Previsão do Tempo

domingo, 3 de outubro de 2010

O 4 de Outubro de 1910 em Lisboa

Na noite de 4 para 5 de Outubro de 1910 eclodiu em Lisboa um movimento revolucionário, que culminaria com a proclamação da República em Portugal.  O rei D. Manuel II, que nessa noite oferecera um banquete em honra do Presidente da República do Brasil (Dr. Afonso Pena), no Palácio das Necessidades (hoje Ministério dos Negócios Estrangeiros). Foi aí que o monarca português foi surpreendido pelo inesperado acontecimento. Enquanto o ilustre visitante, assustado com o tiroteio, corria a refugiar-se no seu navio São Paulo, o rei permaneceu no palácio, procurando entrar em contacto com o seu Governo. Foi então que soube que diversos regimentos, entre eles o de Artilharia 1, tinham aderido já ao movimento. No Regimento de Infantaria 16, havia também alguns aderentes que, abrindo as portas aos civis e matando o coronel Pedro Celestino da Costa e o capitão Barros, acabaram por sair para a rua, dando vivas à república, e dirigindo-se a Artilharia 1, onde o povo também entrara. Este regimento fora o centro da revolução, que se estendia agora ao Bairro de Alcântara. Um grupo de civis, dirigiu-se para o Quartel da Marinha, quase em frente do Palácio das Necessidades, onde os marinheiros aguardavam os civis, tendo o comandante do corpo de marinheiros sido ferido, ao tentar baldadamente evitar a rebelião. Entretanto, os membros da comissão revolucionária estavam reunidos em casa de Inocêncio Camacho. A revolução estalava por todos os lados, tanto nos regimentos como na rua. Muitos civis armados batiam-se corajosamente. Do lado do Governo, tudo era indecisões, não tomando medidas concretas. Apenas o capitão Paiva Couceiro, com os seus soldados, aparecia a dar combate aos revoltosos. O tiroteio continuava, cada vez mais vivo. O Governo, desorientado, pediu pelo telefone a D. Manuel 2º que retirasse para Mafra, onde se lhe juntou, no dia seguinte, a rainha-mãe, D. Amélia de Orleans e Bragança, que estava no Palácio da Pena, em Sintra. Às duas horas da tarde, chegou a Mafra a notícia da proclamação da República em Lisboa e a constituição do governo provisório, presidido pelo Dr. Teófilo Braga. A revolução republicana triunfara. A Família Real dirigiu-se para a Ericeira e embarcou para Gibraltar onde um barco de guerra inglês os transportou até ao exílio, em  Inglaterra.
A revolução correu todo o País e, dentro em pouco, sem grandes resistências, a República era proclamada em todas as capitais de distrito.

A 4 de Outubro de 1910, tem inicio a revolução republicana em Portugal


A situação política em Portugal degradou-se a partir de 1908, tendo-se sucedido sete governos em cerca de 24 meses. Os partidos monárquicos voltaram às costumeiras questiúnculas e divisões, fragmentando-se, enquanto o partido republicano continuava a ganhar terreno. As eleições legislativas de 28 de Agosto de 1910 fizeram aumentar os deputados republicanos no parlamento para 14 deputados (9% de republicanos, contra 58 % de apoio ao Governo, e 33% do bloco da oposição), o que parece ter favorecido bastante a causa revolucionária, embora já tivesse sido tomada a decisão de tomar o poder pela via revolucionária, no Congresso de Setúbal, 24 a 25 de Abril de 1909.
Na verdade, a 4 de Outubro de 1910, começou uma revolução e no dia seguinte, 5 de Outubro deu-se a Proclamação da República em Lisboa. O Palácio das Necessidades, residência oficial do Rei, foi bombardeado, pelo que o monarca terá sido aconselhado a dirigir-se ao Palácio Nacional de Mafra, onde sua mãe, a Rainha, e a avó, a Rainha-mãe D. Maria Pia de Sabóia viriam juntar-se a ele. No dia seguinte, consumada a vitória republicana, D. Manuel II decidiu-se a embarcar na Ericeira no iate real "Amélia" com destino ao Porto.
Os oficiais a bordo terão demovido D. Manuel dessa intenção, ou raptaram-no simplesmente, levando-o para Gibraltar. A família real desembarcou em Gibraltar, recebendo-os logo a notícia de que o Porto aderira à República. O golpe de Estado estava terminado. A família real seguiu dali para o Reino Unido, onde foi recebido pelo rei Jorge V.

