coimbra (1850) onde se formou em direito (1859), período em que paralelamente escrevia poemas que faziam sucesso nas revistas especializadas. Formado, dedicou-se mais profundamente a atividade literária e suas composições passaram a ter influência entre os poetas mais jovens, que começavam a reagir contra o que consideravam os excessos do romantismo. Seu primeiro livro de poemas foi Flores do campo (1868), que embora muito bem recebido pela crítica, não lhe proporcionou bom retorno financeiro. Interessado por problemas educacionais, propôs um método de ensino da leitura que teve grande aceitação popular e que ainda continua sendo utilizado, com a publicação de um guia de alfabetização, Cartilha maternal (1876), no mesmo ano de lançamento do conhecido Folhas soltas, que finalmente lhe trouxe o prestígio merecido e lhe trouxe extraordinária popularidade. Seu último importante sucesso foi a publicação Campo de flores (1893), uma coletânea de seus poemas líricos, epigramáticos e satíricos. Ainda em vida foi objeto das mais variadas homenagens e morreu em Lisboa, onde foi sepultado no Panteão Nacional. Passou a história da literatura portuguesa como o poeta do amor.
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