A 4 de Outubro de 1836, Bento Gonçalves é preso no combate da ilha do Fanfa, episódio da Guerra dos Farrapos


Bento Gonçalves decide cruzar o rio Jacuí, para unir suas tropas com as de Domingos Crescêncio, e na noite de 1° de outubro levanta acampamento e na manhã seguinte inicia, com dois pontões para 40 homens, o cruzamento para a Ilha do FanfaJosé de Araújo Ribeiro, alertado por Bento Manuel , envia a Marinha, comandada por John Grenfell no vapor Liberal, junto com 18 barcos de guerra, escunas e canhoneiras guardando o lado sul da Ilha, só percebida pelos Farrapos depois de estarem na ilha. Fechando o cerco por terra, Bento Manuel ficou senhor da situação. Era 3 de outubro de 1836.
Os farrapos resistem por três dias, sabedores da proximidade das tropas de Crescêncio de Carvalho, repelem os fuzileiros que desembarcam na ilha pela costa sul e qualquer tentativa de travessia pelo norte. A fim de evitar mais derramamento de sangue, Bento Manuel levanta a bandeira de “parlamento”. Bento Gonçalves aceita negociar. O acordo foi feito e assinado em 4 de Outubro. Os Farrapos entregariam as armas, capitulariam, e voltariam livres para suas casas. Segundo Bento Manuel a guerra estaria terminada, com a vitória do Império. Ele pacificara a Província, e receberia as glórias da Corte. Porém, Bento Gonçalves não era tão ingênuo e já havia enviado um mensageiro solicitando socorro a Neto e Canabarro.
Depois desarmar e soltar os soldados, Bento Manuel mantém os chefes presosBento GonçalvesTito Lívio, , José de Almeida Corte RealJosé CalvetOnofre Pires, entre outros.; sob o pretexto que Bento Gonçalves havia faltado com sua palavra ao enviar emissários buscando socorro. A maior parte dos líderes do movimento foi preso na Presiganga, depois enviada à Corte e por fim encarcerada na prisão de Santa Cruz e no Forte da Laje, no Rio de Janeiro.

Principais acontecimentos registados no dia 04 de Outubro

Principais acontecimentos registados no dia 04 de Outubro: "Dias  Mundiais do Animal e da arquitectura"

1539 - Assina-se o tratado de casamento entre o rei Henrique VIII de Inglaterra, e Ana de Cleves.


1742 - Nasce Franz Joseph Müller von Reichenstein, mineralogista austríaco, descobridor (creditado) do elemento químico Telúrio.


1824 - Independência da República do México.


1841 - Nasce Prudente de Morais, presidente do Brasil.


1853 - A Turquia declara guerra à Rússia.

1865 - Napoleão III e Otto Von Bismarck encontram-se em Biarritz, e o primeiro concorda com a supremacia Prussiana na Alemanha e com uma Itália unificada.

1895 - Nasce Richard Sorge, espião da União Soviética.


1897 - Morre Manuel Luís Osório, militar brasileiro, herói da Guerra do Paraguai.


1907 - Morre, em Hamburgo-Alemanha, o compositor português Alfredo Keil, autor da musica do hino nacional "a portuguesa".


1910 - Início da revolução republicana em Portugal depõe o rei D. Manuel II.


1921 - Nasce Francisco Morales Bermudez Cerruti, presidente do Peru.


1930 - Getúlio Vargas torna-se Presidente do Brasil, na sequência da revolução.


1945 - Pierre Laval, colaborador dos alemães na II Guerra Mundial, vai a tribunal em Paris-França, e executado mais tarde.


1947 - Morre Max Planck, físico alemão considerado o pai da teoria quântica.


1957 - Lançamento ao espaço do primeiro Satélite artificial, o Sputnik I.


1966 - Dia da Independência do Lesoto.


1973 - Iniciam-se as conversações de paz na Irlanda do Norte com vista a pôr fim a cinco anos de conflitos que provocaram cerca de 900 mortos.

1977 - A Primeira-Ministra indiana, Indira Gandhi, é libertada sob custódia da polícia, 24 horas após a sua detenção sob acusação de corrupção política.


1979 - O Papa João Paulo II afirma, numa audiência a Padres e religiosas em Filadélfia-EUA, que "o sacerdócio é um compromisso definitivo", não sendo, por isso, vocação para mulheres.


1980 - Representantes islâmicos de 38 nações pedem, nas Nações Unidas, a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão.


1982 - Aviões israelitas atacam posições de mísseis no Líbano.


1984 - O Senado norte-americano rejeita uma proposta para a redução gradual do apoio da sua Central de Inteligência “CIA” aos rebeldes nicaraguenses.


1985 - A organização fundamentalista islâmica "Jihad" anuncia a execução do diplomata norte-americano William Buckley, de 57 anos de idade, sequestrado em 16 de Março de 1984.
1987 - Um navio com 120 passageiros naufraga nas águas do rio Jiao (sul da China): 31 pessoas morrem e mais de 60 ficam desaparecidas.

1988 - O ex-Beatle John Lennon recebe, a título póstumo, a "estrela da fama", em Hollywood, no Estados Unidos da América.


1989 - Entra em funcionamento a "Cabopress", a primeira agência de noticias cabo-verdiana.


1991 - Os países do tratado da Antartida assinam, em Madrid-Espanha, um acordo que proíbe a exploração mineira, durante 50 anos, no último continente selvagem.


1992 - Dia da Paz e Reconciliação em Moçambique.


1993 - Forças leais a Boris Ieltsin dominam a revolta de Moscovo- Rússia desencadeada por elementos nacional-comunistas, que se haviam entrincheirado no parlamento.

1994 - Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia iniciam o processo que levaria a adesão à UE dos países de Leste.


1995 -O Papa João Paulo II inicia, em Newark, uma visita pastoral aos EUA.
         - Morre Patricia Plangman, conhecida como Patricia Highsmith, escritora norteamericana.


1997 - Morre Otto Ernst Remer, ex-general nazista.
         - Quatro integrantes da ONU são assassinados na Ruanda.



- Casamento da Infanta Cristina de Espanha com o Plebeu Inaki Urdangarin, na catedral de Barcelona.


1998 - Fernando Henrique Cardoso é reeleito Presidente do Brasil.


1999 - O Líder timorense Xanana Gusmão termina visita a Lisboa- Portugal, partindo para Bublin, e Irlanda do Norte.
     - Guerra em Kosovo: o Parlamento sérvio aceita enviar uma delegação para a França, com a finalidade de organizar a paz em           

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             Este é o ducentésimo septuagésimo sétimo dia do ano. Faltam 88 para acabar 2010.


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sábado, 2 de outubro de 2010

La Europa del Rey Sol

O absolutismo régio em Portugal.mpg

Palacio de Queluz

Palácio de Queluz - Lisboa, Portugal - Queluz Palace

Centenário da República 1910/2010




Centenário da República - 1910.2010, posted with vodpod

Os últimos anos da Monarquia




Os últimos anos da Monarquia e a Implementação ..., posted with vodpod

A 1ª República




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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

OK Go - White Knuckles - Official Video

Para ouvir e ver no fim de semana.

Thales da Costa Pan Chacon, morreu a 2 de Outubro de 1997




Thales da Costa Pan Chacon, ator, bailarino e coreógrafo nasceu em São Paulo, Capital em 23 de novembro de 1956, consagrado em várias novelas da Rede Globo, como "Fera Radical", "Meu Bem, Meu Mal", "O Salvador da Pátria" e "Olho por Olho", além das minisséries "Avenida Paulista" e "Anos Rebeldes". Na Manchete, fez "Helena". A atriz Mayara Magri formou com Thales par romântico nas novelas "Helena, Helena" e "O Salvador da Pátria". Os dois reencontraram-se em 1997, no SBT, por ocasião das gravações da novela "Os Ossos do Barão". Esta foi sua última aparição na televisão. Nos palcos, Thales participou de "Fedra", dirigido por Antônio Abujamra. O trabalho corporal do elenco e as coreografias dessa peça foram feitos pelo ator.

Thales estava trabalhando na montagem da peça "Desassossego", baseada na obra de Fernando Pessoa, e havia o projeto de um filme dirigido por Maurício Faria, em que atuaria com Fernanda Torres. O ator começou sua carreira artística como bailarino e coreógrafo e fez pequenas participações em peças teatrais. Em 1984, quando integrava o elenco de "A Chorus Line", foi convidado por seu diretor, Walter Clark, para protagonizar o filme "Eu Sei Que Vou te Amar", de Arnaldo Jabor, ao lado de Fernanda Torres. Com o filme, que obteve sucesso de público e de crítica e valeu a Fernanda o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, na França, a carreira de Pan Chacon deslanchou e vieram convites para trabalhos na televisão. Thales começou a estudar dança em 1974, ano em que entrou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, abandonada por ele em 1978. Foi aluno de Ruth Rachou. Atuou ao lado de Marilena Ansaldi em "Escuta Zé", em 1978. Ainda no cinema fez, "Luzia Homem", e os curtas "Floresta da Tijuca", "Fonte da Saudade", " A pedra ouve passar o vento" e "Diálogo de Todo dia".

No ano seguinte, foi para a Bélgica, onde aprimorou sua técnica com Maurice Béjart. Além de participar de "A Chorus Line", o ator, que preferia ser considerado um bailarino, trabalhou, em 1987, no musical "Gardel, uma Lembrança". Em 1995, estrelou "Theatro Musical Brazileiro". Ainda nos palcos, atuou nas peças "Trilogia da Louca", "O Drácula", "Descalços no Parque", "Gilda - Um Projeto de Vida" e "No Coração do Brasil". O ator foi casado com a atriz e diretora de cinema Carla Camurati e participou do filme "Carlota Joaquina, Princesa do Brazil", lançado em 1995 e dirigido por Carla. De 1993 a 1996, tempo em que ficou afastado do trabalho, Pan Chacon aproveitou para aprimorar seus conhecimentos. Lançou mão de suas economias para viajar e fazer cursos de dança. Retirado em seu sítio, aproveitou para ler e planejar a retomada da carreira, que ocorreu em 1996, quando aceitou o convite do diretor Antônio Abujamra para atuar em "Os Ossos do Barão". Gravar é sempre uma farra, dizia aos amigos. Pan Chacon tinha também o projeto de fazer, com Carla Camurati, um programa sobre culinária não-traumática. Além disso, estava ensaiando a ópera "La Serva Padrona", com estréia marcada em Belo Horizonte. O ator morreu aos 41 anos, em 2 de outubro de 1997.

Rock Hudson, morreu a 2 de Outubro de 1985

Rock Hudson (1925-1985) - Roy Harold Scherer Jr.- nasceu em Winnetka, Illinois, EUA e era filho de um mecânico de automóveis e de uma operadora telefónica, os quais se divorciaram quando ele tinha 8 anos de idade.Ao concluir o 2º Grau, trabalhou como carteiro e, durante a 2ª Guerra Mundial, serviu na Marinha como mecânico de aeronaves.Com o fim da guerra, passou a trabalhar como motorista de camião.
Em 1947, sua altura e boa aparência o levaram para o mundo do cinema, onde adoptou o nome artístico de Rock Hudson.Recebeu, então, aulas de actuação, de dança e de equitação.Seu filme de estreia foi "Fighter Squadron", de Raoul Walsh, 1948.
Até o final dos anos 60, trabalhou em mais de 40 produções cinematográficas.A partir de 1970, apareceu esporadicamente em filmes para o cinema, passando a se dedicar mais a séries para a televisão.Nesse período, seus maiores sucessos foram "McMillan and Wife" e "Dynasty".
Embora tenha sido um grande sucesso de bilheteira e um dos mais populares astros de Hollywood dos anos 50 e 60, Rock Hudson só teve uma única indicação ao Oscar, em toda a sua carreira, por conta da sua excelente actuação em "Giant", de George Stevens, 1956.
Em Novembro de 1955, casou-se com Phyllis Gates, sua fã e secretária de um influente agente de Hollywood, de quem se divorciou três anos depois.Tal casamento foi considerado por muitos como um casamento de fachada.
A imprensa começou a desconfiar de que Hudson tinha sérios problemas de saúde quando ele esteve em Carmel no início de 1985.Pouco depois, ele anunciou ser portador do vírus da Sida, vindo a morrer em Outubro do mesmo ano.Após sua morte, seu amante, Marc Christian, conseguiu na justiça o direito de ficar com sua mansão.

Marcel Duchamp - In His Own Words (Part 3)

Marcel Duchamp - In His Own Words (Part 2)

Marcel Duchamp - In His Own Words (Part 1)

Marcel Duchamp nasceu em Blainville, França, a 28 de julho de 1887, e morreu em Nova York, EUA, em 2 de outubro de 1968

Artista francês, Marcel Duchamp nasceu em Blainville, França, a 28 de julho de 1887, e morreu em Nova York, EUA, em 2 de outubro de 1968. Irmão do pintor Jacques Villon (Gastón Duchamp) e do escultor Raymond Duchamp-Villon. Freqüentou em Paris a Academie Julian, onde pinta quadros impressionistas, segundo ele, "só para ver como eles faziam isso".

Em 1911-1912 suas obras "O rei e a rainha cercados de nus" e "Nu descendo uma escada" estão na confluência entre o Cubismo e o Futurismo. São quadros simultaneistas, análises do espaço e do movimento. Mas já se destacam pelos títulos, que Duchamp pretende incorporar ao espaço mental da obra.

Entre 1913-1915 elabora os "ready-made", isto é, objetos encontrados já prontos, às vezes acrescentando detalhes, outras vezes atribuindo-lhes títulos arbitrários. O caso mais célebre é o de "Fonte", urinol de louça enviado a uma exposição em Nova York e recusado pelo comitê de seleção. Os títulos são sugestivos ou irônicos, como "Um ruído secreto" ou "Farmácia". Detalhe acrescentado em um "ready-made" célebre: uma reprodução da Gioconda, de Leonardo da Vinci, com barbicha e bigodes.

Segundo o crítico e historiador de arte Giulio Carlo Argan, os "'ready-mades' podem ser lidos como gesto gratuito, como ato de protesto dessacralizante contra o conceito 'sacro' da 'obra de arte', mas também como vontade de aceitar na esfera da arte qualquer objeto 'finito', desde que seja designado como 'arte' pelo artista".

Esses "ready-mades" escondem, na verdade, uma crítica agressiva contra a noção comum de obra de arte. Com os títulos literários, Duchamp rebelou-se contra a "arte da retina", cujos significados eram só, segundo ele, impressões visuais. Duchamp declarou preferir ser influenciado pelos escritores (Mallarmé, Laforgue, Raymond Roussel) - e não pretendia criar objetos belos ou interessantes. A crítica da obra de arte se estendia à antítese bom gosto-mau gosto.

Entre 1915 e 1923 o artista dedicou-se à sua obra principal, "O grande vidro", pintura a óleo sobre uma placa de vidro duplo dividido em duas seções. A parte superior chamou de "A noiva desnudada pelos seus celibatários, mesmo"; e a inferior, "Moinho de chocolate". Toda a obra é um pseudomaquinismo: a "noiva" é um aparato mecânico, assim como os "celibatários". Contendo vários níveis de significação, várias hipóteses foram formuladas pela crítica para descobrir o sentido de sua complicada mitologia.

Para Giulio Carlo Argan, "O grande vidro" foi desenvolvido "em torno de significados erótico-místicos, joga com a transparência do espaço, com o significado alquímico e simbólico, com o conceito de 'andrógino', inato em todos os indivíduos".


Coincidir arte e vidaApós "O grande vidro", Duchamp dedicou-se aos mecanismos ópticos - que chamou de "rotorrelevos". Em 1941 executa uma "caixa-maleta", contendo modelos reduzidos de suas obras, e, em 1943, a "Caixa verde", contendo fotos, desenhos, cálculos e notas.

A partir de 1957 vive em Nova York, dedicando-se à sua paixão pelo jogo de xadrez. Seu silêncio parece uma redução da capacidade inventiva, mas após sua morte descobre-se que o artista estivera trabalhando secretamente na construção de um "ambiente": um quarto fechado onde repousa uma figura em cera, cercada de vegetações. O ambiente só pode ser visto, por determinação do artista, por um orifício da porta.

A obra de Duchamp, reduzidíssima, foi menos obra do que uma atitude, um gesto crítico radical, mas em muitas declarações o artista recusou-se a ser visto como um destruidor. A atitude crítica de Duchamp ainda repercute, tantos anos depois de suas criações radicais.

Na opinião de Giulio Carlo Argan, "talvez a obra de Duchamp alquímica por excelência seja toda a sua vida, que serve de modelo para todas as novas vanguardas do segundo pós-guerra, do 'New Dada' às experiências de recuperação do corpo como expressão artística, na intenção de fazer coincidir arte e vida".

Alcides Maya (A. Castilho M.), jornalista, político, contista, romancista e ensaísta, nasceu em São Gabriel, RS, em 15 de outubro de 1878, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 2 de outubro de 1944.

Alcides Maia


Alcides Maya (A. Castilho M.), jornalista, político, contista, romancista e ensaísta, nasceu em São Gabriel, RS, em 15 de outubro de 1878, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 2 de outubro de 1944.. Eleito para a Cadeira n. 4, na sucessão de Aluísio Azevedo, em 6 de setembro de 1913, foi recebido pelo acadêmico Rodrigo Octavio em 21 de julho de 1914. 
Seu pai, Henrique Maya de Castilho, era funcionário federal e de origem citadina. O vínculo com o pago e o sentimento gaúcho, que marcariam a ficção do futuro escritor, vieram-lhe através da linha materna. Carlinda de Castilho Leal, sua mãe, era filha de Manoel Coelho Leal, dono da estância de Jaguari, no município de Lavras do Sul, e ainda de duas frações de campo em São Gabriel, chamadas Tarumã e Guabiju. Alcides Maya passou a infância na estância de Jaguari, cenário de muitas de suas páginas regionalistas, sobretudo no romance Ruínas vivas, que é, de certo modo, a visão nostálgica da estância avoenga. Antes de ter concluído os estudos primários, Alcides foi levado para Porto Alegre, onde fez os estudos de humanidades. Em 1895, quando contava 18 anos, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo. A sua verdadeira vocação, porém, eram as letras e o jornalismo, por isso abandonou o curso de Direito. Retornando a Porto Alegre em 1896, entregou-se à prática do jornalismo militante, atividade que ele exerceria ao longo de toda a vida. 
No jornalismo distinguiu-se sempre pela preocupação eminentemente cultural e pelo engajamento político. Iniciou em A Reforma, órgão federalista, mas logo foi "lutar ao lado dos batalhadores da República". A partir de 1897, passou a integrar a redação de A República, órgão da dissidência republicana, e chegou a ocupar a direção do jornal. Aos 19 anos estreou em livro com Pelo futuro. Seus artigos de jornal de 1898 a 1900 foram reunidos em livro sob o título de Através da imprensa. Além da vivência nas redações de jornais, teve contato, em Porto Alegre, com o celebrado polígrafo Apolinário Porto Alegre, cujo retiro da Casa Branca era "a verdadeira sede da atividade espiritual do Rio Grande". 
Em 1903, Alcides Maya fez sua primeira viagem ao Rio de Janeiro, onde seu nome já era bem conhecido. A partir de então, passou a viver e a desenvolver atividades, alternadamente, ora no Rio de Janeiro, ora em Porto Alegre. Homem de caráter e refinado esteta, era o tipo de intelectual talhado para sentir-se à vontade na capital do país. Seu gauchismo sem jaça era a expressão da autenticidade do seu nacionalismo atuante. Suas idéias anti-separatistas estão contidas no livro O Rio Grande independente. No Rio, residia numa "república de intelectuais", situada na rua das Laranjeiras, onde recebeu um dia a visita de Machado de Assis. Desde então, foi levado a entrar na intimidade do mundo machadiano. 
A partir de 1905, passou a militar na imprensa carioca, profissionalmente, colaborando em O País, O Imparcial, Correio da Manhã e Jornal do Commercio. Assinava artigos também com o pseudônimo Guys. Em 1908, voltou para Porto Alegre, levado por uma motivação bastante ambiciosa: a fundação de um matutino, o Jornal da Manhã. Durou apenas um ano, mas ficou na sua coleção uma parte valiosa do acervo jornalístico de Alcides Maya. De volta ao Rio, viveu os melhores anos de sua carreira jornalística e literária. Em 1910, publicou seu único romance, Ruínas vivas, que irá compor, com os livros de contos Tapera (1911) e Alma bárbara (1922), a sua trilogia regionalista, que reflete a poesia dos pampas, buscando no passado as raízes do seu povo. Outros grandes momentos de sua carreira deram-se em 1912, com a publicação do ensaio Machado de Assis (algumas notas sobre o humour), e, no ano seguinte, com a sua entrada na Academia Brasileira de Letras, como o primeiro rio-grandense a ter ingresso na Casa de Machado de Assis. Por essa época, era o bibliotecário do Pedagogium. 
Representou o Rio Grande do Sul na Câmara dos Deputados, no período legislativo de 1918 a 1921. Embora integrado na representação do Partido Republicano, a sua atividade parlamentar se fez sentir pela preocupação com os problemas da educação e cultura. De 1925 a 1938, residiu em Porto Alegre, com breve incursão ao Rio, decorrente de sua participação no movimento revolucionário de 30. Lá dirigiu o Museu Júlio de Castilhos, até se aposentar, e colaborou no Correio do Povo. Levado por uma inquietação de toda a vida, retornou ao Rio, onde viveu os últimos anos de sua vida (1938-1944), escrevendo para o Correio do Povo e freqüentando a Academia Brasileira de Letras quando podia. Mas sempre sentindo saudades do Rio Grande, da sua querência. Para lá voltou, cinco anos após sua morte, quando seus restos mortais foram trasladados para o Panteon Rio Grandense, em Porto Alegre. 
Obras: Pelo futuro, ensaio (1897); O Rio Grande independente, ensaio (1898); Através da imprensa (1898-1900), jornalismo (1900); Ruínas vivas, romance (1910); Tapera, contos (1911); Machados de Assis - Algumas notas sobre o humour, ensaio (1912); Crônicas e ensaios, jornalismo (1918); Alma bárbara, contos (1922); O gaúcho na legenda e na história, ensaio (1922); Lendas do Sul, folclore, publicadas na Ilustração Brasileira (1922); Romantismo e naturalismo na obra de Aluísio Azevedo (1926).

Sting - Fields Of Gold